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TRADICIONALISMO

CTG Alma Crioula elege primeira patroa mulher

Nova patronagem da entidade tomou posse no último sábado (15)

Taís Forgearini
Publicado em: 18/04/2023 às 09h:39 Última atualização: 04/03/2024 às 17h:22
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Centro de Tradições Gaúchas (CTG) Alma Crioula completou 60 anos. Fundado em 13 de abril de 1963, a entidade cultural e folclórica de Canoas elegeu pela primeira vez mulheres para os dois maiores cargos de liderança. Eva Rosane Machado, 62 anos, é a nova patroa (presidente) e Noeli Pereira, capataz (vice-presidente).

Eva Machado (blusa branca) e Noeli Pereira (vestido azul) lideram um exército de mulheres



Eva Machado (blusa branca) e Noeli Pereira (vestido azul) lideram um exército de mulheres

Foto: Taís Forgearini/GES-Especial

No último sábado (15), o Alma Crioula promoveu um baile para a posse da nova patronagem (diretoria) do CTG. A banda Moda Antiga comandou a festa. “Também formamos duas turmas do grupo de dança de fandango”, destaca a nova patroa.

O tabu de ter uma mulher no comando foi quebrado após mais de meio século. “As coisas estão mudando aos poucos. Hoje, a 12ª Coordenadoria da Região Tradicionalista é comandada por uma mulher. Existia muito machismo. Todos merecem respeito. O trabalho em grupo também é importante. Embora o patrão (a) seja a maior autoridade é fundamental saber ouvir”, Eva.

Os município de Canoas, Esteio, Sapucaia do Sul e Nova Santa Rita compõem a 12ª Região. “Uma vez por mês vamos nos reunir com a Márcia Monteiro [coordenadora] para trocarmos ideias e experiências. Vamos dar a nossa contribuição para construir cada vez mais um ambiente saudável para se conviver. Claro, sem deixar de lado as nossas raízes e tradições”, destaca.

Noeli (capataz) fala sobre a conquista. “Agora nossos maridos não tem mais cargo, antes eramos conhecidas como as esposas dos patrões, agora o jogo inverteu”, comenta bem humorada. A dupla foi eleita por unanimidade pelos membros. “A sensibilidade terá destaque na nossa gestão 2023/2024”, diz a capataz.

 

Cultura, tradicionalismo e desafios

O resgaste da cultura será o principal foco afirma a nova patroa. “O reconhecimento do trabalho desde a infância é essencial para que os jovens estejam inseridos e perpetuem as tradições. A cultura gaúcha é como se fosse uma matéria na escola, se a criança aprende errado, ela vai crescer e disseminar de maneira incorreta.”

Eva defende que o estudo e prática do tradicionalismo contribui para formação dos indivíduos. “Todos os anos temos um tema que é trabalhado para a semana farroupilha. Dentro da temática escolhida decoramos o galpão, fizemos desfiles e várias atividades que envolvem os mais experientes e os mais jovens”, salienta.

A patroa aponta que a fase da adolescência é onde mais ocorre o abandono da tradição gaúcha.

Dificuldades, projetos e resgate da juventude gaúcha

O CTG Alma Crioula fica localizado no bairro Mathias Velho. “Temos uma boa comunidade. A época mais difícil foi a da pandemia de Covid-19. Ficamos fechados, sem atividades. A inadimplência dos membros aumentou. Os gastos de manutenção e as contas continuaram. Estamos gradualmente nos restruturando”, diz a patroa.

Eva enaltece os demais companheiros de CTG, entre homens e mulheres. “Temos um grupo muito unido. O Alma Crioula é forte pela junção de pessoas que se dedicam e querem manter viva a cultura do Rio Grande do Sul. E claro, tenho minhas amigas que são maravilhosas que exercem com maestria qualquer função”, evidencia.

De acordo com Eva, só existem nove CTG’s coordenados por mulheres. “Para o Alma é um momento histórico. A nossa expectativa é fazer um trabalho sem preconceito e focado em aproximar cada vez mais as pessoas. Resgatar o amor pela tradição e aumentar as atividades campeiras. Os jovens são uma força importante. Queremos que eles permaneçam”, conclui.

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