EM ALERTA
DENGUE: Novo Hamburgo concentra 52% dos casos positivados na região; veja dados de cada cidade
Região teve aumento de 16% de casos confirmados de um dia para outro
Última atualização: 06/02/2024 18:19
Medindo de cinco a sete milímetros, preto com listras brancas no tronco, na cabeça e nas pernas, o Aedes aegypti tem potencial para ser o vilão deste verão. Isso porque a cada dia aumentam as confirmações de casos de dengue, e Novo Hamburgo concentra 52% dos pacientes com exames positivos para dengue na região. Além disso, na segunda-feira (5), o Estado confirmou a primeira morte por dengue. A vítima é uma mulher de 71 anos, de Tenente Portela, que morreu em 31 de janeiro. Até esta terça (6), eram 2.534 casos informados da doença no Rio Grande do Sul.
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O quadro tem feito as prefeituras intensificarem os trabalhos de aplicação de inseticida e de fiscalização dos agentes de endemias. Dos 32 municípios de cobertura do Grupo Sinos com dados disponíveis no Painel de Casos de Dengue da Secretaria Estadual da Saúde (SES), até 11 horas de segunda havia 370 exames positivos, com 953 notificações e ainda 341 casos em investigação.
Ao meio-dia de terça, os dados já eram outros, com 1.073 notificações, 429 casos confirmados e 378 em investigação. Um aumento de quase 16% nos exames positivos de um dia para o outro.
Na semana passada, Montenegro confirmou o primeiro caso, Taquara, na segunda (5), e Sapiranga nesta terça. Os vales do Sinos e Caí e região metropolitana estão no nível três de alerta do Estado.
No ano passado, até o dia 23 de dezembro, a região tinha 22 notificações de suspeita de dengue, com 18 casos confirmados e dois em investigação. Os exames positivos eram de São Leopoldo (4), Novo Hamburgo (7), Gramado (1), Nova Hartz (1), Nova Petrópolis (1), Canoas (3) e Igrejinha (1).
Dados desta terça
O número de cidades com a doença era de ao menos 21, com confirmação de casos em Bom Princípio (2), Campo Bom (11), Canoas (44), Capela de Santa (2), Estância Velha (5), Gramado (9), Igrejinha (1), Ivoti (2), Montenegro (1), Novo Hamburgo (224), Nova Santa Rita (3), Parobé (2), Rolante (2), Salvador do Sul (1), São Francisco de Paula (2), São Leopoldo (108), Sapiranga (1), Sapucaia do Sul (6), Taquara (1), Tramandaí (1) e Três Coroas (1).
Situação de alerta em Novo Hamburgo
Somente em Novo Hamburgo, cidade com mais casos da região, eram 333 notificações, com 224 exames positivos e 97 em investigação. Ou seja, o município hamburguense contabiliza 52% dos pacientes contaminados pelo vírus transmitido pelo Aedes aegypti na região.
Em relação ao ano passado, neste mesmo período, Novo Hamburgo tinha 24 notificações, com apenas um caso confirmado no bairro São Jorge, situação que preocupa as autoridades de saúde.
Conforme o coordenador do projeto de Prevenção e Combate à Dengue da Universidade Feevale, realizado em parceria com a Prefeitura, Tiago Filipe Steffens, os bairros com maior número de casos são Vila Diehl (51%), São José (15%) e Boa Saúde (14%).
Para atacar o problema, a Prefeitura anunciou que em todas as terças-feiras de fevereiro, a caminhonete com inseticida contra o mosquito vai passar na Vila Diehl, e nas quartas-feiras, no Boa Saúde. A ação vai ocorrer a partir das 6 horas.
Segundo Steffens, em 2022, quando ocorreu o primeiro ano de surto da doença, dos quatro sorotipos de dengue, dois circulavam em Novo Hamburgo, DENV 1 e DENV 2, o que agravou a situação na época. De 2023 até agora, foi registrada apenas a circulação do sorotipo DENV 1.
Quem teve dengue uma vez e depois é contaminada por outro sorotipo, pode ter o quadro da doença agravado, pois o sistema imune poderá não “reconhecer a presença do vírus de maneira correta no organismo para combatê-lo”, explica Steffens. De acordo com ele, a equipe tem noção, com base nos últimos dois anos, de onde não deverá ter surto na cidade. “Isso por conta de muitas pessoas terem tido contato com o vírus nas regiões. Porém, caso um novo sorotipo chegar na cidade, todas as áreas que já tiveram surto, poderão ter novos surtos e o que é pior, mais casos graves poderão ocorrer”, alerta.
Por isso, a melhor maneira de prevenir a doença continua sendo o mesmo de sempre. Nada de água parada, tarefa que conta com o esforço de toda a população.
“O combate ao mosquito segue sendo a principal forma para a redução dos casos, porém sabemos as limitações que esse esforço coletivo apresenta”, declara. “A vacina é uma grande aposta que, em breve, deverá estar disponível a todos”, complemente.
Sobre isso, o calendário de imunização deverá ser divulgado ainda nesta semana, com o início da aplicação das doses inicialmente em crianças e adolescentes de 10 a 14 anos em 521 cidades, sendo que o Rio Grande do Sul não integra a lista neste momento. Na rede privada, a vacina está disponível. O imunizante é liberado para pessoas entre 9 e 45 anos e é recomendada somente para quem já foi infectado.
Preocupante em todo o Brasil
No entanto, o aumento na transmissão não é exclusividade daqui e, no Rio de Janeiro, por exemplo, a prefeitura decretou estado de emergência em saúde pública na segunda. Isso porque a cidade carioca, somente no mês de janeiro, teve 10.156 casos, com 362 internações, sendo o maior número desde 1974.
No sábado (3), o Ministério da Saúde deu início às atividades dos Centros de Operações de Emergência (COE) contra a dengue e outras arboviroses. Em todo o Brasil, nesta terça, eram 345,2 mil casos prováveis da doença, com 36 mortes confirmadas e outras 234 em investigação.
Fique atento!
Em caso de febre, dor de cabeça, dores atrás dos olhos ou no corpo, náuseas e manchas na pele, procure imediatamente o posto de saúde mais próximo. Não faça uso de medicamentos sem conhecimento médico. Em caso de dengue, o uso inadequado de certos remédios pode agravar o quadro de saúde.
Cuidados individuais
Além dos cuidados com a limpeza do pátio para evitar água parada, o Ministério da Saúde também recomenda proteger as áreas do corpo em que o mosquito possa picar, com o uso de calças e camisas de mangas compridas.
Sobre o uso de repelentes, a recomendação é usar produtos à base de DEET (N N-dietilmetatoluamida), IR3535 ou de icaridina nas partes expostas do corpo. Também pode ser aplicado sobre as roupas.
O uso deve seguir as indicações do fabricante em relação à faixa etária e à frequência de aplicação. Deve ser observada a existência de registro em órgão competente.
Repelentes de insetos contendo uma das três substâncias acima são seguros para o uso durante a gravidez, quando aplicados de acordo com as instruções do fabricante. Em crianças menores de 2 anos, não é recomendado o uso de repelente sem orientação médica. Para crianças entre 2 e 12 anos, usar concentrações até 10% de DEET, no máximo três vezes ao dia.
A utilização de mosquiteiros sobre a cama, a instalação de telas em portas e janelas e, quando disponível, o ar-condicionado também são recomendados.