A assembleia geral extraordinária da recuperação judicial da Saraiva Livreiros S.A. que estava marcada para esta terça-feira (10) foi suspensa pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O colegiado atendeu a um pedido da empreendedora gaúcha Alyssa Bruscato, detentora de 15,03% do capital social com direito a voto. Ela é a segunda maior acionista da rede de livrarias que está em recuperação judicial desde outubro de 2018.
Alyssa vinha tentando, sem sucesso, que a Saraiva divulgasse aos acionistas e ao mercado o inteiro teor de um contrato milionário que deu origem a um crédito de um credor pós-concursal, crédito esse que decorria de supostos êxitos alcançados em negociações ocorridas durante a recuperação judicial. Esse credor é a empresa KR Capital, ligada ao CEO da companhia, Marcos Guedes.
Diante do que consideraram falta de transparência, membros do Conselho de Administração e do Conselho Fiscal pediram que fosse feita uma auditoria nos referidos contratos, inclusive com o objetivo aferir o valor do suposto êxito alcançado. No entanto, a família Saraiva, controladora empresa, optou em não fazer. “Se esse contrato for verdadeiro e validado, é um desrespeito com os 14 mil acionistas da companhia”, enfatiza Alyssa.
“Em nenhum momento do plano de recuperação judicial da empresa esse contrato apareceu, assim como os pagamentos mensais que estão sendo feitos em meio a RJ. Centenas de credores acabaram de receber ações com deságio de 80% e lockup de três anos para conversão de forma irrevogável e irretratável de seus créditos com a Saraiva”, declara a gaúcha. “Agora querem emitir quase que a mesma quantidade de ações preferenciais que serão entregues à KR Capital, empresa ligada ao atual CEO da companhia, Marcos Guedes, sem deságio ou lockup, por serviços prestados ao longo de meses”, pondera.
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