FINANÇAS
Em Canoas, Procon realiza ações de apoio à população superendividada
"O jeito é negociar com os credores", sugere economista
Última atualização: 18/01/2024 09:57
Concretizar o sonho da casa própria, fazer uma viagem internacional, abrir a própria empresa. Com o início de um novo ano, muitas são as expectativas que movimentam pessoas no mundo todo. Mas para quem começa o ano superendividado, a meta mesmo é sair do vermelho.
Morador de Canoas, o aposentado de 67 anos, que preferiu não se identificar, relata que passou as noites dos últimos 10 meses em claro, preocupado com as dívidas que contraiu ao comprometer o salário com o pagamento de um empréstimo que fez para ajudar um filho que se acidentou de carro.
"Não desejo a ninguém. Foram dias de angústia, e noites sem dormir. Trabalhei desde meus 10 anos de idade para ajudar meus pais, e me aposentei com um salário mínimo. Sempre paguei minhas contas em dia e agora, depois de velho, passei esse vexame", desabafou.
O canoense explicou que o filho se acidentou de carro, perdeu o veículo que não possuía seguro, e ainda ficou impossibilitado de retornar ao trabalho.
"A saída foi recorrer a um empréstimo para ajudar ele. Mas aí ele não conseguiu pagar e eu fiquei endividado. Só tinha dinheiro para pagar as continhas da casa e comprar meus remédios. Graças a Deus, meu filho se recuperou e agora está pagando a dívida que tive que renegociar", explicou.
Cenário inóspito
Para o economista Marcel Jaroski Barbosa, situações como a do canoense, infelizmente, estão mais comuns do que se pode imaginar. Em parte por falta de gestão do orçamento familiar mas, na maioria dos casos, pelo que Barbosa classificou como cenário inóspito.
"Precisamos considerar que, nos últimos quatro anos, a renda real ficou estagnada; e a inflação alta. O contexto penalizou o poder de compra dos trabalhadores.
Acordo deve ser equalizável no orçamento
Conforme orienta Barbosa, para evitar o endividamento, o ideal é que o consumidor se organize ao longo do ano, criando uma espécie de caixa extra, uma reserva para cobrir eventuais despesas extras, impostos e imprevistos, tais como despesas médicas, reparos em casa e manutenção do automóvel, por exemplo.
"Embora parte dos trabalhadores tenha carteira assinada e conte com valores como o 13º salário, por exemplo, o início de ano é sempre desgastante. Tem impostos, material escolar, uma série de despesas extras que impactam no orçamento, especialmente se não se pode contar com uma provisão que cubra estes valores".
E para quem entrou o ano no vermelho, o economista destaca que a primeira medida é contatar os credores para renegociar as dívidas.
Aposentados e mulheres são maioria no NAS
Conforme o Procon de Canoas, grande parte das pessoas atendidas pelo Núcleo de Apoio ao Superendividado (NAS) é formada por beneficiários do INSS, que possuem renda de um salário mínimo; e a maioria é de mulheres provedoras das suas residências e com múltiplas questões sociais.
A diretora do órgão, Taís Marques, explica que o perfil do consumidor é de um devedor ocasional: "Aquele que normalmente paga suas contas em dia e que, devido a alguma ocasião inesperada, não tem condições de honrar com suas contas".
Falta de informação sobre o sistema bancário em geral, bem como sobre produtos financeiros, falta de educação financeira e de planejamento da renda para o presente e para o futuro também é apontada como motivos que influenciam no endividamento da população.
Nesta semana, o Procon realizou a primeira audiência do ano, do NAS, em apoio à população superendividada.
Para acessar os serviços, é preciso comparecer no Procon com RG e CPF, comprovante de residência, comprovante de renda individual e familiar, comprovantes de despesa, demonstrativos de dívidas.
Além do Procon, a Defensoria Pública Estadual promove um mutirão para atender a população superendividada no estado, e nesta semana divulgou que identificou pelo menos 100 casos de pessoas que aguardam para renegociar dívidas já executadas no Rio Grande do Sul.
Nos casos que chegaram até a Defensoria, os assistidos têm, em média, 8 credores, mas alguns chegam a ter quase o dobro desse número.
Concretizar o sonho da casa própria, fazer uma viagem internacional, abrir a própria empresa. Com o início de um novo ano, muitas são as expectativas que movimentam pessoas no mundo todo. Mas para quem começa o ano superendividado, a meta mesmo é sair do vermelho.
Morador de Canoas, o aposentado de 67 anos, que preferiu não se identificar, relata que passou as noites dos últimos 10 meses em claro, preocupado com as dívidas que contraiu ao comprometer o salário com o pagamento de um empréstimo que fez para ajudar um filho que se acidentou de carro.
"Não desejo a ninguém. Foram dias de angústia, e noites sem dormir. Trabalhei desde meus 10 anos de idade para ajudar meus pais, e me aposentei com um salário mínimo. Sempre paguei minhas contas em dia e agora, depois de velho, passei esse vexame", desabafou.
O canoense explicou que o filho se acidentou de carro, perdeu o veículo que não possuía seguro, e ainda ficou impossibilitado de retornar ao trabalho.
"A saída foi recorrer a um empréstimo para ajudar ele. Mas aí ele não conseguiu pagar e eu fiquei endividado. Só tinha dinheiro para pagar as continhas da casa e comprar meus remédios. Graças a Deus, meu filho se recuperou e agora está pagando a dívida que tive que renegociar", explicou.
Cenário inóspito
Para o economista Marcel Jaroski Barbosa, situações como a do canoense, infelizmente, estão mais comuns do que se pode imaginar. Em parte por falta de gestão do orçamento familiar mas, na maioria dos casos, pelo que Barbosa classificou como cenário inóspito.
"Precisamos considerar que, nos últimos quatro anos, a renda real ficou estagnada; e a inflação alta. O contexto penalizou o poder de compra dos trabalhadores.
Acordo deve ser equalizável no orçamento
Conforme orienta Barbosa, para evitar o endividamento, o ideal é que o consumidor se organize ao longo do ano, criando uma espécie de caixa extra, uma reserva para cobrir eventuais despesas extras, impostos e imprevistos, tais como despesas médicas, reparos em casa e manutenção do automóvel, por exemplo.
"Embora parte dos trabalhadores tenha carteira assinada e conte com valores como o 13º salário, por exemplo, o início de ano é sempre desgastante. Tem impostos, material escolar, uma série de despesas extras que impactam no orçamento, especialmente se não se pode contar com uma provisão que cubra estes valores".
E para quem entrou o ano no vermelho, o economista destaca que a primeira medida é contatar os credores para renegociar as dívidas.
Aposentados e mulheres são maioria no NAS
Conforme o Procon de Canoas, grande parte das pessoas atendidas pelo Núcleo de Apoio ao Superendividado (NAS) é formada por beneficiários do INSS, que possuem renda de um salário mínimo; e a maioria é de mulheres provedoras das suas residências e com múltiplas questões sociais.
A diretora do órgão, Taís Marques, explica que o perfil do consumidor é de um devedor ocasional: "Aquele que normalmente paga suas contas em dia e que, devido a alguma ocasião inesperada, não tem condições de honrar com suas contas".
Falta de informação sobre o sistema bancário em geral, bem como sobre produtos financeiros, falta de educação financeira e de planejamento da renda para o presente e para o futuro também é apontada como motivos que influenciam no endividamento da população.
Nesta semana, o Procon realizou a primeira audiência do ano, do NAS, em apoio à população superendividada.
Para acessar os serviços, é preciso comparecer no Procon com RG e CPF, comprovante de residência, comprovante de renda individual e familiar, comprovantes de despesa, demonstrativos de dívidas.
Além do Procon, a Defensoria Pública Estadual promove um mutirão para atender a população superendividada no estado, e nesta semana divulgou que identificou pelo menos 100 casos de pessoas que aguardam para renegociar dívidas já executadas no Rio Grande do Sul.
Nos casos que chegaram até a Defensoria, os assistidos têm, em média, 8 credores, mas alguns chegam a ter quase o dobro desse número.