Desde janeiro, a bacia de acumulação de água da Casa de Bombas do bairro Santo Afonso foi transformada em um grande canteiro de obras. O vai e vem de caminhões e o trabalho contínuo de uma escavadeira hidráulica tem um objetivo: aproveitar o tempo seco para remover entre 20 e 25 mil metros cúbicos de sedimentos.
O material, que provisoriamente é depositado no acostamento da Rua Hugo Erni Feltes, formando uma pequena montanha de aterro, diminuía a capacidade da bacia. Isso tinha reflexo direto no funcionamento da Casa de Bombas em períodos de fortes chuvas e dias consecutivos de instabilidade.
Conforme o diretor de Esgotos Pluviais da Secretaria Municipal de Obras Públicas, Serviços Urbanos e Viários (Semopsu), Ricardo Al-Alan, fazia ao menos 30 anos que este tipo de manutenção não era realizada no local. “A bacia de acumulação é muito parecida com o tanque de lavar de roupa da nossa casa. Se é derramado dois ou três baldes, a água desce devagar pelo cano. Se derramar dez baldes, vai derramar. Aqui nós estamos aumentando a capacidade deste tanque”, explica.
Até que a retirada de sedimentos esteja completa, o diretor estima que serão realizadas cerca de 3 mil viagens de caminhão.
Com isso, os equipamentos terão mais tempo para bombear a água do Arroio Gauchinho para o Rio dos Sinos quando ocorrerem episódios de chuvas extremas. Em junho, quando o bairro Santo Afonso ficou praticamente abaixo d’água, choveu em um pouco mais de 24 horas mais de 200 milímetros.
Depois deste episódio, a casa de bombas foi alvo de diversas polêmicas, como o pedido para criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), e troca de acusações entre as prefeituras de Novo Hamburgo e São Leopoldo sobre a responsabilização da manutenção do espaço. Tanto que o Ministério Público interveio e foi montada uma comissão para tratar do assunto em conjunto.
De acordo com Al-Alan, dos sete nichos disponíveis para equipamentos na casa de bombas, há cinco bombas em condições de operar, o que neste momento não é necessário porque o arroio está baixo, e duas bombas reservas.
Segundo ele, a eficiência da casa de bombas será melhor se o município de São Leopoldo também fizer o mesmo tipo de manutenção do seu lado da bacia de acumulação. O lado leopoldense está tomado por vegetação e sedimentos, formando barrancos, o que impede a acumulação de água.
Em nota divulgada à imprensa, a Prefeitura hamburguense afirma que o “desassoreamento no lado leopoldense irá dobrar a capacidade da bacia de acumular águas, reduzindo ainda mais os riscos de alagamentos em ambas as cidades diante de chuvas intensas”.
Além disso, Novo Hamburgo informa que com frequência faz o recolhimento de entulhos no local.
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Segundo o titular da Secretaria de Obras e Viação de São Leopoldo (Semov), Geraldo Passos, a prefeitura tem previsão de efetuar a primeira intervenção de 2024 no Arroio Gauchinho e na vala de drenagem dentro de 40 dias. Conforme a assessoria de imprensa, a Semov e o Serviço Municipal de Água e Esgotos (Semae) realizam limpezas periódicas no arroio e na vala de drenagem na Rua 14 Bis, próximo à Casa de Bombas do bairro Santo Afonso.
De acordo com a assessoria, o serviço de limpeza, drenagem e desassoreamento é feito a cada seis meses e em períodos de instabilidade climática, com chuvas frequentes, como a ocorrida nos meses de outubro e novembro de 2023, quando foram realizadas ações pontuais.