Os casos de dengue seguem avançando em todo o Rio Grande do Sul. Nesta segunda-feira (8), a Secretaria Estadual de Saúde (SES) confirmou mais três óbitos pela doença, o que soma 60 vítimas desde o início do ano.
Apesar dos números altos registrados nos últimos dias, autoridades da área da saúde sugerem que o pico de casos ocorra em abril, especialmente na próxima semana.
Da região, até a tarde desta segunda-feira (8), Novo Hamburgo e São Leopoldo eram as cidades com mais casos de dengue, com 5.156 e 4.503, respectivamente. Os dois municípios também lideram o número de óbitos, sendo São Leopoldo com oito vítimas, e Novo Hamburgo com sete. Em todo o Estado, mais de 48,8 mil casos já foram confirmados.
Segundo o virologista da Universidade Feevale e coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Vigilância Genômica de Vírus, Fernando Spilki, ao observar as semanas epidemiológicas e compará-las com gráficos de anos anteriores, o RS registrará o pico de casos na próxima semana, correspondente a Semana Epidemiológica 16.
“Temos que ter muito cuidado, afinal, temos um déficit de, pelo menos, duas semanas de atraso no registro. Temos, sim, essa possibilidade na próxima semana”, pondera Spilki.
A projeção, conforme já noticiado, é que o mês de abril seja, realmente, de casos acima do que o Rio Grande do Sul já havia registrado anteriormente. “Este ano será um aprendizado importante para nós, para entendermos essas fases. A dinâmica desse ano é completamente diferente. Tivemos um início de ano muito violento em casos, e mesmo que siga o mesmo padrão de curva, sem dúvida, pode ser que ainda tenhamos um pico mais para frente. É uma coisa que tem que observar”, alerta o virologista.
Se seguir o mesmo padrão histórico, conforme explica Spilki, é possível que em maio ainda tenham alguns casos e que isso se estenda até junho. “O que sabemos é que teremos um abril difícil, independentemente se for nessa semana ou na próxima. Em maio é onde vamos ver um declínio dos casos, mas tudo isso tem que ser reavaliado, pois estamos tendo um ano muito atípico”, esclarece.
O virologista também alerta que a base de dados não é contabilizada em tempo real, o que implica nessa estimativa de casos. “Eu não sei se a gente tem clareza em como estimar. O que a gente tem de mais seguro, mais próximo do tempo real, é a questão do número de óbitos”, observa. Segundo ele, não é grave que haja um atraso nessa contabilização, mas, na hora de analisar os dados, isso deve ser levado em consideração.
Quando, afinal, os casos de dengue devem dar trégua no RS?
Spilki ressalta que a dengue é uma doença com um aspecto sazonal, por conta disso, não se esperam grandes novidades em relação ao inverno. “Na futurologia, não tem porque se imaginar que tenhamos um ano repleto de dengue ou que tenhamos a fase mais forte no inverno. Se seguir a mesma curva, teremos casos em maio e em junho já deve ser com números menores”, estima.
O virologista destaca que com a baixa na temperatura, tradicionalmente, é difícil haver transmissão de dengue. “Devemos tomar cuidado agora e durante esse prazo para evitar que tenhamos criadouros, pois é depois do inverno, no final de agosto, em meados de setembro, que os ovos depositados começam a eclodir”, explica Spilki.
Temperaturas baixas são aliadas
Com a chegada do frio, é normal que a infestação comece a diminuir. Temperaturas acima de 29°C por um período contingente, durante o dia, é quando ocorrem as multiplicações do mosquito, aponta Spilki.
População não está habituada a sintomas da doença, diz virologista
O virologista recomenda que as pessoas mantenham o alerta. “Como não temos esse costume com a dengue, os sinais são fáceis de confundir com outras doenças. As pessoas não têm ideia do perfil de gravidade da evolução da doença, por isso, talvez, não tenhamos uma procura precoce nos sistemas de saúde, especialmente do público mais vulnerável”, explica Spilki.
Por isso, assim como recomenda a SES, é fundamental que a população procure atendimento médico logo nos primeiros sintomas de dengue.
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