Nos últimos, dias os casos de dermatite e outras irritações de pele aumentaram em Três Coroas, e a causa principal é o crescimento da população de mariposas. É que o inseto do gênero Hylesia é capaz de causar problemas de pele quando em contato com humanos.
A principal preocupação da Secretaria Municipal de Saúde e Assistência Social, é que a presença massiva dos animais possa levar a um surto de dermatite. Segundo o órgão, são cerca de 20 paciente por dia atendidos com sintomas problemas causados pelo bichinho. “O aumento expressivo da presença das mariposas do gênero Hylesia pode causar um surto de dermatite”, alerta a secretária de Saúde do município, Carla Cristina Muller.
De acordo com especialistas, apenas o pó que é solto pelas mariposas pode causar irritação. Em paralelo a esses problemas de pele, as autoridades deixam claro que não é recomendável que se faça uma caça aos insetos, especialmente com uso de inseticidas.
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Isso porque além de as próprias mariposas terem um papel importante no equilíbrio ecológico, o uso indiscriminado de venenos podem colocar em risco outras espécies. “A gente tem que ter muito cuidado porque as pessoas se assustam e começam a usar veneno, pois os venenos não são seletivos e eles acabam matando muitos outros animais”, explica o professor do curso de Ciências Biológicas da Universidade Feevale, Marcelo Pereira de Barros.
“A gente deve se proteger, mas não sair por aí matando mariposas enlouquecidamente. Como não desejamos matar também serpentes, porque eles têm um papel ali de manutenção de equilíbrio do sistema”, reforça.
Carla reforça o posicionamento do especialista. “É recomendado que não sejam eliminadas as mariposas devido ao seu importante papel ecológico, tanto como polinizadores quanto como alimento de diversas espécies de predadores.”
Sem risco
O especialista ressalta que apesar mesmo com problemas de pele, a mariposa não representa qualquer risco à vida humana, contudo ele lembra que as reações variam. “Algumas pessoas vão ter contato com a Hylesia e praticamente não vão ter nada, não vão sentir. Outras vão ter reações alérgicas, o corpo vai responder de maneira mais forte”, afirma Barros.
Mesmo assim, o professor da Feevale lembra que a Hylesia não representa um risco maior à saúde. “Não é um animal potencialmente extremamente perigoso, que não vai causar grandes danos à saúde. Claro, tendo aquela dermatite tem que procurar um posto de saúde.”
Prevenção
Manter janelas fechadas a noite é considerada uma das formas mais eficazes para evitar o contato com esses insetos. “As mariposas normalmente são noturnas. Então elas podem vir, por exemplo, para dentro de uma sala ou para cima de uma cama, em algum quarto, que a luz esteja acesa”, explica Barros, lembrando que esses insetos são atraídos pela luz.
Já a Secretaria da Saúde da cidade vai além, e complementa as orientações para prevenção. Entre as dicas está o de evitar o uso de vassouras para retirar animais mortos, e ao invés disso é recomendado utilizar panos úmidos ou usar água no chão, o que evita que o pó das vespas se espalhem pela casa.
“Contato com as cerdas da mariposa pode causar lesões na pele devido a ação mecânica, podendo se agravar para um quadro de dermatite, esses acidentes recebem o nome de lepidopterismo”, reforça Carla. Lavagem de paredes e também ajuda a minimizar a colocação de ovos dos insetos.
Em caso de contato com a mariposa, a principal orientação é buscar ajuda profissional. “Um atendimento que pode ser feito é compressa de água fria, não toma nenhum tipo de medicamento, e procurar o auxílio médico”, aponta Barros dizendo que remédios podem mascarar outros sintomas e prejudicar o atendimento.
Crescimento populacional
A alta no número de mariposas têm sido natural e, segundo Barros, não há qualquer fenômeno excepcional para este aumento. “Ecologicamente falando, algumas espécies têm explosões populacionais, a gente chama isso de booms populacionais”, explica o professor dizendo que há algumas décadas diversas cidades registram esse aumento dos insetos no período de verão.
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Só que mesmo sem nenhum fenômeno excepcional, Barros destaca como a urbanização colabora para esse aumento de insetos. “Como a gente tem muito avanço das cidades em cima das áreas de vegetação, dos recursos hídricos também, cada vez a gente tem mais esse encontro dos animais, da nossa fauna nativa”, aponta o professor.