FIM DE MAIO
CRONOLOGIA DA CATÁSTROFE: Veja dia a dia os principais fatos da enchente histórica no RS
Desde 27 de abril, quando começou a chover no do Estado, a região teve 758 milímetros de precipitação
Última atualização: 31/05/2024 12:47
Com a sensação de que maio não tem fim, o Rio Grande do Sul se aproxima do término deste mês que marcará para sempre a história dos gaúchos. São milhares de pessoas que de uma hora outra viram suas vidas virarem do avesso e hoje se quer tem um guarda-roupa para chamar de seu.
Tudo começou em 27 de abril, quando começou a chover e a, cada dia que passava, o volume aumentava e os dramas vividos de uma ponta a outra do Estado se multiplicavam. Conforme levantamento da Estação de Meteorologia de Campo Bom, desde 27 de abril choveu na região 758 milímetros. Foram 213 milímetros de 27 a 30 de abril e 545 milímetros em maio, um volume catastrófico, jamais visto.
Só para se ter uma ideia, a média histórica de chuva para abril, até então, era de 130 milímetros e, de maio, 126 milímetros.
Todos os rios bateram suas marcas. O Rio Caí, em São Sebastião do Caí, chegou em 17,6 metros em 2 de maio. O Rio dos Sinos bateu 9,73 metros, em Novo Hamburgo, no dia 4 de maio. O Lago Guaíba, em Porto Alegre, alcançou 5,33 metros em 5 de maio.
O último balanço da Defesa Civil (30 de maio) aponta 473 municípios atingidos, dos 497 existentes, com 2,3 milhões de gaúchos afetados. São 581,6 mil desalojados e ainda há 45,1 mil pessoas vivendo em abrigos.
As forças de segurança resgataram 77,7 mil pessoas e 12,5 mil animais. Diante deste cenário de guerra, 169 vidas foram perdidas e ainda há 44 pessoas desaparecidas.
Durante semanas, o barulho que mais se ouvia eram de helicópteros sobrevoando os céus trabalhando nos resgates. Já por terra, milhares de voluntários se revezaram para não deixar ninguém para trás e centenas de veículos se movimentavam levando doações, além de barcos.
De um para outra, abrigos foram montados para acolher quem não podia mais voltar e hoje, mais de um mês depois que tudo começou, ainda tem região inundada e bairros inteiros sem abastecimento de água. O trabalho duro agora se concentra na limpeza dos espaços onde já é possível chegar e na reconstrução de lares.
Cronologia das cheias
27 de abril
O Estado tem cinco alertas para tempestades. Em poucas horas, a chuva passou dos 100 milímetros e de forma isolada, atingiu 200 milímetros. Com 22 municípios atingidos, Santa Cruz do Sul é a cidade mais castigada.
28 de abril
São Leopoldo registra mais da metade da média acumulada de chuva do mês em apenas 24 horas. Novo alerta para chuva intensa, vento forte, alagamentos, descargas elétricas e queda de granizo.
29 de abril
As duas primeiras mortes do estado por causa da chuva são registradas em Paverama.
A Defesa Civil emite alerta para risco de inundação e a MetSul avisa que será uma semana marcada por chuvas excepcionais a extremas, com possibilidade de alcançar valores alarmantes. É o primeiro dia que o governador Eduardo Leite grava sobre a situação meteorológica.
30 de abril
Em São Sebastião do Caí, o Rio Cai marca às 3 horas 10,76 metros e às 23h30, 15,85 metros. Equipes de resgate entram em ação. Ao menos duas pessoas estão desaparecidas em Roca Sales e um desmoronamento de terra na RS-122, em São Vendelino, deixa pai e filho desaparecidos.
A Força Aérea Brasileira (FAB) é acionada. A Defesa Civil emite dois alertas de risco para o Rio Taquari. São 77 municípios afetados.
1º de maio
Eduardo Leite diz que “deverá ser o maior desastre do nosso Estado”, Santa Catarina e São Paulo anunciam envio de ajuda humanitária. Já são três pontes arrastadas pelas águas.
2 de maio
Canoas manda evacuar o bairro Mato Grande. São esperados 250 milímetros de chuva para as regiões da Serra e Norte até dia 4 de maio. O Estado pede ajuda de aeronaves. Lula visita o Estado e anuncia reforço das forças armadas.
Montenegro e Rolantes estão isoladas. Em Igrejinha, moradores são acordados de madrugada por sirenes. Leite decreta estado de calamidade pública. O Rio Taquari chega a 31 metros em Lajeado.
3 de maio
Canoas determina a evacuação dos bairros Mathias Velho, Harmonia, Central Park e Cinco Colônias. Primeira morte pelas enchentes é confirmada na região. A vítima é de Montenegro. A Fraport suspende pousos e decolagens no Aeroporto Salgado Filho. A Trensurb também suspende as operações.
O tráfego na ponte sobre o rio em São Leopoldo, na BR-116, é bloqueado, e a passagem é proibida na ponte 25 de julho, incluindo de pedestres.
A equipe Águias, da Polícia Militar de São Paulo, faz o último resgate de família com risco de São Sebastião do Caí e parte para Bento Gonçalves.
4 de maio
A Vila Palmeira, em Novo Hamburgo, é evacuada e a situação é caótica. Prefeitura pede empréstimos de embarcações. No bairro Rio dos Sinos, em São Leopoldo, moradores fogem para a BR-116. O Guaíba, em Porto Alegre, chega às 5,16 metros às 15 horas.
O dique se rompe no Rio dos Sinos na Vila Brás, em São Leopoldo, junto ao limite com Novo Hamburgo, e na João Corrêa. O nível do Sinos chega a 9,73 metros, em Novo Hamburgo. Um grupo de voluntários faz um "cordão humano" para resgatar pessoas ilhadas no bairro Mathias Velho, em Canoas, durante a madrugada.
5 de maio
O prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, pede que os moradores da capital se dirijam para o litoral. Na noite, a Defesa Civil emite um novo alerta para risco de inundação do Rio dos Sinos. Ao longo da RS-240, moradores de São Leopoldo são resgatados e levados para abrigos de cidades vizinhas. Em Canoas, a água avança sobre 60% do município, afetando 180 mil pessoas. A Prefeitura contabiliza mais de 63,8 mil pedidos de resgate e ajuda.
6 de maio
A passagem pela Estrada da Integração Leopoldo Petry é liberada. Corpos de duas crianças desaparecidas são encontrados em Três Coroas. O governo anuncia o desligamento do Procergs. Aumenta para 85 o número de mortos pelas enchentes e já são 1,1 milhão de afetados.
7 de maio
Dnit faz aterro sobre o asfalto da BR-116 para tentar liberar o trânsito. São quase 5 mil pessoas abrigadas em Novo Hamburgo. O governador alerta que não é hora de voltar para casa.
8 de maio
Cinco barragens do Estado estão em situação de emergência, apresentando risco de rompimento.
9 de maio
A passagem emergencial é liberada na BR-116, em São Leopoldo. O cavalo Caramelo é resgatado depois de ficar dias em cima do telhado de uma casa inundada no bairro Mathias Velho, em Canoas. A Fraport anuncia que vai operar voos comerciais na Base Aérea de Canoas. Número de afetados chega a 1,7 milhão e Eduardo Leite diz que serão necessários R$ 19 bilhões para reconstruir o Estado.
A prefeitura de São Leopoldo começa a fazer os consertos emergenciais dos diques rompidos.
10 de maio
A previsão é repique da enchente. A prefeitura de Porto Alegre trabalha na demolição da passarela de pedestres da Estação Rodoviária para criar um corredor humanitário.
11 de maio
São 136 óbitos e 125 desaparecidos, com 446 cidades afetadas e 2,1 milhões de pessoas atingidas, com 81.043 vivendo em abrigos. Começa a operar o hospital de campanha da Força Aérea Brasileira (FAB), ao lado do Hospital Nossa Senhora das Graças de Canoas. Tornados atingem os municípios de Gentil e Cambará do Sul. Ministério Público se reúne com as prefeituras de Novo Hamburgo e São Leopoldo para buscar uma solução para o dique.
12 de maio
Lagoa dos Patos alcança o seu maior nível desde 1941.
13 de maio
Duas mulheres são presas por furtar doações em Três Coroas. Ponte sobre o Rio dos Sinos volta a ser interditado na BR-116.
14 de maio
Balanço da Defesa Civil diz que foram resgatados mais de 76,4 mil pessoas e mais de 11 mil cães e gatos.
16 de maio
Grupo Sinos revela a história dos voluntários que foram enganados para resgatar armas do Aeroporto Salgado Filho. Governo federal anuncia que dará R$ 5,1 mil para famílias afetadas pelas enchentes.
15 de maio
Depois de oito horas de operação, uma égua é resgatada do terceiro andar do prédio no bairro Campina, em São Leopoldo.
16 de maio
É finalizado o conserto do dique da Vila Brás/Santo Afonso. Prefeitura de Sapucaia do Sul aciona o Ministério Público para que o abastecimento de água seja normalizado.
17 de maio
As bombas para drenagem, emprestadas pela Sabesp, começam a chegar no Estado.
18 de maio
Moradores da Vila Palmeira, em Novo Hamburgo, protestam porque a região continua alagada.
19 de maio
O trecho da BR-116, em Esteio, é totalmente liberado para o trânsito.
20 de maio
Mais de 178 mil pontos continuam sem luz no Estado.
21 de maio
Eduardo Leite alerta sobre novos episódios de chuvas fortes para a metade sul gaúcha.
22 de maio
Pelotas é atingida por granizo e sofre com aumento dos alagamentos por causa da cheia da Lagoa dos Patos. Desde 3 de maio, os bairros Scharlau, Jardim Luciana, Campina, Vicentina e Santos Dumont estão sem água em São Leopoldo.
23 de maio
A prefeitura de São Sebastião define que as 50 casas a serem construídas para as pessoas atingidas pela enchente ficarão no Loteamento Boa Vista
24 de maio
A região tem ao menos 7.542 casas destruídas ou danificadas pela enchente nos vales do Sinos, Caí e Paranhana. Novo Hamburgo, São Leopoldo e Canoas somam 6,7 mil imóveis.
25 de maio
O Vale do Caí enfrenta a terceira cheia do mês de maio e famílias são removidas em Montenegro.
26 de maio
Depois de muita expectativa, a primeira bomba para drenar a água acumulada pela enchente no bairro Santo Afonso, começou a funcionar em Novo Hamburgo. Desde o dia 23, duas bombas operam na Vila Brás, em São Leopoldo.
27 de maio
Dos 53 desaparecidos no Estado, 12 são de Canoas. Um ciclone extratropical se forma no Estado e mais chuvas são esperadas, além de ventos com até 100 quilômetros por hora. Fraport começa a operar na Base Área de Canoas.
28 de maio
O nível do Lago Guaíba chega a 3,70 metros.
29 de maio
Se multiplicam relatos de moradores atingidos que não conseguem receber o auxílio reconstrução.
30 de maio
Trens voltam a operar entre Novo Hamburgo e Canoas, sem cobrança de tarifa.