PREVENÇÃO
ESPOROTRICOSE: Cresce número de notificações de doença que afeta gatos e também humanos
Capacitação em Dois Irmãos esclareceu autoridades de saúde sobre a doença
Última atualização: 09/04/2024 08:23
Representantes de 37 municípios da 1ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS) estiveram em Dois Irmãos, na segunda-feira (8), se capacitando para lidar com a doença da “arranhadura do gato”, a esporotricose.
A capacitação no Complexo Esportivo Municipal Norberto Emílio Rübenich buscou orientar os participantes sobre como agir em caso da doença, que pode afetar tanto humanos quanto animais, principalmente gatos.
Segundo o Centro Estadual de Vigilância em Saúde, nos últimos quatro anos, foram 928 notificações de esporotricose em animais no Estado. Em 2020 foram nove casos, pulando para 85 no ano seguinte. Em 2022 foram 209 notificações e no ano passado chegou a 625. Neste ano, até março, são 102 notificações de casos da doenças em animais.
“O motivo deste crescimento se deve ao aumento do número de notificações de animais doentes devido à sensibilização de médicos veterinários sobre a doença e sobre a importância da notificação”, analisa a médica veterinária do Centro Estadual de Vigilância em Saúde, Carolina Schell Franceschina.
Carolina explica que a principal forma de evitar que o gato se contamine pelo fungo causador da esporotricose é por meio da guarda responsável, ou seja, evitando que o mesmo tenha acesso à rua e ao contato com outros animais doentes.
Em caso de animais doentes, é importante que os veterinários notifiquem as secretarias de Saúde dos seus municípios. “É por meio delas que o Estado consegue mapear e monitorar os casos no Rio Grande do Sul”, acrescenta.
Secretário de Saúde de Dois Irmãos, Ismael Nervo diz que o município vem recebendo relatos da doença em animais desde o segundo semestre de 2023. “Os bairros com maior incidência são Beira Rio e Industrial”, informa o secretário. Também em Dois Irmãos, frisa Nervo, teve um caso humano, mas foi atendido pela rede privada de saúde.
O que é esporotricose
A esporotricose é uma micose profunda provocada por fungos da família Sporothrix – encontrados na terra e em materiais em decomposição, como madeiras, galhos, folhas – e que pode afetar animais e humanos.
A doença se manifesta quando há contato dos fungos com partes mais profundas da pele, por meio de um corte. Especialmente em áreas mais urbanas, a arranhadura ou mordedura de animais doentes, sendo o gato o mais comum, são a principal forma de contaminação.
O desenvolvimento da lesão inicial é bem similar a uma picada de inseto, podendo evoluir para cura espontânea. Em casos mais graves, por exemplo, quando o fungo afeta os pulmões, podem surgir tosse, falta de ar, dor ao respirar e febre. Na forma pulmonar, os sintomas se assemelham aos da tuberculose.
O tratamento deve ser realizado após a avaliação clínica, com orientação e acompanhamento médico. A duração do tratamento pode variar de três a seis meses, ou mesmo um ano, até a cura do indivíduo.
Tratamento oferecido pelo SUS
Bióloga da 1ª CRS, Louise Ribeiro Bach orienta que as secretarias municipais de meio ambiente trabalhem integradas com a Vigilância em Saúde para o controle populacional ou tratamento dos animais infectados. Já para humanos, o tratamento da doença é ofertado pelo SUS.