KISS 10 ANOS
Em meio à tragédia da Boate Kiss, a voluntária que ensinou outros voluntários
Psicóloga de Novo Hamburgo, Marina Gusmão foi até Santa Maria no dia seguinte à tragédia e encontrou um cenário de muita solidariedade
Última atualização: 22/01/2024 09:27
Nesta sexta-feira (27), a tragédia da boate Kiss completa sua primeira década. Nesses 10 anos, familiares e amigos lutam para manter viva a memória dos entes queridos perdidos entre as 242 vítimas naquela que foi a maior tragédia do Estado e uma das maiores da história do país. Desde então, vigílias e protestos fazem parte das rotinas de Santa Maria, cidade onde a boate ficava localizada. Hoje, o Jornal NH começa a relembrar algumas das histórias que aconteceram naqueles dias.Logo após a notícia das mortes ganhar os noticiários do Rio Grande do Sul e do país, Santa Maria começou a receber inúmeros voluntários dispostos a ajudar famílias e profissionais que atuavam na cidade. Natural e ainda moradora de Novo Hamburgo, a psicóloga Marina Gusmão foi uma das pessoas que se dirigiu à cidade nos primeiros dias após a tragédia. Na cidade da região Central encontrou pessoas que em meio a tristeza daqueles dias se dispunham colaborar com os familiares das vítimas. “Vimos um nível de cooperação muito grande, não parava de chegar gente querendo ajudar”, lembra.
Porém, a disponibilidade em colaborar com buscas e no conforto dos familiares esbarrava em uma desorganização em meio à tragédia. Convidada para dar suporte em parceria com a Força Aérea Brasileira (FAB), Marina lembra que seu trabalho acabou sendo focado não em atender familiares das vítimas ou mesmo os profissionais e voluntários envolvidos nas buscas. Naquele momento, o objetivo era treinar outros psicólogos e mesmo estudantes para que pudessem fazer o atendimento direto. “Muitas das pessoas que estavam se voluntariando lá viravam a noite sem tomar banho, sem se alimentar, tentando salvar quem pudesse”, lembra.
O forte sentimento de altruísmo contrastava com a falta de organização dos voluntários, foi por isso que a equipe de Marina decidiu atender quem já estava ajudando. Uma das preocupações era que esses voluntários pudessem atuar para evitar o desenvolvimento de estresse pós-traumático. “A gente queria prevenir isso, então eram orientações básicas, ter um cuidado com sono, alimentação, poder conversar abertamente e livremente sobre o que estava sentindo.” Para isso, eles organizaram um curso rápido no qual treinavam o maior número de voluntários possível.
Cuidado dos voluntários
Os treinamentos serviam para atender também aos próprios voluntários, que assim como ela, ficaram expostos a situações que poderiam ser traumáticas. “A gente voltou no avião no meio de pessoas que estavam em situação de UTI, viemos no meio de pessoas gravemente feridas transferidas para Porto Alegre para tentar serem salvas”, lembra.
Impactante
Uma década depois dos acontecimentos, Marina descreve os três dias como um dos mais marcantes da sua vida. “Foi muito impactante e importante na nossa vida pessoal e profissional, foi muito dolorido e ao mesmo tempo me deu muito orgulho de saber que pude deixar minha marca de colaboração. “Em termos do efeito multiplicador que teve esse trabalho, me traz muito orgulho, gratidão de alguma maneira deixar uma marca.”
Nesta sexta-feira (27), a tragédia da boate Kiss completa sua primeira década. Nesses 10 anos, familiares e amigos lutam para manter viva a memória dos entes queridos perdidos entre as 242 vítimas naquela que foi a maior tragédia do Estado e uma das maiores da história do país. Desde então, vigílias e protestos fazem parte das rotinas de Santa Maria, cidade onde a boate ficava localizada. Hoje, o Jornal NH começa a relembrar algumas das histórias que aconteceram naqueles dias.Logo após a notícia das mortes ganhar os noticiários do Rio Grande do Sul e do país, Santa Maria começou a receber inúmeros voluntários dispostos a ajudar famílias e profissionais que atuavam na cidade. Natural e ainda moradora de Novo Hamburgo, a psicóloga Marina Gusmão foi uma das pessoas que se dirigiu à cidade nos primeiros dias após a tragédia. Na cidade da região Central encontrou pessoas que em meio a tristeza daqueles dias se dispunham colaborar com os familiares das vítimas. “Vimos um nível de cooperação muito grande, não parava de chegar gente querendo ajudar”, lembra.
Porém, a disponibilidade em colaborar com buscas e no conforto dos familiares esbarrava em uma desorganização em meio à tragédia. Convidada para dar suporte em parceria com a Força Aérea Brasileira (FAB), Marina lembra que seu trabalho acabou sendo focado não em atender familiares das vítimas ou mesmo os profissionais e voluntários envolvidos nas buscas. Naquele momento, o objetivo era treinar outros psicólogos e mesmo estudantes para que pudessem fazer o atendimento direto. “Muitas das pessoas que estavam se voluntariando lá viravam a noite sem tomar banho, sem se alimentar, tentando salvar quem pudesse”, lembra.
O forte sentimento de altruísmo contrastava com a falta de organização dos voluntários, foi por isso que a equipe de Marina decidiu atender quem já estava ajudando. Uma das preocupações era que esses voluntários pudessem atuar para evitar o desenvolvimento de estresse pós-traumático. “A gente queria prevenir isso, então eram orientações básicas, ter um cuidado com sono, alimentação, poder conversar abertamente e livremente sobre o que estava sentindo.” Para isso, eles organizaram um curso rápido no qual treinavam o maior número de voluntários possível.
Cuidado dos voluntários
Os treinamentos serviam para atender também aos próprios voluntários, que assim como ela, ficaram expostos a situações que poderiam ser traumáticas. “A gente voltou no avião no meio de pessoas que estavam em situação de UTI, viemos no meio de pessoas gravemente feridas transferidas para Porto Alegre para tentar serem salvas”, lembra.
Impactante
Uma década depois dos acontecimentos, Marina descreve os três dias como um dos mais marcantes da sua vida. “Foi muito impactante e importante na nossa vida pessoal e profissional, foi muito dolorido e ao mesmo tempo me deu muito orgulho de saber que pude deixar minha marca de colaboração. “Em termos do efeito multiplicador que teve esse trabalho, me traz muito orgulho, gratidão de alguma maneira deixar uma marca.”