abc+

PROFISSÃO INDISPENSÁVEL

DIA DO MOTORISTA: Na cabine, no ônibus ou pelo aplicativo, eles fazem a economia do Brasil andar

Neste Dia do Motorista, ouvimos as histórias de quem transporta os sonhos e a riqueza do País

ico_abcmais_azul
Publicado em: 25/07/2024 às 06h:37 Última atualização: 26/07/2024 às 15h:44
Publicidade

Neste dia 25 de julho, é celebrado também o Dia do Motorista, uma data dedicada a homenagear aqueles que desempenham um papel crucial na mobilidade urbana e logística do país. Os motoristas são peças fundamentais no funcionamento da sociedade, que garantem, por exemplo, que outros profissionais cheguem no horário em um compromisso ou que os alimentos estejam na prateleira do supermercado.

A profissão exige uma combinação única de habilidades e responsabilidade e, em alguns casos, até mesmo treinamento específico. A destreza ao volante deve ser acompanhada de uma constante atenção às condições das vias, ao comportamento dos outros motoristas e, sobretudo, à segurança dos passageiros e pedestres. Cada tipo de motorista enfrenta desafios distintos em seu cotidiano, mas todos compartilham a missão de transportar com segurança e eficiência.

Nesta reportagem, estão em destaque quatro motoristas que representam diferentes segmentos dessa profissão tão diversificada. Um motorista de aplicativo, que lida com a demanda dinâmica das cidades e a proximidade constante com os passageiros; um de transporte público, que transporta centenas de pessoas diariamente; um caminhoneiro, que enfrenta longas jornadas pelas estradas do país para garantir o abastecimento de bens essenciais; e um condutor de ônibus turístico, que proporciona momentos de lazer e encantamento.

Henrique viaja para diferentes Estados do Brasil | abc+



Henrique viaja para diferentes Estados do Brasil

Foto: Paulo Pires/GES

Henrique largou o escritório pela boleia

No caso de Henrique Palha Neves, o desafio é do tamanho do Brasil. A paixão pela vida na estrada motivou Henrique a abandonar uma rotina confinada em um escritório para rodar de caminhão Brasil afora em um serviço que considera fundamental para o desenvolvimento do País. “Foi há dois anos que troquei a mesa do escritório pelo volante do caminhão”, conta. “Eu sempre senti que faltava alguma coisa na minha vida e, agora, sinto que já não falta mais nada.”

Aos 32 anos, o trabalhador revela que cresceu assistindo as aventuras dos caminhoneiros Pedro e Bino na série de TV “Carga Pesada”, então, o prazer pelo desconhecido na estrada o fascinava desde cedo. “Eu chego a passar de 12 a 15 dias na estrada em viagens levando alimentos ou materiais para Goiás, Brasília, Espírito Santo”, aponta. “É muito bom se sentir fazendo parte de algo importante e que as pessoas precisam.”

A profissão não deixou de ser arriscada. Há estradas que oferecem dificuldades, por exemplo. Contudo, a camaradagem construída com colegas e o prazer de conhecer novos lugares compensam muito os riscos. “Sempre gostei de dirigir, mas ser motorista de caminhão é um prazer em outro nível”, afirma. “Sou muito grato em acordar e poder pegar a estrada. Todos os dias.”

Denis é motorista de ônibus e trabalha em Novo Hamburgo | abc+



Denis é motorista de ônibus e trabalha em Novo Hamburgo

Foto: Isaías Rheinheimer/GES-Especial

Denis guia com zelo

Denis Vinicius Bento Alves, motorista da Viação Santa Clara (Visac-RS) em Novo Hamburgo, tem 35 anos e recentemente fez a transição na carreira: de motorista de caminhão para motorista de ônibus. Casado com Kellyn, e pai de duas meninas, Maitê, de 4 anos, e Lívia, de 9, Alves é motorista profissional há três anos, mas há apenas um mês na nova função.

“Trabalhar como motorista de ônibus requer ainda mais zelo e atenção, especialmente pela quantidade de idosos e pessoas com necessidades especiais que transporto todos os dias. Aqui [como motorista de ônibus] preciso ajudar um passageiro com dificuldades a embarcar e até cuidar para não realizar uma freada brusca”, afirma. A fragilidade dos passageiros mais velhos é uma preocupação constante, mas também uma fonte de grande satisfação. “Tenho sentido o maior prazer nessa relação”, destaca ele, refletindo sobre as interações diárias que tornam seu trabalho gratificante.

A Visac-RS começou a operar em abril deste ano no município e após um período inicial de adaptação, com muitas críticas dos usuários ao novo serviço, Alves observa que as coisas estão se normalizando. “A alegria começou a fazer parte da rotina”, comenta, sublinhando o ambiente positivo que vem se estabelecendo à medida que a operação se consolida.

Josué trabalha há 20 anos como motorista do Fumacinha | abc+



Josué trabalha há 20 anos como motorista do Fumacinha

Foto: Mônica Pereira/GES-ESPECIAL

Josué e irmãos herdaram bondinho do pai

É com um característico veículo que a família Cardoso ganha a vida há 43 anos. Os irmãos Paulo, Marcos e Josué seguem os passos do falecido pai, Abraão, que adquiriu o negócio em 1981 – dois anos após o Fumacinha iniciar a operação.

Criado com o intuito de prestar informações e também contar fatos históricos e curiosos sobre Gramado, hoje, é um dos mais tradicionais passeios da cidade. Ao longo do tempo, foi preciso se modernizar. O bondinho deu lugar a um micro-ônibus vermelho com janelas grandes, para um tour panorâmico.

E é sobre rodas que Josué, que tem 41 anos, trabalha desde os 13. No começo, ajudava na cobrança de ingressos. Em 2004, tornou-se um dos motoristas. E são várias as histórias. Assim como o legado foi passando de geração em geração, ele recorda que muitas famílias voltam para fazer o passeio com os filhos e netos.

“Explicamos sobre o nome do município, emancipação, histórias que a gente ouvia do nosso pai, a nossa vivência desde pequenos aqui em Gramado. Até sobre a diferença entre as construções alemãs e italianas. Vamos adaptando o passeio conforme o que as pessoas vão nos pedindo ao longo do tempo”, declara.

Entre os desafios da profissão e a responsabilidade de levar até 30 pessoas por viagem, a de lidar com os condutores é uma das mais estressantes. “A gente anda a 15 quilômetros por hora. Estamos passeando também. O pior mesmo é a falta de educação dos motoristas, que não conseguem ter um pouco de paciência, esperar o outro passar”, ressalta. “Mas é gratificante quando a gente chega no final e as pessoas dizem que gostaram, nos aplaudem, contam que não conheciam os locais em que a gente passou”, frisa.

Agradecendo por não terem sofrido nenhum acidente grave, Josué destaca que a empresa segue diversas regras para manter a segurança dos passageiros e as licenças da Prefeitura. Um engenheiro de trânsito foi contratado para mapear o roteiro seguido pelo Fumacinha e um novo veículo deve começar a circular até o final do ano, atendendo às exigências de renovação da frota. Atualmente, o negócio é gerido pelos três irmãos e há dois funcionários.

O passeio tem como ponto de partida e de chegada a Igreja Matriz São Pedro. Durante aproximadamente 1h10, percorre 25 locais turísticos nos bairros Centro, Bavária e Planalto. No Lago Negro, há 20 minutos de parada para que os turistas possam descer e tirar fotos. São cinco horários diários – 9h45, 11 horas, 12h30, 14 horas e 15h15 – e o tour custa R$ 40 por pessoa, com meia-entrada para idosos e crianças de 2 a 10 anos.

A empresa é a fonte de renda dos irmãos, e depende da movimentação turística. As chuvas de maio afetaram, contudo, já houve uma pequena recuperação. “O movimento está bom, mas inferior ao esperado para esta época do ano”, revela Josué. “Tiveram dias em maio e junho que a gente não fez nenhum passeio”, aponta. “Mesmo com o aeroporto fechado, o pessoal ainda vem. A pandemia foi o pior momento. Não ver ninguém na rua foi bem triste. Nós ficamos quase 80 dias parados”, relembra.

Aldonei começou no aplicativo há três anos, gostou e ficou | abc+



Aldonei começou no aplicativo há três anos, gostou e ficou

Foto: Amanda Krohn/Especial

Aldonei dirige e conversa

Motorista de aplicativo há três anos, o leopoldense Aldonei Miguel Gomes Maidana, de 52 anos, trabalha como supervisor de vigilância e escolheu o transporte por app como uma forma de complementar a renda.

Embora essa não tenha sido a sua primeira opção profissional, Aldonei acabou gostando da rotina. “Eu gosto de fazer isso aí, cada viagem é uma caixinha de surpresas. Eu sou muito comunicativo, o pessoal até se arria em mim e brinca que eu deveria ser candidato (às eleições)”, conta.

“Mas pra trabalhar nisso aí tem que gostar do que faz, né? Porque é um compromisso que a gente tem, a gente carrega pessoas idosas, grávidas, com criança… então tem que estar sempre atento e se comunicar com as pessoas”, completa.

Colaboraram: Amanda Krohn,  Leandro Domingos e Mônica Pereira

Publicidade

Matérias Relacionadas

Publicidade
Publicidade