Uma das últimas ações dos antigos gestores da Cooperativa Piá, que atualmente são investigados pela Polícia Civil por atos suspeitos, foi discutir a venda da cooperativa para um grupo concorrente, cuja sede fica no município de Toledo, Paraná. A informação foi levantada por uma auditoria externa contratada pela atual diretoria da Piá.
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Os auditores encontraram informações sobre os planos dos ex-dirigentes em uma ata do Conselho de Administração do dia 11 de maio de 2023. Seis dias depois, no dia 17 de maio, os ex-gestores da Piá renunciaram aos cargos. O assunto foi o terceiro item da pauta daquele dia.
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A proposta, conforme consta em ata, era vender a planta de laticínios e frutas pelo total do passivo da cooperativa. O documento demonstra que o assunto estava encaminhado, inclusive, com os conselheiros julgando a proposta como “a melhor condição”. A negociação contraria o estatuto da Cooperativa Piá e ignora o interesse de todo o quadro social da empresa, que é composto por mais de 20 mil cooperados. Na avaliação dos auditores, os ex-gestores trataram a Piá como se fosse de um grupo pequeno de sócios.
Polícia quer saber se ex-gestores receberiam alguma vantagem
A partir dessa notícia, a Polícia quer entender o contexto da negociação e saber se os ex-diretores ganhariam vantagens indevidas caso o negócio se concretizasse. Ao solicitar os mandados de busca e apreensão em seis endereços ligados aos ex-gestores – que foram cumpridos na última semana -, o delegado Fabio Idalgo Peres classificou a ideia dos investigados como uma “tentativa débil”.
“São situações que merecem ser individualizadas, pormenorizadas, quantificadas sob o aspecto do locupletamento ilícito, por meio do inquérito policial e sob o ponto de vista criminal, uma vez que visavam apenas e tão somente o lucro de si próprios, o conhecimento privilegiado para ‘ganhar’ vantagem indevida e métodos escusos”, assinalou Perez em documento entregue no Fórum de Nova Petrópolis.
Justiça autoriza o bloqueio de R$ 15 milhões em bens de ex-diretores
A operação batizada de Via Láctea foi desencadeada pela Polícia Civil na última quinta-feira (30). Os agentes cumpriram seis mandados de busca e apreensão em quatro cidades: Nova Petrópolis, Dois Irmãos, Feliz e Ivoti. Nos endereços, a Polícia apreendeu documentos, cadernos com anotações, diversos aparelhos celulares e computadores que estavam em poder dos investigados. Estes documentos e aparelhos eletrônicos serão objetos de investigação.
Além das buscas, a Justiça autorizou o sequestro de bens de ex-diretores na ordem de R$ 15 milhões. Entre os bens bloqueados pelo judiciário estão carros e saldos em contas bancárias.
“Não venderemos a Cooperativa”, garante atual diretor
Eleito presidente da Piá após a renúncia dos ex-gestores, Jorge Dinnebier não fala sobre os ex-gestores e seus atos suspeitos, entretanto, afirma que a venda da cooperativa está fora de cogitação. “Este assunto nunca foi pauta do atual conselho. Assumimos a direção em junho deste ano para honrar mais de meio século de história. Não venderemos a cooperativa”, garante.
Dinnebier recorda a relação da família com a cooperativa para defender a sua reestruturação, mesmo que seja uma “volta às origens”, e não pautar sua venda. “Sou filho de um dos fundadores e faço parte do quadro associativo desde 1986. Hoje, a Piá vai muito além dos produtos, é uma rede que fortalece os produtores, movimenta a economia, mantém famílias e comunidades sustentáveis. Não podemos deixar esse legado para trás.”
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