MINIMIZAR RISCOS

CATÁSTROFE NO RS: Em reunião no MP, especialistas analisam soluções para o dique do Rio dos Sinos

Construído pelo Exército em 1970, o dique segura o avanço das águas do Rio do Sinos entre São Leopoldo e Novo Hamburgo, depois da enchente, a estrutura ficou fragilizada e requer uma recuperação

Publicado em: 12/05/2024 20:49
Última atualização: 12/05/2024 22:39

Representantes técnicos das prefeituras de Novo Hamburgo e São Leopoldo, e promotores do Ministério Público (MP) das duas cidades estiveram reunidos com especialistas do Instituto Militar de Engenharia (IME), no sábado (11), quando foram projetadas ações para a reconstrução do dique no limite dos dois municípios.


Caminhões sobre o dique no bairro Santo Afonso Foto: Dário Gonçalves/GES-Especial

A estrutura - construída pelo Exército na década de 1970 - que protege do avanço das águas do Rio dos Sinos sofreu transbordo. O encontro, que ocorreu no MP de Novo Hamburgo, também contou com a presença do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado do Rio Grande do Sul (Crea/RS) e de professores de engenharia.

Os especialistas do Instituto Militar de Engenharia (IME) - entre eles a professora de pós-graduação Maria Esther Soares Marques, especialista em Geotecnia e que atou na empresa que construiu o dique - sediada no Rio de Janeiro, que vieram a Novo Hamburgo a pedido da prefeita Fatima Daudt. A equipe técnica do IME chegou sexta-feira, analisou a situação e fez alertas e sugestões.


Reunião sobre o dique em NH Foto: Divulgação/PMNH

Apontamentos feitos sobre o dique do Rio dos Sinos

Entre o pontos repassados na reunião com o MP, alertaram para a fragilidade do dique e o grande risco de se utilizar sua crista como caminho de trânsito pesado para chegar próximo da casa de bombas, na Santo Afonso - para ações no dique, na área de São Leopoldo.

Conforme eles, a obra que está sendo feita agora por São Leopoldo não possibilita o retorno a curto prazo das famílias, pois requer o bombeamento das águas com bombas flutuantes. Citaram ainda as águas do Arroio Gauchinho e as chuvas.

Prefeita Fatima manifesta preocupação 

Dizendo-se preocupada com as infiltrações, Fatima pede que haja uma união de esforços para agir com rapidez e responsabilidade. "Nós temos que agir de forma responsável, a decisão de continuar ou não esses trabalhos (que estão sendo feitos por São Leopoldo) é do Ministério Público e isso ainda não foi nos passado. Eu fiz aquilo que considero que seja responsável. Não é uma obra rápida, não é uma obra de uma semana, é uma operação que requer tempo", declarou Fatima à Rádio ABC 103.3 FM na tarde deste domingo (12).

Vila Palmeira é impactada diretamente pelo dique

Conforme a prefeita de Novo Hamburgo, há 15 mil pessoas no bairro Santo Afonso - Vila Palmeira - diretamente impactadas pelo dique e em algum momento precisarão voltar com segurança para casa. Número semelhante, ou maior, em São Leopoldo.

"Estamos lidando com vidas. Precisamos pensar na segurança das pessoas. Por isso, é preciso que os técnicos das duas prefeituras trabalhem juntos nesta questão do dique", enfatizou Fatima.

Na madrugada, início da manhã de sexta-feira, 3 de maio, a Prefeitura de Novo Hamburgo alertou moradores com carros de som para que deixassem as suas casas na Vila Palmeira. Milhares conseguiram sair antes que a água subisse.

"A população não pode ficar esperando", diz Vanazzi

Também à Rádio ABC, o prefeito de São Leopoldo, Ary Vanazzi, enfatizou a urgência das obras emergenciais no dique para conter as cheias. De acordo com ele, todos os documentos oficiais do dique estão disponíveis nos arquivos municipais, e as obras emergenciais são embasadas neles com o objetivo garantir a segurança estrutural sem causar danos à sua integridade.

"Eu não posso não fazer essas obras emergenciais, porque se eu não faço, nós vamos ficar 60 dias com essa água (...). Não tem outra alternativa, a população não pode ficar esperando um estudo técnico, detalhamento… são obras emergenciais", relatou.

Vanazzi disse que, após a contenção emergencial, serão realizados estudos técnicos detalhados para desenvolver projetos mais estruturados e permanentes. Isso incluirá elevar a altura do dique e melhorar sua base, medidas que demandarão recursos e tempo para implementação. "Agora, o que estamos fazendo é resolvendo um problema urgente para retirar a água que não tem para onde sair", complementou.

Caminho emergencial seria aterrar algumas partes

No encontro, especialistas indicaram que o adequado seria construir um caminho emergencial até o local, a exemplo do que foi feito na BR-116. O consenso entre todos os técnicos foi de aproveitar cotas mais altas de algumas ruas da Vila Palmeira e aterrar partes necessárias na construção de uma rampa para chegar até o dique junto à Casa de Bombas.

Com isso, os caminhões carregados circulariam pela rampa e retornariam vazios pela crista do dique. Entre as ruas a serem utilizadas para isso estão a Leopoldo Wasum e a Hugo Erni Feltes.

 

 

 

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