SOB SUSPEITA
COOPERATIVA PIÁ: Ex-diretores pagam R$ 1,6 milhão por máquina que nunca chegou da China
Ex-diretores teriam contratado empresa de comércio exterior de São Paulo para intermediar a compra
Última atualização: 04/12/2023 08:42
A compra de uma máquina para a fabricação de produtos laticínios, como queijos, é mais um ponto que precisa ser esclarecido por ex-gestores da Cooperativa Piá, que na quinta-feira (30) foram alvos de uma operação da Polícia Civil.
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Uma auditoria externa contratada pela atual gestão da cooperativa identificou que os antigos diretores investiram mais de R$ 1,6 milhão em um contrato de importação de um equipamento da China que, até o momento, não chegou à sede da Piá.
Tal máquina teria sido adquirida através de uma empresa de comércio exterior de São Paulo. Segundo relatório da Polícia, ao qual o Grupo Sinos teve acesso com exclusividade, não há contrato, nem documentos que comprovem a transação, tampouco ação judicial que embase a aquisição deste equipamento.
Embora a Cooperativa Piá tenha pago, o valor teria sido reconhecido como “perda” por ex-diretores.
Um dia após operação, Justiça coloca processo em segredo
Nesta sexta-feira (1º), um dia após a operação que apreendeu documentos, cadernos com anotações, aparelhos celulares, computadores e dinheiro em seis endereços, a Justiça colocou o processo que irá determinar os desdobramentos da investigação em segredo. O caso tramita desde 21 de novembro na Vara Judicial da Comarca de Nova Petrópolis.
As buscas foram autorizadas pela Justiça, que também determinou o sequestro de bens de ex-diretores na ordem de R$ 15 milhões. Foram cumpridos mandados em Nova Petrópolis, Dois Irmãos, Feliz e Ivoti.
Dinheiro para compra de veículos leiloados pela Piá
No dia em que a operação Via Láctea foi deflagrada, o Jornal NH revelou outro esquema que está entre as movimentações suspeitas de ex-gestores.
O relatório da Polícia Civil que embasou os pedidos de busca e apreensão em endereços de ex-diretores da Piá coloca sob suspeita a venda de quatro veículos. A suspeita é de que o dinheiro que viabilizou a referida compra por uma empresa de representações comerciais tenha saído dos cofres da própria cooperativa. O cenário apresentado no documento entregue à Justiça mostra o seguinte:
a) Com dificuldades financeiras, a Cooperativa Piá decide vender veículos;
b) No dia 1º de agosto de 2022, uma empresa compra um lote de veículos da Piá e paga R$ 114.540,00. O pagamento foi feito através de dois PIX. Essa empresa seria laranja do suposto esquema fraudulento;
c) No mesmo dia [1/8/2022], a Cooperativa Piá repassa ao filho do então presidente o valor de R$ 114.540,00 a título de “prestação de serviços de consultoria”. Não há comprovação do serviço prestado;
d) A referida empresa de consultoria, do filho do então presidente da Piá, também tem entre os sócios donos da empresa que adquiriu o lote de veículos.
Para a Polícia Civil, o que ocorreu foi um contrato simulado em que o filho do então presidente da cooperativa repassa os valores para a empresa laranja para simular a compra dos veículos.