Canela vivenciou um momento histórico na tarde desta terça-feira (9): a presença de Charles Moss Duke Jr, o décimo astronauta da agência espacial norte-americana Nasa, que teve a oportunidade de pisar na lua.
Ele esteve na inauguração do novo parque temático Space Adventure, que conta com um contrato de parceria com a instituição americana e disponibiliza um acervo de mais de 300 itens de missões espaciais.
Durante o bate-papo, Duke apresentou um pouco de sua história e as participações que teve nos projetos. Em 1969, ele foi o capcom da missão Apollo 11, ou seja, o profissional da agência espacial que se comunica de forma instantânea com os astronautas que estão no espaço.
Na ocasião, que foi transmitida por televisão ao mundo todo, sua frase: “Entendido, Base da Tranquilidade, recebemos sua mensagem do solo. Vocês fizeram um monte de caras ficarem azuis por aqui. Já podemos respirar de novo. Muito obrigado”, ficou conhecida ao responder Neil Armstrong e Buzz Aldrin, quando avisaram que pousaram na lua.
Mas foi em 1972 que ele também teve a oportunidade de sentir como era sair da espaçonave e sentir o solo rochoso lunar. Ele foi o décimo homem e a pessoa mais jovem a ter andado na lua. Na época, com 36 anos, foi piloto do Módulo Lunar Orion, na missão Apollo 16. Duke ficou três dias estacionado lá.
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Lembranças e histórias
Para Duke, um parque com grande número de objetos históricos e que traz informações não apenas do passado, mas também do futuro, apenas agregará no conhecimento que é compartilhado com o público. “Isso irá estimular muitas e muitas crianças e pais a aproveitarem e conhecerem essa grande exibição. Pode servir de inspiração para a vida profissional delas no futuro”, pontua o astronauta.
Durante cerca de 45 minutos, o ex-agente espacial contou histórias e rememorou lembranças. Entre os maiores desafios da carreira, ele conta que dos 11 dias de missão na Apollo 16, o pouso na lua foi o mais complicado.
“Nós tínhamos fotos tiradas do Apollo 14, do local onde íamos pousar. Mas a resolução das fotografias não media crateras menores de 15 metros. Cada missão pisou em um local específico e treinamos para pousar perto desta cratera grande. E quando começamos a ver as menores, isso nos surpreendeu. Tivemos que procurar um lugar para pousar e quanto mais perto chegávamos, mais manobras eram feitas. Achamos apenas quando já estávamos há 30 metros de altitude”, revela Duke.
Como dito por Charles, cada missão levou a Terra para um ponto diferente da lua. “O Apollo 11 foi como se tivesse pousado ao nível do mar. Eles foram o mais próximo do nosso, há cerca de 1,4 mil quilômetros. Mas o Apollo 16, nossa missão, pousamos em cerca de 3 mil metros de altura”, lembra.
Outra curiosidade contada diz respeito a primeira missão deles logo após terem pousado: dormir 8 horas. “Estávamos loucos para sair, mas o comando em Houston mandou dormirmos 8 horas. Mas como íamos cochilar na lua logo após pousar, queríamos já colocar os trajes. Mas dormi por 4 horas após ter que tomar um remédio para descansar. Mas era uma alegria olhar para aquele visual intocável”, afirma.
Os trajes, inclusive, também foram tema do bate-papo. A roupa utilizada fora das espaçonaves, junto da mochila de suporte de vida, pesam, na Terra, um total de 170 quilos. “Mas na lua você divide por seis. Levávamos três horas para nos vestir. Primeiro colocávamos o sistema de coleta de urina, uma fralda, e depois a roupa que liga com as mangueiras, que gela e passa pelo corpo inteiro. E por último o traje espacial. Após isso ainda passávamos por uma cabine para despressurizar e ver se não tinha vazamentos”.
A rotina
Durante a coletiva de imprensa, a reportagem do Jornal de Gramado perguntou com exclusividade ao astronauta Charles Duke sobre a rotina da equipe quando ficarem três dias pousados na lua.
Ele conta que precisavam dormir 8 horas. “Ninguém conseguia dormir 8 horas. Então após acordar, dormíamos e começávamos a nos vestir com a roupa espacial. Ninguém conseguia colocar os trajes sozinhos, ajudávamos um aos outros”, conta, onde após, então, começavam as missões e tarefas destinadas.
Primeira vez
E a sensação de ver, pela primeira vez, a Terra?
“Vi que a Terra era um círculo, vi a costa da Califórnia, o México, os montes. Aliás, não existe estrela quando estamos lá fora. O brilho do sol é tão intenso, que é tudo uma grande escuridão, uma bola preta”, frisa Duke.
Vamos de novo?
Para Charles, não há dúvidas que visitaria a lua novamente. “Se me chamassem novamente, eu iria com certeza, inclusive hoje”, brinca o astronauta.
Quando questionado sobre as viagens tripuladas de forma comercial, ele ainda acredita ser difícil estipular quando isso pode ocorrer de uma forma financeira mais em conta. “Vai depender da eficiência do fabricante e dos foguetes. Mas se formos comparar com as televisões, olha tudo o que avançou e diminuiu com o tempo”, finaliza.