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COOPERATIVA PIÁ: Dinheiro para compra de veículos leiloados pela Piá teria saído do caixa da própria cooperativa; entenda

Grupo Sinos teve acesso ao relatório da Polícia que embasa o sequestro de R$ 15 milhões em bens de ex-dirigentes da cooperativa autorizado pela Justiça e executado em operação nesta quinta-feira

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Publicado em: 30/11/2023 às 13h:50 Última atualização: 30/11/2023 às 15h:38
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  • ATUALIZAÇÃO: COOPERATIVA PIÁ: Veja o que diz o novo presidente após denúncia contra ex-diretores da empresa
  • A investigação policial que resultou na operação contra ex-dirigentes da Cooperativa Piá, na manhã desta quinta-feira (30), mostra, com clareza, um esquema suspeito envolvendo um ex-presidente da cooperativa, o filho dele e uma empresa familiar.

    Em Dois Irmãos, um dos imóveis alvo da Polícia fica na Avenida 25 de Julho | Jornal NH



    Em Dois Irmãos, um dos imóveis alvo da Polícia fica na Avenida 25 de Julho

    Foto: Polícia Civil

    O Grupo Sinos teve acesso com exclusividade ao relatório de 12 páginas produzido pela Polícia Civil que embasou a decisão da Justiça de autorizar o cumprimento de seis mandados de busca e apreensão e no sequestro de bens na ordem de R$ 15 milhões.

    O documento apresenta fortes indícios de que o dinheiro que custeou a compra de um lote de veículos supostamente leiloados pela Piá saiu do caixa da própria cooperativa. Veja o cenário:

    a) Com dificuldades financeiras, a Cooperativa Piá decide vender veículos;

    b) No dia 1º de agosto de 2022, uma empresa compra um lote de veículos da Piá e paga R$ 114.540,00. O pagamento foi feito através de dois PIX. Essa empresa seria laranja do suposto esquema fraudulento;

    c) No mesmo dia [1/8/2022], a Cooperativa Piá repassa ao filho do então presidente o valor de R$ 114.540,00 a título de “prestação de serviços de consultoria”. Não há comprovação do serviço prestado;

    d) A referida empresa de consultoria, do filho do então presidente da Piá, também tem entre os sócios donos da empresa que adquiriu o lote de veículos.

    Esse é apenas um entre os indícios de crime apresentados pela Polícia no relatório. Para a Polícia Civil, o que ocorreu foi um contrato simulado em que o filho do então presidente da cooperativa repassa os valores para a empresa laranja para simular a compra dos veículos.

    A investigação aponta que o grupo liderado por um ex-dirigente e pelo filho dele adquiriu 16 veículos da cooperativa de forma fraudulenta, sendo que apenas seis veículos seguem em nome da empresa laranja. Os demais foram vendidos ou repassados a terceiros. Alguns destes veículos foram adquiridos por menos da metade do preço de mercado, gerando um prejuízo de cerca de R$ 300 mil à cooperativa.

    Provas foram levantadas por auditoria contratada pela nova diretoria da Piá

    As provas que subsidiam o relatório da Polícia Civil são parte do resultado de uma auditoria privada contratada pela atual gestão da Cooperativa Piá. Os atuais dirigentes, com a intenção de “passar a limpo” as condições financeiras da cooperativa, decidiram contratar a empresa Dickel & Maffi para que analisasse documentos, sistemas internos e as contas bancárias da própria Piá.

    A cooperativa afirma que está colaborando com as autoridades. “Desde que assumiu, a nova gestão tem como premissa trabalhar de forma transparente, e vem auxiliando nas investigações compartilhando o que é solicitado”, diz a nota.

    Polícia apreende celulares, documentos e dinheiro na casa dos investigados

    A operação Via Láctea, desencadeada na manhã desta quinta, resultou na apreensão de diversos documentos, cadernos com anotações, aparelhos celulares, computadores e em uma pequena quantia em dinheiro. Todos os materiais apreendidos serão, a partir de agora, objeto de análise por parte da Polícia Civil, que irá aprofundar a investigação.



    A ação aconteceu em quatro cidades. Em Dois Irmãos, por exemplo, buscas foram realizadas em um imóvel localizado na Avenida 25 de Julho, uma das principais da cidade. Também foram realizadas buscas nas residências dos investigados em Nova Petrópolis, Ivoti e Feliz. Os nomes dos alvos não foram divulgados pela Polícia.

    Além dos mandados, a Justiça autorizou o sequestro de bens e valores pertencentes aos investigados na ordem de R$ 15 milhões. Os investigados também não podem se desfazer de bens imóveis e móveis, como veículos. Mais de 50 veículos estão incluídos na lista de bens bloqueados.

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