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ABC nas ruas

"Dois ou três cachorros diferentes a cada 48 horas": Protetoras pedem um basta para o abandono de cães em Novo Hamburgo

Grupo de protetoras notou o aumento do número de animais abandonados na Lomba Grande após a enchente

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Publicado em: 04/09/2024 às 13h:30 Última atualização: 05/09/2024 às 07h:38
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O aumento do número de animais abandonados, em especial cães adultos, mobiliza um grupo de protetoras do bairro Lomba Grande, em Novo Hamburgo, que querem um basta para a situação. Segundo o grupo, os abandonos são recorrentes no bairro, mas se intensificaram a partir de maio desde ano, após a catástrofe climática que assolou o Rio Grande do Sul e afetou alguns bairros hamburguenses.

Sobre a situação, a Prefeitura de Novo Hamburgo diz que é de conhecimento da Diretoria de Bem-Estar e Controle Animal o aumento de cães pelas ruas. “Isso se deve muito por conta da histórica enchente que assolou o município em maio de 2024, pois muitos tutores se valeram desta situação e os abandonaram”, descreve. 

Cães abandonados na Lomba Grande preocupam protetoras da animais | abc+



Cães abandonados na Lomba Grande preocupam protetoras da animais

Foto: Isaías Rheinheimer/GES-Especial

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Os abandonos acontecem principalmente nas estradas que levam a localidades mais interioranas do bairro, como São João do Deserto e Santa Maria do Butiá, mas também na área urbana, como na principal via do bairro, a Rua João Aloysio Algayer.

“Depois da enchente, a gente observa dois ou três cachorros diferentes abandonados no bairro a cada 48 horas. É muito cachorro abandonado”, afirma a aposentada Cenita da Silva, 63 anos.

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Cenita conta que o grupo de voluntárias da causa animal tenta acolher todos os animais, com a colocação de casinhas para lares comunitários, mas garante que a situação está ficando insustentável. “Há moradores que não aceitam os animais, aí eles ficam sendo ‘jogados’ daqui para lá. Onde conseguimos, colocamos casinhas [comunitárias], mas nem todos os moradores permitem”, explica.

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“A gente pede ajuda para o canil municipal, para a prefeitura, porque não temos recursos para ficar mantendo esses animais. Vivemos de ajuda”, apela Cenita. A aposentada afirma que o grupo de protetores cuida de cerca de 25 cães comunitários.

A agente comunitária de saúde, Ana Lucia Pereira, 60, também atua como protetora dos animais. Ela também observa o crescimento de abandonos como algo preocupante. “O que mais me angustia é o desprezo da população com os animais. A comunidade poderia ser um pouco mais sensível, pois, além de serem abandonados, esses animais estão sendo agredidos pelas pessoas”, pontua.

“Cães são abandonados para morrer”

Os constantes casos de abandonos de cães motivaram a confecção de uma placa alertando que o abandono é crime. Essas placas foram espalhadas em diversos postes das estradas do interior do bairro com a intenção de inibir a prática.

“Quem faz isso [abandona] é ignorante e não tem conhecimento do sentimento dos animais, e acham que os animais podem ser descartados. E não é bem assim”, opina o profissional autônomo Erni Rui Trevizani, 53. Conforme Trevizani, nos últimos meses, somente em sua casa apareceram três cachorros. “Dois, nós adotamos, e um, o vizinho decidiu cuidar”, afirma.

Cães abandonados na Lomba Grande preocupam protetoras da animais | abc+



Cães abandonados na Lomba Grande preocupam protetoras da animais

Foto: Isaías Rheinheimer/GES-Especial

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A microempreendedora Cleice Carina Scherer, 33, administra uma “creche” para cães há 8 anos, mas também abriga animais abandonados na Lomba Grande. Somente em sua propriedade, ela cuida de 27 animais que foram abandonados no bairro.

Para ela, quem abandona animais no interior do bairro faz isso com uma intenção: “Os cães deixados aqui no interior são abandonados para morrer, porque, por aqui, não há nem uma lata de lixo para que possam revirar para se alimentar”, frisa.

Na semana passada, Cleice resgatou uma cadela da raça Shih Tzu que foi abandonada amarrada em um matagal. A cadela estava com um tumor e tomada por bicheira.

“Resgatei e, com a ajuda da ONG Amparo Animal, ela foi internada em uma clínica, onde segue em tratamento. São situações assim que a gente acaba abraçando mesmo não tendo apoio financeiro. Mas não tem como deixar um bichinho no meio do mato para morrer. Não é o primeiro caso assim”, afirma.

O que diz a Prefeitura?

A Prefeitura ainda diz que “atualmente, o canil municipal encontra-se com super lotação”. Por meio de nota, afirma que o diretor da Diretoria de Bem-Estar e Controle Animal, João Teles, está tomando algumas medidas, entre as quais a ampliação de mais baias para suportar essa população. As obras devem começar na próxima segunda-feira.

“A fiscalização, por sua vez, está permanentemente nas ruas, averiguando denúncias de maus-tratos e abandono”, reforça Teles.

Enfatiza, também, que “caso constatado o crime, o fiscal encaminha o animal para o canil agendar o recolhimento e a castração. Depois de reabilitado, o cão é devolvido ao local de origem. Importante salientar que o abandono de animais está definido como crime pela Lei nº 9.605 de 12.02.1998”.

 
 
 
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