POLÍTICA
Em entrevista, Vanazzi fala sobre prioridades junto ao Conselho da Federação
Prefeito de São Leopoldo é membro do novo colegiado criado pelo governo federal
Última atualização: 06/03/2024 12:12
Em sua terceira gestão à frente da Associação Brasileira dos Municípios (ABM), para o qual foi reeleito no fim de março, o prefeito de São Leopoldo, Ary Vanazzi (PT), comemora a criação do Conselho da Federação como espaço para a construção de políticas públicas pelo desenvolvimento econômico sustentável e redução das desigualdades.
O colegiado criado pelo governo federal será conduzido pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com a participação também do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), dos ministros da Casa Civil e da Secretaria de Relações Institucionais, além de outros dois a serem designados, seis governadores e seis prefeitos, sendo dois representantes da ABM.
Em entrevista exclusiva, Vanazzi aponta as prioridades de sua gestão na entidade municipalista e destaca a importância desse conselho, a prorrogação da lei das licitações e o exemplo de São Leopoldo como berço da imigração alemã, além de comemorar a retomada do programa Mais Médicos.
"Não é apenas um debate pontual sobre ter mais dinheiro e mais programas, mas que mais nós queremos e para onde nós vamos", aponta o prefeito, reiterando a importância de se implementar políticas duradouras de estado, não de governo, para que o "País volte a ser a potência que era em 2013 e 2014, no auge das políticas públicas, sociais e econômicas".
Entrevista com Ary Vanazzi, presidente da ABM
Grupo Sinos - Qual será o principal tema da sua gestão?
Ary Vanazzi - Com a volta do presidente Lula à presidência da República, houve uma retomada do diálogo federativa entre o governo federal, os Estados e os municípios. A importância desse momento político foi a criação do Conselho da Federação, onde a ABM faz parte e eu a represento neste fórum, que vai discutir todos os grandes temas, desde a reforma tributária, políticas sociais, enfrentamento à violência. Nós temos um papel estratégico no fortalecimento do municipalismo, ampliação da participação dos municípios no orçamento da União e a construção de políticas estruturais no País.
Grupo Sinos - A prorrogação da lei das licitações foi comemorada pela ABM. Em que isso ajuda os municípios?
Vanazzi - A Lei das Licitações foi uma construção que nós, municípios, fizemos. A lei 866 estava esgotada pelas mudanças estruturais e jurídicas que o País teve. Então aquele modelo de lei e modalidade de licitações já não comportava mais. Então, a remodelação da lei também requer uma preparação dos municípios através dos seus servidores, de toda a sua estrutura de gestão e administração, uma preparação para que isso possa ir acontecendo. A transição da 866 para a nova legislação ficou um período muito curto de um ano. Então a prorrogação dela permite que a gente prepare melhor a nossa estrutura administrativa e os nossos funcionários para que a gente possa se adequar a essa nova modalidade.
Grupo Sinos - São Leopoldo é berço da imigração alemã. A cidade pode ser exemplo em relação à migração e imigração?
Vanazzi - A cidade de São Leopoldo é exemplo, inclusive na União Europeia, nos projetos que nós temos com algumas entidades internacionais e já recebemos selos de cidades que têm tratado, cuidado e dando apoio eficiente a todos os imigrantes, principalmente os que são oriundos dos países do continente africano. Temos tido o trabalho de acompanhamento, de formação, de línguas, de aprender o português, acompanhar para que eles possam ter moradia e acesso à saúde.
Somos uma das poucas cidades do Brasil que receberam selo da Organização Internacional das Migrações (OIM), por acompanhamento, responsabilidade, seriedade e solidariedade. São Leopoldo ao longo de sua história recebeu os primeiros alemães e continua sendo solidária. Sobre os 200 anos, a cidade sempre será berço da imigração alemã, com as suas características, seus avanços e suas mudanças. Nós temos uma cidade que cresce e mantém seus referenciais. Temos o principal museu da imigração alemã no Brasil, nosso Museu Visconde de São Leopoldo.
Temos um trabalho muito importante do comitê que está construindo a cidade que queremos em 2024, os avanços tecnológicos, econômicos, da saúde, da educação. Temos um trabalho intenso. E a partir daqui, a construção regional de um debate sobre a importância dos alemães no desenvolvimento da Grande São Leopoldo do século passado e dos anos 1800. O que nós queremos mesmo é que a cidade compreenda, entenda a sua própria história e a partir desse povo a gente possa crescer com mais solidez, solidariedade e eficácia.
Grupo Sinos - O programa Mais Médicos surgiu a partir de uma demanda da ABM. Que outros encaminhamentos da entidade podem vir a contribuir com a saúde pública?
Vanazzi - A ABM entrou nesse debate quando o governo Bolsonaro extinguiu o Mais Médicos, que foi uma tragédia para os municípios brasileiros. Foram mais de 15 mil profissionais mandados embora do País e eram os únicos profissionais que nós tínhamos nas áreas mais pobres das cidades e nos municípios pequenos. Foi um crime que o governo Bolsonaro cometeu. Estamos tendo problemas na área da saúde até hoje por causa do fim desse programa.
A partir dessa decisão irresponsável do governo anterior, a ABM montou uma pauta e discutiu com os municípios brasileiros e entidades da saúde para retomar o debate. Apresentamos a proposta no governo anterior. Com a chegada do Lula ao governo, ele assumiu essa pauta, que estava na sua demanda. Hoje somos uma associação municipalista que se realizou.
Grupo Sinos - Em que o conselho da federação pode contribuir com os rumos do governo federal?
Vanazzi - Quem escreveu a proposta do conselho fomos nós da ABM. Hoje é um instrumento que vai ampliar a participação dos municípios na receita federal, buscar a construção de políticas estruturais com muito mais eficácia e retomar investimentos públicos. Nós, da federação, teremos um debate estratégico. Não é apenas um debate pontual sobre ter mais dinheiro e mais programas, mas que mais nós queremos e para onde nós vamos.
Em sua terceira gestão à frente da Associação Brasileira dos Municípios (ABM), para o qual foi reeleito no fim de março, o prefeito de São Leopoldo, Ary Vanazzi (PT), comemora a criação do Conselho da Federação como espaço para a construção de políticas públicas pelo desenvolvimento econômico sustentável e redução das desigualdades.
O colegiado criado pelo governo federal será conduzido pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com a participação também do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), dos ministros da Casa Civil e da Secretaria de Relações Institucionais, além de outros dois a serem designados, seis governadores e seis prefeitos, sendo dois representantes da ABM.
Em entrevista exclusiva, Vanazzi aponta as prioridades de sua gestão na entidade municipalista e destaca a importância desse conselho, a prorrogação da lei das licitações e o exemplo de São Leopoldo como berço da imigração alemã, além de comemorar a retomada do programa Mais Médicos.
"Não é apenas um debate pontual sobre ter mais dinheiro e mais programas, mas que mais nós queremos e para onde nós vamos", aponta o prefeito, reiterando a importância de se implementar políticas duradouras de estado, não de governo, para que o "País volte a ser a potência que era em 2013 e 2014, no auge das políticas públicas, sociais e econômicas".
Entrevista com Ary Vanazzi, presidente da ABM
Grupo Sinos - Qual será o principal tema da sua gestão?
Ary Vanazzi - Com a volta do presidente Lula à presidência da República, houve uma retomada do diálogo federativa entre o governo federal, os Estados e os municípios. A importância desse momento político foi a criação do Conselho da Federação, onde a ABM faz parte e eu a represento neste fórum, que vai discutir todos os grandes temas, desde a reforma tributária, políticas sociais, enfrentamento à violência. Nós temos um papel estratégico no fortalecimento do municipalismo, ampliação da participação dos municípios no orçamento da União e a construção de políticas estruturais no País.
Grupo Sinos - A prorrogação da lei das licitações foi comemorada pela ABM. Em que isso ajuda os municípios?
Vanazzi - A Lei das Licitações foi uma construção que nós, municípios, fizemos. A lei 866 estava esgotada pelas mudanças estruturais e jurídicas que o País teve. Então aquele modelo de lei e modalidade de licitações já não comportava mais. Então, a remodelação da lei também requer uma preparação dos municípios através dos seus servidores, de toda a sua estrutura de gestão e administração, uma preparação para que isso possa ir acontecendo. A transição da 866 para a nova legislação ficou um período muito curto de um ano. Então a prorrogação dela permite que a gente prepare melhor a nossa estrutura administrativa e os nossos funcionários para que a gente possa se adequar a essa nova modalidade.
Grupo Sinos - São Leopoldo é berço da imigração alemã. A cidade pode ser exemplo em relação à migração e imigração?
Vanazzi - A cidade de São Leopoldo é exemplo, inclusive na União Europeia, nos projetos que nós temos com algumas entidades internacionais e já recebemos selos de cidades que têm tratado, cuidado e dando apoio eficiente a todos os imigrantes, principalmente os que são oriundos dos países do continente africano. Temos tido o trabalho de acompanhamento, de formação, de línguas, de aprender o português, acompanhar para que eles possam ter moradia e acesso à saúde.
Somos uma das poucas cidades do Brasil que receberam selo da Organização Internacional das Migrações (OIM), por acompanhamento, responsabilidade, seriedade e solidariedade. São Leopoldo ao longo de sua história recebeu os primeiros alemães e continua sendo solidária. Sobre os 200 anos, a cidade sempre será berço da imigração alemã, com as suas características, seus avanços e suas mudanças. Nós temos uma cidade que cresce e mantém seus referenciais. Temos o principal museu da imigração alemã no Brasil, nosso Museu Visconde de São Leopoldo.
Temos um trabalho muito importante do comitê que está construindo a cidade que queremos em 2024, os avanços tecnológicos, econômicos, da saúde, da educação. Temos um trabalho intenso. E a partir daqui, a construção regional de um debate sobre a importância dos alemães no desenvolvimento da Grande São Leopoldo do século passado e dos anos 1800. O que nós queremos mesmo é que a cidade compreenda, entenda a sua própria história e a partir desse povo a gente possa crescer com mais solidez, solidariedade e eficácia.
Grupo Sinos - O programa Mais Médicos surgiu a partir de uma demanda da ABM. Que outros encaminhamentos da entidade podem vir a contribuir com a saúde pública?
Vanazzi - A ABM entrou nesse debate quando o governo Bolsonaro extinguiu o Mais Médicos, que foi uma tragédia para os municípios brasileiros. Foram mais de 15 mil profissionais mandados embora do País e eram os únicos profissionais que nós tínhamos nas áreas mais pobres das cidades e nos municípios pequenos. Foi um crime que o governo Bolsonaro cometeu. Estamos tendo problemas na área da saúde até hoje por causa do fim desse programa.
A partir dessa decisão irresponsável do governo anterior, a ABM montou uma pauta e discutiu com os municípios brasileiros e entidades da saúde para retomar o debate. Apresentamos a proposta no governo anterior. Com a chegada do Lula ao governo, ele assumiu essa pauta, que estava na sua demanda. Hoje somos uma associação municipalista que se realizou.
Grupo Sinos - Em que o conselho da federação pode contribuir com os rumos do governo federal?
Vanazzi - Quem escreveu a proposta do conselho fomos nós da ABM. Hoje é um instrumento que vai ampliar a participação dos municípios na receita federal, buscar a construção de políticas estruturais com muito mais eficácia e retomar investimentos públicos. Nós, da federação, teremos um debate estratégico. Não é apenas um debate pontual sobre ter mais dinheiro e mais programas, mas que mais nós queremos e para onde nós vamos.