RECOMEÇO
Editora leopoldense lança quatro livros neste sábado após perdas na enchente
Em maio, editora Oikos, localizada no bairro Scharlau, foi inundada e mais de 50 mil livros foram perdidos
Última atualização: 29/08/2024 07:38
Os prejuízos causados pela enchente fazem parte de um capítulo triste, de um passado recente. A perda de equipamentos, móveis, de todo o acervo da biblioteca e de mais de 50 mil livros que estavam disponíveis para a venda fizeram o casal Erny Mügge e Iria Hauenstein, cogitar o fechamento da Editora Oikos.
Localizada no bairro Scharlau, em São Leopoldo, a editora, que neste ano completou 21 anos de fundação, teve sua sede, na Rua Paraná, invadida por 1,8 metro de água durante a cheia. Quase quatro meses depois, o local é símbolo de resiliência e de um recomeço que terá novas páginas escritas a partir deste sábado (31), quando serão lançados quatro livros editados pela Oikos.
O evento, a partir das 14h30 no Museu Histórico Visconde de São Leopoldo, marcará o lançamento das obras: "Breve História das Migrações Alemãs para o Brasil", de Martin N. Dreher. "A galerinha da escola em: Colonização Alemã", de Vania Inês Avila Priamo. "Dona Leopoldina: a primeira imperatriz do Brasil", de Heinrich Schüler e Liti Belinha Rhenheimer e "Alemães e Descendentes do Rio Grande do Sul na Guerra do Paraguai", de Klaus Becker. Os livros estarão à venda no local, com preços promocionais e pagamento apenas no Pix ou em dinheiro.
Recomeço
Segundo Mügge, do dia 25 de maio até agora, a editora reimprimiu em torno de 20 títulos e publicou outros 18 novos. O trabalho, realizado durante a limpeza e remontagem da editora, foi um dos fatores que impulsionaram o casal a continuar, mesmo diante de tantas incertezas e desafios.
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“Por isso, estes lançamentos têm um significado de recomeço, mas também de gratidão a todos os autores que trabalham com a gente, a toda a rede de apoio que se formou para nos ajudar”, diz. Conforme ele, nestas mais de duas décadas de vida, a Oikos publicou mais de 1,5 mil títulos, a maioria sobre educação e história, sobretudo sobre a imigração alemã.
“Os títulos que lançaremos no fim de semana, se não fosse a enchente já teriam sido lançados, porque têm a temática e o selo do Bicentenário. Mesmo durante a enchente, trabalhamos muito, o que foi muito significativo. Descobrimos que apesar da nossa pequena equipe, a Oikos é muito maior que este pequeno espaço físico. Recebemos muito apoio, de autores que querem publicar com a gente. Não tem como não pensar nestas pessoas, na rede de apoio e de solidariedade que nos ajudou”, comenta.
Selo
Para marcar esta retomada, os livros lançados a partir de maio pela editora levam o selo “Recomeçar”. “Ele expressa a colaboração das pessoas, das muitas mãos que nos auxiliaram. É símbolo de esperança”, destaca Mügge. “Perdemos muitas coisas, mas o que não se perdeu nem se apagou foi o caminho que trilhamos até aqui. Os próximos lançamentos são para mostrar para a comunidade que o nosso caminho e a nossa história continuam”, diz.
Futuro da editora na Scharlau ainda é incerto
Entre as imagens que marcaram a vida do casal durante a enchente, uma das que mais causou impacto foi a das oito caçambas de livros que foram retiradas do local para serem descartadas. Moradores do endereço há 40 anos, Mügge e Iria contam que nunca haviam passado por nada parecido. Por isso, o futuro da editora na Scharlau ainda é incerto.
“Não quero passar por tudo aquilo de novo, ainda não decidimos se permanecemos aqui e corremos o risco de passar por uma nova enchente ou se mudamos. É uma insegurança cada vez que chove. Temos por perto muitos vizinhos com as casas condenadas”, comenta Iria.