SAÚDE PÚBLICA
"Desabastecimento": Região limita testes de Covid-19 há dois meses
SES alega redução nos insumos; Veja o que diz o Ministério da Saúde
Última atualização: 28/03/2024 14:01
Desde janeiro, quem possui suspeita de Covid-19 e não se enquadra nos grupos de risco, terá que comprar o teste em uma farmácia. Foi o que denunciou um leitor do Jornal VS, não identificado, que procurou a redação alegando ter ligado para as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) Pinheiros e Rio Branco e foi pego de surpresa ao ouvir que a testagem não estava sendo realizada há dois meses.
Procurada pela repórter, a Secretaria Municipal de Saúde (Semsad) respondeu, mediante assessoria de comunicação, que a cidade está cumprindo a normativa Nº23/2023, emitida em janeiro deste ano pelo Governo do Estado. No documento, define-se que, exceto em casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), a testagem fica limitada a pessoas do grupo prioritário: crianças menores de 12 anos, pessoas com comorbidades, idosos com 60 anos ou mais.
Levantamento de casos é feito mesmo com desabastecimento
A Secretaria Estadual de Saúde (SES) encaminhou, por meio de sua assessoria de imprensa, uma nota oficial alegando que "o Ministério da Saúde (MS), que distribui os testes rápidos para Covid-19, está desabastecido com previsão de envio para os estados no final de março".
Embora a pasta tenha divulgado recentemente o aumento nos casos da doença, a justificativa para a redução nos estoques foi que "vivemos um cenário epidemiológico bastante diferente do período de emergência de saúde pública, ocasião aquela em que praticamente apenas o vírus SARS COV-2 circulava e o TR era estratégia importante na definição da conduta de isolamento".
Questionada sobre a possibilidade de uma subnotificação, a pasta alegou que "mesmo na falta do insumo a vigilância teve a capacidade de detectar o aumento dos casos e que para todos os casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) hospitalizados é realizado o diagnóstico ouro (RT-PCR) que pesquisa os principais vírus respiratórios e não apenas o SARS COV-2".
De acordo com a pasta, a vigilância dos vírus respiratórios está estruturada em duas estratégias: o monitoramento das Síndromes Gripais (SG) em unidades sentinelas e a vigilância universal das Síndromes Respiratórias Agudas Graves (SRAG), que têm notificação compulsória para todos os hospitais do Estado. "A partir do sistema de vigilância se identificou um aumento de 466% entre os SRAG por influenza nas primeiras 11 semanas de 2024, quando comparado ao mesmo período de 2023", explica.
A repórter também indagou como a Covid-19 seria identificada, sem a testagem, em casos que não evoluíram para SRAG e não se enquadram nos grupos prioritários, mas não obteve retorno até o horário de fechamento deste texto, às 21h40 desta quarta-feira (27).
Comunidade deve continuar se cuidando
A SES reforça, no conteúdo da nota, que "não estar positivo para Covid-19, não deve definir a conduta de isolamento, considerando que pode estar positivo para outros vírus de transmissão respiratória. A recomendação de isolamento deve estar pautada nas manifestações clínicas".
Ministério da Saúde nega desabastecimento
O Ministério da Saúde, por sua vez, nega o desabastecimento. Procurado pela jornalista, o MS afirma, por meio de nota enviada pela assessoria de comunicação, que a Coordenação Geral de Laboratórios (CGLAB) distribui os insumos "conforme demanda" e que os Estados podem, sim, realizar os testes RT-PCR. "O diagnóstico laboratorial da Covid-19 pode ser feito pelos estados com os testes RT-PCR em tempo real, distribuídos pelo Ministério da Saúde", afirma.
"Além disso, o Ministério recebeu doação de testes da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e realizou distribuição a todos os estados em fevereiro. A contratação dos kits de testagem de Covid-19 encontra-se na fase final. A previsão é que a pasta receba as primeiras entregas do fornecedor entre o final de março e o início de abril", prossegue o material.