REGIÃO
Crianças e adolescentes ganharão novas opções de acolhimento em São Leopoldo
Novos programas assistenciais serão apresentados no dia 15 de março e visam mais opções para crianças e adolescentes que têm seus direitos violados no Município
Última atualização: 24/01/2024 16:01
A Prefeitura de São Leopoldo vai lançar seus novos programas assistenciais de acolhimento para crianças e adolescentes. Será no dia 15 de março, quando ocorrerá um seminário para apresentar as mudanças. Na mesma data, começa o período de vigência das novas alternativas institucionais, como apadrinhamento afetivo, família acolhedora, república e guarda subsidiada. Hoje somente o apadrinhamento afetivo já está ocorrendo. A Câmara aprovou as propostas em dezembro passado.
Antes, quando uma criança tinha seus direitos violados, era encaminhada diretamente para o acolhimento em São Leopoldo, conhecido antigamente como orfanato. Dessa forma, a criança muitas vezes perdia abruptamente o vínculo com a sua escola, bairro e família. No acolhimento, devido ao alto número de crianças e adolescentes, ela não possuía uma figura adulta de referência e, principalmente, uma forma de afeto constante, em um momento conturbado da vida, privada da sua individualidade.
O acolhimento é uma ferramenta importante para proteger os direitos das crianças e adolescentes, porém, esse cenário descrito anteriormente está gradualmente mudando, não apenas em São Leopoldo, mas em todo o País. O secretário de Assistência Social, Fábio Bernardo da Silva, explica que tudo iniciou com uma pesquisa sobre os acolhimentos.
"Se mostrou que o acolhimento nem sempre é o mais indicado. Não quer dizer que a criança vá para o acolhimento, vai ser o melhor lugar para ela ir, e não o convívio familiar. Mas nós em São Leopoldo só tínhamos o acolhimento institucional. Então tratamos no ano de 2022 muito isso, da importância de ter esses serviços e por último criamos um projeto de lei que foi votado por unanimidade pela câmara de Vereadores."
Evolução do processo de atendimento
A diretora de Proteção Social Especial da secretaria, Loreto Riveros, explica que essa mudança é uma tendência nacional. "Não é de agora que nasce essa ideia, estamos há um ano e meio organizando esse trabalho. Não somos uma vanguarda, essa tendência existe em todo o País e começou em 2009. As cidades vizinhas já estavam com a família acolhedora. Não é mais indicado colocar as crianças no antigo orfanato. Ela sofre primeiro uma violência em casa, fazendo com que ela precise ir à instituição de acolhimento. Nisso se passam meses ou anos, que também é outra forma de violência que a criança sofre."
Para a chefe do programa de Família Acolhedora, Sara Fernandes, essa é uma tendência que veio para ficar. "Percebemos quanto é danoso deixar por muito tempo em um espaço que vai ter a proteção, mas não vai ter a individualidade", explica a profissional.
No ano de 2021, o número de crianças acolhidas em São Leopoldo era de 105. Na atualidade, são em torno de 74. O secretário lembra que em 2005, o Município chegou a ter 180 crianças acolhidas, sendo uma redução de 58% se compararmos 2005 e os dias de hoje. Para ele, a ideia é blindar as famílias da fome e da necessidade financeira, possibilitando que as crianças não tenham que ser recolhidas de suas casas por esses motivos. "Temos o programa São Léo Mais Renda, São Léo Mais Comida no Prato e São Léo Mais Acolhedor, que formam um tripé que vai dar muitos resultados nos próximos anos", explica.
Confira quatro alternativas às casas de passagens no Município
Guarda subsidiada
A ideia da guarda subsidiada é buscar alguém próximo da família, que possa cuidar da criança, com a ajuda de custo, no valor de um salário mínimo. As pessoas não podem solicitar a guarda subsidiada diretamente, tudo é escolhido e tramitado judicialmente. Com isso, a criança pode ficar junto do seio familiar, da vivência na sua comunidade, evitando que precise ser colocada no acolhimento e ela tenha que mudar de escola e ter dificuldade de falar com amigos e colegas. Essa é a primeira abordagem que será tomada após casos que demandem a perda da guarda temporária.
"Acho que isso vai ser muito interessante para nós evitarmos outro trauma dessa criança ou desse adolescente. A ideia é que essa criança possa voltar para o convívio familiar, só em última hipótese ficar no acolhimento", disse o secretário.
Família acolhedora
Na família acolhedora, a criança vai morar temporariamente com uma família, que vai fazer o cuidado integral da criança ou do adolescente, por isso, esse programa faz parte de uma política pública. A pessoa não pode estar na fila de adoção, precisa ter a ciência que não vai ser o pai ou a mãe, mas vai cuidar pelo tempo que a criança precisa ficar afastada da família de origem. Caso não seja possível retornar para a família, ela pode ser encaminhada para adoção, mas a família acolhedora não pode adotar. Existe uma ajuda de custo para quem for família acolhedora.
"Quem tiver interesse pode falar com a Secretaria da Assistência Social. Vamos pedir documentos bem específicos nesse caso, para garantir que a criança esteja bem cuidada. Lembrando sempre que a proposta de todos os serviços de acolhimento é o retorno para a família de origem", disse Sara.
Apadrinhamento afetivo
Sara elucida que o apadrinhamento afetivo vem para atender casos que possivelmente a criança vai passar por um longo período dentro da instituição. O apadrinhamento convida a comunidade para esse engajamento voluntário, destinado para quem tiver interesse e não precisa ser de São Leopoldo. As famílias interessadas precisam ter mais de 21 anos, ter residência onde possa receber a criança e funciona como um dindo, um adulto que pode participar de uma festa na escola, que vai buscar para passear no final de semana, que vai poder levar em uma viagem de férias e que vai também educar, chamar atenção, ser uma referência de um cuidado familiar que a criança está privada de ter.
"São as pessoas que nos acessam, elas preenchem uma ficha, a equipe técnica marca uma entrevista, a família participa de uma qualificação que a assistência vai trazer o perfil das crianças com o perfil de apadrinhamento. Os padrinhos podem estar na lista de adoção, mas o apadrinhamento afetivo não se destina a adoção. Se a família de origem consegue superar a dificuldade, tanto o padrinho quanto a família acolhedora podem manter contato".
República
A república será no antigo Cras Centro, com dez vagas para jovens de 18 a 21 anos que passaram pela instituição de acolhimento. Sara explica os motivos que fizeram surgir a ideia da república. "Essa iniciativa veio porque eles podem ficar até os 18 anos. A república vai atender jovens de 18 a 21 anos que passaram pelas instituições, para que eles aprendam a ter autonomia, como cozinhar, lavar a roupa e entre outras atividades, além de não ficarem desamparados após completarem a maioridade."
Para tirar dúvidas sobre os novos programas, entre em contato pelo telefone/WhatsApp: (51) 99337-7250.
Experiência de Sapucaia do Sul
O serviço de família acolhedora já existe em Sapucaia do Sul desde 6 de junho de 2018. Podem se candidatar pessoas maiores de 18 anos, que residam em Sapucaia, com disponibilidade de tempo, interesse em oferecer proteção e afeto, que tenham concordância em realizar o acolhimento por parte de todos os membros da família, parecer psicossocial favorável, sem antecedentes criminais e sem estar no cadastro de adoção. O município dispõe de uma bolsa auxílio para o custeio das necessidades básicas do período de acolhimento das crianças e adolescentes. Para mais informações entrar em contato pelo Whatsapp (51) 9252-8659.
A Prefeitura de São Leopoldo vai lançar seus novos programas assistenciais de acolhimento para crianças e adolescentes. Será no dia 15 de março, quando ocorrerá um seminário para apresentar as mudanças. Na mesma data, começa o período de vigência das novas alternativas institucionais, como apadrinhamento afetivo, família acolhedora, república e guarda subsidiada. Hoje somente o apadrinhamento afetivo já está ocorrendo. A Câmara aprovou as propostas em dezembro passado.
Antes, quando uma criança tinha seus direitos violados, era encaminhada diretamente para o acolhimento em São Leopoldo, conhecido antigamente como orfanato. Dessa forma, a criança muitas vezes perdia abruptamente o vínculo com a sua escola, bairro e família. No acolhimento, devido ao alto número de crianças e adolescentes, ela não possuía uma figura adulta de referência e, principalmente, uma forma de afeto constante, em um momento conturbado da vida, privada da sua individualidade.
O acolhimento é uma ferramenta importante para proteger os direitos das crianças e adolescentes, porém, esse cenário descrito anteriormente está gradualmente mudando, não apenas em São Leopoldo, mas em todo o País. O secretário de Assistência Social, Fábio Bernardo da Silva, explica que tudo iniciou com uma pesquisa sobre os acolhimentos.
"Se mostrou que o acolhimento nem sempre é o mais indicado. Não quer dizer que a criança vá para o acolhimento, vai ser o melhor lugar para ela ir, e não o convívio familiar. Mas nós em São Leopoldo só tínhamos o acolhimento institucional. Então tratamos no ano de 2022 muito isso, da importância de ter esses serviços e por último criamos um projeto de lei que foi votado por unanimidade pela câmara de Vereadores."
Evolução do processo de atendimento
A diretora de Proteção Social Especial da secretaria, Loreto Riveros, explica que essa mudança é uma tendência nacional. "Não é de agora que nasce essa ideia, estamos há um ano e meio organizando esse trabalho. Não somos uma vanguarda, essa tendência existe em todo o País e começou em 2009. As cidades vizinhas já estavam com a família acolhedora. Não é mais indicado colocar as crianças no antigo orfanato. Ela sofre primeiro uma violência em casa, fazendo com que ela precise ir à instituição de acolhimento. Nisso se passam meses ou anos, que também é outra forma de violência que a criança sofre."
Para a chefe do programa de Família Acolhedora, Sara Fernandes, essa é uma tendência que veio para ficar. "Percebemos quanto é danoso deixar por muito tempo em um espaço que vai ter a proteção, mas não vai ter a individualidade", explica a profissional.
No ano de 2021, o número de crianças acolhidas em São Leopoldo era de 105. Na atualidade, são em torno de 74. O secretário lembra que em 2005, o Município chegou a ter 180 crianças acolhidas, sendo uma redução de 58% se compararmos 2005 e os dias de hoje. Para ele, a ideia é blindar as famílias da fome e da necessidade financeira, possibilitando que as crianças não tenham que ser recolhidas de suas casas por esses motivos. "Temos o programa São Léo Mais Renda, São Léo Mais Comida no Prato e São Léo Mais Acolhedor, que formam um tripé que vai dar muitos resultados nos próximos anos", explica.
Confira quatro alternativas às casas de passagens no Município
Guarda subsidiada
A ideia da guarda subsidiada é buscar alguém próximo da família, que possa cuidar da criança, com a ajuda de custo, no valor de um salário mínimo. As pessoas não podem solicitar a guarda subsidiada diretamente, tudo é escolhido e tramitado judicialmente. Com isso, a criança pode ficar junto do seio familiar, da vivência na sua comunidade, evitando que precise ser colocada no acolhimento e ela tenha que mudar de escola e ter dificuldade de falar com amigos e colegas. Essa é a primeira abordagem que será tomada após casos que demandem a perda da guarda temporária.
"Acho que isso vai ser muito interessante para nós evitarmos outro trauma dessa criança ou desse adolescente. A ideia é que essa criança possa voltar para o convívio familiar, só em última hipótese ficar no acolhimento", disse o secretário.
Família acolhedora
Na família acolhedora, a criança vai morar temporariamente com uma família, que vai fazer o cuidado integral da criança ou do adolescente, por isso, esse programa faz parte de uma política pública. A pessoa não pode estar na fila de adoção, precisa ter a ciência que não vai ser o pai ou a mãe, mas vai cuidar pelo tempo que a criança precisa ficar afastada da família de origem. Caso não seja possível retornar para a família, ela pode ser encaminhada para adoção, mas a família acolhedora não pode adotar. Existe uma ajuda de custo para quem for família acolhedora.
"Quem tiver interesse pode falar com a Secretaria da Assistência Social. Vamos pedir documentos bem específicos nesse caso, para garantir que a criança esteja bem cuidada. Lembrando sempre que a proposta de todos os serviços de acolhimento é o retorno para a família de origem", disse Sara.
Apadrinhamento afetivo
Sara elucida que o apadrinhamento afetivo vem para atender casos que possivelmente a criança vai passar por um longo período dentro da instituição. O apadrinhamento convida a comunidade para esse engajamento voluntário, destinado para quem tiver interesse e não precisa ser de São Leopoldo. As famílias interessadas precisam ter mais de 21 anos, ter residência onde possa receber a criança e funciona como um dindo, um adulto que pode participar de uma festa na escola, que vai buscar para passear no final de semana, que vai poder levar em uma viagem de férias e que vai também educar, chamar atenção, ser uma referência de um cuidado familiar que a criança está privada de ter.
"São as pessoas que nos acessam, elas preenchem uma ficha, a equipe técnica marca uma entrevista, a família participa de uma qualificação que a assistência vai trazer o perfil das crianças com o perfil de apadrinhamento. Os padrinhos podem estar na lista de adoção, mas o apadrinhamento afetivo não se destina a adoção. Se a família de origem consegue superar a dificuldade, tanto o padrinho quanto a família acolhedora podem manter contato".
República
A república será no antigo Cras Centro, com dez vagas para jovens de 18 a 21 anos que passaram pela instituição de acolhimento. Sara explica os motivos que fizeram surgir a ideia da república. "Essa iniciativa veio porque eles podem ficar até os 18 anos. A república vai atender jovens de 18 a 21 anos que passaram pelas instituições, para que eles aprendam a ter autonomia, como cozinhar, lavar a roupa e entre outras atividades, além de não ficarem desamparados após completarem a maioridade."
Para tirar dúvidas sobre os novos programas, entre em contato pelo telefone/WhatsApp: (51) 99337-7250.
Experiência de Sapucaia do Sul
O serviço de família acolhedora já existe em Sapucaia do Sul desde 6 de junho de 2018. Podem se candidatar pessoas maiores de 18 anos, que residam em Sapucaia, com disponibilidade de tempo, interesse em oferecer proteção e afeto, que tenham concordância em realizar o acolhimento por parte de todos os membros da família, parecer psicossocial favorável, sem antecedentes criminais e sem estar no cadastro de adoção. O município dispõe de uma bolsa auxílio para o custeio das necessidades básicas do período de acolhimento das crianças e adolescentes. Para mais informações entrar em contato pelo Whatsapp (51) 9252-8659.