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IVOTI

Documentário resgata ancestralidade e preserva memórias de imigrantes da Colônia Japonesa

Projeto foi contemplado com R$ 45 mil através da Lei Paulo Gustavo

Laura Rolim
Publicado em: 24/10/2024 às 06h:36
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Resgatar a ancestralidade e divulgar as formas de relações da cultura japonesa é o objetivo do documentário “Furusato: Um lugar para voltar”, que foi gravado em Ivoti em fevereiro de 2024 e busca manter vivas as memórias e trajetórias dos imigrantes japoneses da região. Contemplado com R$ 45 mil através da Lei Paulo Gustavo de incentivo, o documentário é um projeto da Associação Cultural e Esportiva Nipo Brasileira (Acenb) e demais membros.

Documentário Furusato: um lugar para voltar | abc+



Documentário Furusato: um lugar para voltar

Foto: Martina Camini e Dayane Montenegro

Em fase de correção de cores, produção da trilha sonora, legendagem e tradução em Libras, o documentário foi gravado pelos diretores de fotografia Alexsânder Nakaóka e Gustavo Corrêa, além de contar com produção executiva de Iaioi Tao e Marco Ushida, e tradução de Anthony Tao.

Ao total, foram 22 entrevistas com imigrantes descendentes de japoneses, que compartilharam suas trajetórias e a beleza cultural enraizada em Ivoti. O local de gravação escolhido foi a Feira da Colônia Japonesa, que ocorre sempre nos últimos domingos de cada mês, e reúne um pouco da gastronomia e cultura japonesa. Ainda não há data de lançamento do documentário, mas a previsão é de que seja exibido no início de dezembro.

Com duração de 30 minutos, a narrativa aborda, a partir dos entrevistados, suas histórias pessoais, as trajetórias de vida, a forma como vivem e suas memórias desde que chegaram à Colônia Japonesa de Ivoti, que é um pedacinho do Japão no Rio Grande do Sul.

Um dos diretores de fotografia do documentário, Alex Nakaóka, que é mineiro, neto de japoneses e jornalista, conta que sempre procurou ter contato com comunidades japonesas. Quando chegou a Porto Alegre para estudar para o pós-doutorado em Antropologia Social pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), soube que havia uma grande colônia japonesa rural. Foi então que fez amizades, e com a ajuda dos outros diretores e produtores, decidiram desenvolver o documentário sobre a história dos imigrantes através do edital pela Acenb.

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De acordo com Nakaóka, que estuda a cultura japonesa há anos, a motivação para pesquisar a Colônia Japonesa durante o pós-doutorado surgiu através da família, especialmente da mãe. “Quando eu era criança, eu detestava ser japonês, não queria ser associado e não tinha orgulho. Mas fui crescendo e as coisas foram mudando, até que decidi buscar minha ancestralidade e comecei a pesquisar sobre a cultura”, explica.

Conforme Nakaóka, quando iniciou o pós-doutorado, percebeu que queria pesquisar sobre a vinda dos japoneses para o Brasil. Através da Acenb, então, conseguiu concorrer ao edital. “Relatar a cultura japonesa era um desejo da minha parte. Mas os outros componentes que faziam parte do grupo também tinham o desejo de mostrar para as pessoas, e para não descendentes, a importância, a força e a beleza da cultura japonesa”, explica Nakaóka.

O diretor de fotografia explica que o nome do curta-metragem “Furusato”, remete à ideia de que os japoneses sempre terão um lugar para voltar. “É tentar manter e divulgar as formas de relações da cultura japonesa, não só para descendentes, mas para não descendentes”, destaca Nakaóka. Com legendagem dupla em português e japonês, o documentário também terá linguagem em Libras.

Durante as entrevistas, o diretor de fotografia observa que percebeu nos relatos a forte presença do Japão e do Brasil. “Nós somos duas coisas: somos japoneses e brasileiros. E compartilhar as experiências de vida, as vivências, é muito importante”, afirma. Para ele, além do aprendizado acadêmico, o documentário resgata semelhanças em relação à própria família. “Mexeu muito comigo ouvir as histórias, porque tem muita semelhança com a minha história de vida. A gente compartilha histórias muito semelhantes, de luta, dificuldade, e sobrevivência”, completa Nakaóka.

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Para o sociólogo e produtor cultural Marco Ushida, contribuir com o documentário foi uma experiência gratificante. “Participar deste documentário me fez relembrar o sentimento de estar realizando algo não realizado ainda. E é esse sentimento que aflora, o de deixar esse rico material para futuros estudiosos e pesquisadores entenderem o porquê de os japoneses se fixarem no município de Ivoti conforme a narrativa de cada entrevistado”, afirma.

Documentário Furusato: um lugar para voltar | abc+



Documentário Furusato: um lugar para voltar

Foto: Martina Camini e Dayane Montenegro

Projetos culturais evidenciam riqueza de Ivoti

A diretora de Cultura de Ivoti, Letícia Pohren, destaca como os projetos culturais aprovados na Lei Paulo Gustavo contribuem para difundir ainda mais os saberes e riquezas que a cidade de Ivoti possui. “A (Associação Cultural e Esportiva Nipo-Brasileira de Ivoti está produzindo um documentário que têm grande importância para a difusão e preservação da cultura nipo-brasileira. Levando em consideração que a Colônia Japonesa de Ivoti é a maior do Rio Grande do Sul, há um enorme legado da cultura japonesa”, avalia.

Trailer está pronto

Ainda em fase de finalização do documentário, o trailer foi exibido no último dia 16 de outubro, no auditório do Instituto Ivoti, durante o evento de estreia do documentário “Um olhar afetivo sobre o eixamel de Ivoti”, idealizado pela Sociedade Ivotiense de Estudos Humnaísticos (Siehu), que também foi contemplado pela Lei Paulo Gustavo. O trailer também tem exibições durante a 17ª edição da Feira das Flores de Ivoti.

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