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DUPLA ANIMAL

Égua e cachorrinha fazem a alegria de pacientes no Hospital Sapiranga

Arteterapeuta presta serviços à instituição há uma década na área de saúde mental e participação dos bichinhos ocorre desde 2023

Publicado em: 13/01/2025 às 20h:20 Última atualização: 14/01/2025 às 10h:06
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Uma dupla animal! Pacientes da Ala Safiras, do Hospital Sapiranga, destinada ao acompanhamento de saúde mental, contam desde março de 2023 com a visita de duas amigas muito especiais para auxiliar nos seus tratamentos. São elas a Akira e a Sereia, uma cachorrinha e uma égua, respectivamente, da arteterapeuta Rejane Lopes, que atua há 10 anos na casa de saúde.

Arteterapeuta Rejane Lopes e as pets Akira e Sereia | abc+



Arteterapeuta Rejane Lopes e as pets Akira e Sereia

Foto: Weslei Fillmann/Especial

Rejane conta que desde 2015 realiza sessões com os pacientes, com diversas maneiras de produzir artes únicas. Mas, no final de 2019, a Akira começou a participar, gerando um trabalho de zooterapia. Somente na ocasião da inauguração da nova ala hospitalar, após a pandemia, período no qual as atividades foram paralisadas, a Sereia foi integrada.

Neste período, em 2020, a arteterapeuta fez um curso de doma natural, que se baseia na relação entre seres humanos e cavalos, o que possibilitou ampliar o trabalho no hospital. “Eu já havia mandado a proposta para o hospital do projeto com a égua (a Sereia). Seria algo para o meio do ano (em 2023), mas sugeriram fazer logo para inaugurar a unidade. Aí foram as duas juntas (a cachorrinha e a égua)”, comenta.

A Ala Safiras possui 16 leitos destinados ao tratamento de pessoas no setor de saúde mental, os quais são atendidos via SUS, convênios ou particulares. Segundo Rejane, o uso dos animais na terapia com esses pacientes não é apenas uma visita, mas parte do tratamento.

“A Sereia vai a cada 15, 20 dias. Muito raro (não ir nestes períodos). Dependemos bastante do tempo, como vai estar o clima”, conta Rejane. Na evolução do tratamento dos pacientes, a interação deles com os animais está inclusa, além do desenvolvimento do trabalho e da terapia.

Os pets

A Sereia tem 19 anos e 500 quilos de puro carinho, brinca Rejane. Ela é criada solta em uma área de pasto e é montada duas vezes por semana, durante aulas de hipismo. Por participar destas atividades, ela foi treinada para não ficar nervosa com a presença de muitas pessoas no seu entorno. Inclusive, durante a oficina desta semana, ela estava com o queixo tremendo e ficava sempre com uma das patas traseiras levemente levantadas, sinais de relaxamento e tranquilidade.

A dupla é tão unida que a própria Akira passeia montada na égua | abc+



A dupla é tão unida que a própria Akira passeia montada na égua

Foto: Weslei Fillmann/Especial

Já a cachorrinha Akira, que tem 6 anos, conhece até o caminho que precisa fazer para chegar ao ambiente onde as atividades com os pacientes da Ala Safiras ocorrem. Normalmente, quando só a cachorrinha é levada, as pessoas ficam em uma área fechada. Mas quando a égua acompanha e está muito quente do lado de fora, a cadelinha dá uma fugida e busca um lugar com ar-condicionado ou sombra.

Enfermeira comenta sobre a felicidade dos pacientes

Trabalhando há 1 ano e 8 meses no Hospital Sapiranga, a enfermeira Eliane Cezar da Silva, que atua diretamente na Ala Safiras, conta que, em média, 8 a cada 10 pacientes chegam na instituição de saúde contrários à permanência. Somente a partir do terceiro dia que começam a ficar mais à vontade e, caso a oficina com a presença da Sereia coincida com a permanência, se demonstram muito participativos.

“Tu vê uma diferença na evolução deles, do dia da internação até o dia da alta. Eles saem outra pessoa”, comenta.

E sobre os animais, Eliane confirma o grande carinho que os pacientes apresentam, tanto pela Sereia quanto com a Akira. “Eles dizem que o amor dos animais é verdadeiro. Contam que muitas pessoas não demonstram o amor que os animais têm com eles. A gente vê como eles ficam faceiros e alegres quando sabem o dia que a Akira e a Sereia vem aqui”, destaca.

Pacientes se divertem na oficina

Um dos pacientes comentou, durante a atividade promovida pela arteterapeuta, que é a quarta vez que ele procura o hospital para ser internado, de forma voluntária. O motivo é a dependência alcoólica. Por ter ficado mais dias na instituição, já participou de outros momentos com os pets.

Uma das brincadeiras na atividade foi fazer tranças na crina da Sereia | abc+



Uma das brincadeiras na atividade foi fazer tranças na crina da Sereia

Foto: Weslei Fillmann/Especial

A interação com os animais inclui fazer carinho, truques com a Akira, tranças no cabelo da Sereia e dar pedaços de cenoura para a égua. Rejane comenta que isso é uma terapia para os pacientes, que permanecem vários dias se recuperando na ala mental do hospital, principalmente por depressão.

“Todas as atividades, mesmo que sejam as com pets, nós temos depois todo um momento de diálogo terapêutico, onde eu trabalho com os pacientes. Questões de internação, as fragilidades deles, fortalecendo os potenciais deles”, destaca Rejane.

 

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