Além de informar e contextualizar o que acontece na esquina ou no outro lado do mundo, é papel do bom jornalismo mostrar problemas e provocar soluções. Por trás dos conteúdos que mostram as fortalezas e as fraquezas de uma região, há pessoas que dedicam a vida à construção de pontes e mediação de conflitos em busca do bem comum. E não por acaso, a trajetória dessas raras figuras acaba se confundindo com a história de suas comunidades.
Com lançamento marcado para a próxima terça-feira (19), em Novo Hamburgo, o livro “Mário Gusmão – Revisitando o passado e o presente” reúne as memórias do jornalista que, ao lado do irmão Paulo Sérgio, construiu o que é reconhecido como um dos principais grupos de comunicação do País fora das capitais. As histórias de Gusmão, do Grupo Sinos, da região e da liberdade de expressão no País perpassam toda a obra de autoria de Anete Amorim Pezzini.
Professora aposentada da Unisinos e escritora, Anete conta que o livro começou a ser preparado em meados de 2019. “Repassa a trajetória de Mário Gusmão desde a infância, passando pelo adolescente que começou a trabalhar muito cedo, serviu ao Exército e que, aos 21 anos, ao lado do irmão de 33, criou um jornal que logo se transformou em um importante grupo de comunicação. Revisita o empresário, o jornalista, o pai de família, o amigo e especialmente o cidadão de posicionamentos claros e muito trabalho em busca de uma sociedade melhor”, resume.
Autora do livro “Maria Emilia de Paula, a primeira prefeita do Rio Grande do Sul”, Anete não tem dúvidas de que Mário Gusmão preserva o exemplo de espírito comunitário pelo qual sua mãe é reconhecida até hoje. “É um dos maiores líderes que o Vale do Sinos tem. Sério, conciliador e preocupado com o próximo, a exemplo de sua mãe Maria Emilia”, destaca Anete Amorim Pezzini.
“Livro é um agradecimento a nossa comunidade”, diz Gusmão
Reunir em um livro suas anotações, lembranças e mais de 60 fotografias históricas é um projeto antigo de Mário Gusmão que agora se torna realidade. “São dois os objetivos deste trabalho: deixar relatos e informações que podem ser úteis no futuro e um agradecimento a nossa comunidade pelo apoio que sempre recebi e me esforcei para retribuir”, resume o senhor que, na capa do livro, aparece sorridente com um exemplar do “Jornal na Sala de Aula” em mãos.
A educação sempre foi uma bandeira de Gusmão e do Grupo Sinos. “É o caminho para um futuro melhor”, afirma. Além da família e dos negócios, o jornalista sempre participou de ações comunitárias e institucionais. No fim dos anos 1950 foi um dos fundadores da Associação dos Jornais do Interior do RS (Adjori), que anos mais tarde serviria de modelo para a Associação Brasileira de Jornais do Interior (Abrajori).
Papel emprestado para a Folha de S.Paulo
Em 1980 Gusmão passou a integrar a Associação Nacional de Jornais (ANJ), entidade da qual é vice-presidente. Viajou o Brasil e o mundo para conhecer modelos de jornais e defender a liberdade de expressão. Logo tornou-se voz ativa também na Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) e na Associação Mundial de Jornais (Fiej/WAN). O livro conta, entre outros, o episódio em que o Grupo Sinos emprestou parte de seu estoque de papel para a Folha de S.Paulo, à época o jornal com maior tiragem do País, com 1 milhão de exemplares aos domingos.
Causas comunitárias ocupam maior capítulo do livro
O maior capítulo é dedicado ao envolvimento em ações comunitárias. Ainda jovem, em 1959, Mário e o irmão Paulo Sérgio foram decisivos para a criação da Associação dos Municípios do Vale do Sinos. Depois veio a criação da Feira Nacional do Calçado (Fenac), o “raid” para divulgar o calçado gaúcho e a mobilização pelas exportações calçadistas. Há também um relato detalhado da criação da Associação Pró-Ensino Superior de Novo Hamburgo, que foi o início da atual Universidade Feevale.
No livro, Gusmão conta detalhes e bastidores de mobilizações que resultaram em melhorias na telefonia de São Leopoldo e na implantação do sistema automático em Novo Hamburgo, na extensão do trensurb e em melhorias na mobilidade regional. Gusmão foi o principal líder da criação da Comusa. Descreve também como foi ter sua ideia de transformar 1999 no Ano Internacional da Cultura da Paz aprovada pela ONU.
Que história é essa de nova lei do tênis?
Mas nem só de trabalho vive o homem. O livro relembra, por exemplo, o gosto de Gusmão pelas partidas de tênis. Em tom de brincadeira com adversários amadores, criou a “nova lei do tênis”. “Pode, como no basquete, pedir tempo quantas vezes desejar, sempre que ‘por injustiça’ estiver atrás no placar”, diz. Outra história contada em detalhes é a viagem, literalmente, ao “reduto da Legalidade”, em 1961.
Religiosidade, cultura, viagens e trechos de seus principais posicionamentos completam a obra. O jornalista tem posições fortes, como a opinião contrária às condições fixadas na dívida do Estado com a União, onde mesmo já tendo pago o valor corrigido, ainda resta saldar importância superior a existente na inicial.
Dinheiro da venda do livro será revertido para projeto social
A ação de lançamento do livro simboliza o envolvimento comunitário de Mário Gusmão, que aos 87 anos dedica parte do tempo a projetos sociais. Ao lado de parceiros, está iniciando uma ação em prol do bairro Roselândia, em Novo Hamburgo. Toda a renda com a venda do livro será revertida para o projeto que visa aumentar a autoestima e melhorar a infraestrutura da comunidade.
Cada exemplar custa 70 reais, valor que é integralmente destinado à conta da Fundação Semear e será aplicado no projeto do bairro. O pagamento é feito exclusivamente pelo PIX da Fundação Semear, que é o e-mail semear@fundacaosemear.org.br. Neste mesmo PIX é possível fazer doações ao projeto da Roselândia.
Na próxima terça-feira (19), dia em que o Jornal NH completa 64 anos, ocorrem duas sessões de autógrafo na sede da empresa – ambas abertas ao público. Uma está marcada para entre 9h e 11h30 e outra para entre 14h e 17h30. O acesso é pela portaria principal do Grupo Sinos, na Rua Jornal NH, 99, bairro Ideal, Novo Hamburgo.
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