VARIAÇÃO CLIMÁTICA
El Niño e La Niña em 2024? Especialista explica o que pode acontecer e como fenômenos atuam
Alterações climáticas causadas pela emissão de gases do efeito estufa são apontadas como responsáveis pelo aumento nas ocorrências de fenômenos meteorológicos
Última atualização: 09/01/2024 10:36
Depois de três anos sob efeito do La Niña, fenômeno climático que consiste no resfriamento das águas do Oceano Pacífico, o Rio Grande do Sul registrou em 2023 e segue no início deste ano sob influência do El Niño, que causa justamente o efeito contrário ao fenômeno anterior. E agora, pesquisadores projetam que o La Niña pode voltar a ocorrer ainda em 2024.
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Nos anos de La Niña, o Estado sofreu com fortes estiagens que causaram prejuízos consideráveis, especialmente para o agronegócio gaúcho. Já com o El Niño, os meteorologistas apontam que o volume de chuvas aumenta, mesmo em temperaturas altas. Já em 2023, quando o fenômeno climático começou a atuar, o Rio Grande do Sul sofreu com chuvas intensas que causaram enchentes, prejuízos e mortes.
Projeções de especialistas apontam para uma possibilidade crescente de retorno do La Niña ainda este ano. Especialista da Metsul Meteorologia, Estael Sias explica que essa mudança, caso aconteça, será gradual. “No segundo semestre crescem as possibilidades de La Niña, mas não é de uma hora para outra, vai demorar um tempo, e é muito provável que isso seja no segundo semestre de 2024”, resume.
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Os prognósticos do estado do Pacífico da Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera (NOAA), apontam que até abril a possibilidade de incidência do El Niño é superior a 90%. Contudo, já a partir de março inicia um processo de transição para a neutralidade, que deve se estender até maio. “A grande maioria dos modelos projetam isso [La Niña] acontecendo só no segundo semestre.”
É a partir do mês de junho que começam a crescer as possibilidades de chegada do fenômeno de resfriamento das águas do Pacífico, que já começaria a influenciar o tempo ainda este ano, mas isso ainda não está confirmado. “Estamos no campo da probabilidade, mas pode ser que isso ocorra”, pontua Estael, destacando que novos prognósticos devem ser apresentados na próxima semana.
El Niño e La Niña não atuam juntos
Apesar da possibilidade de ocorrência no mesmo ano, os dois fenômenos não podem atuar juntos. Para que um comece, o outro tem que terminar, como aconteceu com a troca de aquecimento do Oceano Pacífico.
Segundo Estael, o primeiro trimestre do ano deve ter maior influência do fenômeno. “Nesse primeiro semestre de 2024 nós teremos a influência do El Niño, mais intensa agora no início, nesse primeiro trimestre, depois perdendo força ao longo do outono.”
Mudanças climáticas
Caso confirme a chegada do La Niña, o Rio Grande do Sul viverá o seu quarto ano consecutivo sob influência de um fenômeno climático, com um curtíssimo prazo de estabilidade entre um e outro, situação rara em outros momentos.
A explicação apontada pelos cientistas para a frequência maior dessas alterações no tempo são justamente as mudanças climáticas causadas pelo homem. Um estudo comandado por cientistas australianos apontou que os eventos climáticos têm se tornado mais frequentes devido às emissões de gases do efeito estufa.
Observando as alterações climáticas durante décadas, os cientistas concluíram que a superfície do mar está esquentando. Isso vem acontecendo em muitos oceanos, inclusive no Pacífico.
Fazendo um comparativo de ocorrência do El Ninõ e La Niña em dois períodos diferentes, observa-se que com o avanço das emissões de gases do efeito estufa também aumentou a ocorrência dos dois fenômenos. O primeiro período analisado foi entre 1901 e 1960, e o segundo, entre 1961 e 2020. Essa análise mostrou um crescimento do El Niño após a década de 60.