A conscientização no trânsito é uma das principais apostas do Departamento Estadual de Trânsito do Rio Grande do Sul (Detran-RS) para reduzir o número de acidentes nas estradas gaúchas. Além de apoiar o investimento de melhorias nas rodovias e a intensificação da fiscalização, o órgão acredita que a mudança de comportamento tanto de motoristas quanto de pedestres também é fundamental.
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Um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) revela que o Brasil está entre os países com o maior número de mortes no trânsito, ficando atrás apenas da Índia e da China. De acordo com a diretora institucional do Detran-RS, Diza Gonzaga, um dos objetivos do órgão é prevenir fatalidades por meio da conscientização.
“O Rio Grande do Sul apresenta índices positivos, aqui temos a capital que menos faz mistura de álcool e direção, e isso tem papel decisivo do Detran. É um trabalho de conscientização”, afirma.
Apesar dos avanços, os números de acidentes ainda são alarmantes. A RS-239 registrou 17 mortes somente em 2024, um aumento de mais de 70% em relação ao ano anterior. Medidas como a redução dos limites de velocidade já foram implementadas, mas ainda é preciso avançar.
“O que circulam nas estradas não são máquinas, são vidas. É unir a fiscalização no trânsito com a conscientização de cada um. A consciência de proteger a si mesmo e aos outros”, pondera Diza.
Responsável por acompanhar o trabalho dos Centro de Formação de Condutores (CFCs), o Detran realiza constante atualização de instrutores de trânsito com o foco de melhorar ainda mais o ensinamento dado aos futuros motoristas. “É essencial que a formação dos condutores tenha como finalidade principal a preservação da vida do trânsito”, reforça Diza.
Ensinar novos motoristas é um desafio constante
Para quem está na linha de frente da formação de novos condutores, como o instrutor Darci Luiz Silveira Rosa, de 45 anos, o trabalho é repleto de desafios. Há 16 anos atuando em um centro de formação de condutores em Campo Bom, Darci enfrenta diariamente a missão de conscientizar e educar. “O principal desafio é justamente fazer com que as novas gerações entendam a importância de se tornarem motoristas que fazem a diferença no trânsito”, afirma.
A intolerância e a falta de respeito entre motoristas são alguns dos aspectos mais delicados. “A conscientização pode ser trabalhada nas aulas práticas, trazendo situações do cotidiano como exemplos. Isso ajuda a criar uma percepção mais realista e responsável sobre o que enfrentamos no trânsito”, explica Darci.
Pai de Gabrielle Bosenbecker Rosa, 18 anos, que em breve começará suas aulas para obter a carteira de motorista, Darci espera que a filha se torne um exemplo de boa conduta no trânsito. “O que mais desejo ensinar à minha filha, futura motorista, é que ela seja o exemplo. Nas aulas, mostro aos alunos as melhores condutas que um motorista consciente deve ter, e espero que ela leve isso para a vida”, conclui.
Motoristas do futuro
Prestes a iniciar suas aulas de direção, Gabrielle já sente a pressão de assumir o volante. “O nervosismo faz parte, mas quero ser uma motorista que respeite todas as leis”, comenta.
A jovem se preocupa principalmente com a falta de respeito entre os motoristas. “Muitos brigam, fecham uns aos outros, são desrespeitosos. Isso me deixa um pouco aflita”, admite Gabrielle.
Manuela Borges Heinen, 19 anos, está há três meses com sua carteira de motorista provisória e já percebe que dirigir envolve muita responsabilidade. “O tipo de motorista que eu não gosto é aquele que só pensa em si. Esses geralmente ignoram a segurança dos outros”, reflete.
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No entanto, apesar de se sentir incomodada com motoristas desrespeitosos, Manuela sabe da importância de fazer sua parte. “Tento ao máximo ser uma motorista correta, ando com segurança e cautela. Todas as pessoas no trânsito são importantes e todo mundo quer chegar em casa bem, então não vou fazer o que não gostaria que outras pessoas fizessem”, finaliza.