20 DE NOVEMBRO
Consciência negra é luta diária e vai além da data
"Para nossa luta, novembro acontece o ano todo", diz titular da Sedhu
Última atualização: 20/11/2023 08:07
"Você não precisa ser negro para lutar contra o racismo, você precisa ser humano para lutar contra esse crime e ter atitudes antirracistas". A frase da secretária de Direitos Humanos de São Leopoldo (Sedhu), Nadir Teresinha de Jesus, resume bem o objetivo do Dia da Consciência Negra, que é celebrado nesta segunda-feira (20).
Para Nadir, o dia 20 é primordial para a luta antirracista. "Novembro é um mês muito importante, pois se homenageia o nosso grande líder Zumbi dos Palmares, que foi assassinado no dia 20 de novembro de 1695, e também pelo criador da data, o professor Oliveira Silveira (que é tema de mostra especial no saguão da Prefeitura)."
Batalha que segue
Segundo a titular da Sedhu, a Consciência Negra vai além de uma data. "É um mês de muitas reflexões e debates, mas para nossa luta, o mês de novembro acontece o ano todo."
Embora sejam muitos os desafios, Nadir ressalta que São Leopoldo possui algumas melhorias referentes ao tema. "O racismo, além de ser histórico, está enraizado nas estruturas. Mas avançamos em algumas pautas." Entre as melhorias citadas por ela, estão o selo São Leopoldo sem Racismo, o Comitê da Saúde da População Negra e a Biblioteca Afro.
Nadir menciona ainda o trabalho mantido pela secretaria na defesa dos direitos das pessoas negras. "Recebemos mensalmente denúncias referentes ao crime em escolas e empresas, e temos o fluxo de receber as pessoas aqui na Sedhu. Nisso, fazemos o acolhimento, vamos até o local onde o crime ocorreu, sugerimos sempre fazer o B.O, além de promover debates e oficinas nos locais onde já aconteceu o crime de racismo."
Resistência
Formada em Recursos Humanos, a leopoldense Tânia da Silveira, de 63 anos, faz parte do movimento negro há mais de 30 anos. Ela conta que seu conhecimento a respeito do combate ao racismo foi adquirido gradativamente com o passar dos anos.
Para Tânia, um dos avanços mais importantes é a representatividade. "Quando se vê pessoas negras circulando por espaços onde normalmente a maioria das pessoas seriam brancas, a gente fica feliz porque o povo vai se emancipando dessa forma."
Antirracismo na praça
Em alusão a essa luta, a programação do Novembro Negro de São Leopoldo começou neste domingo (19), na Praça 20 de Setembro (a da Biblioteca), com o tema São Leopoldo Sem Racismo: Olhar para Trás para Ressignificar o Presente e Construir o Futuro. De forma gratuita, o evento traz praça de alimentação, Expo Black e diversas atrações culturais e shows para a comunidade. As atividades iniciariam no sábado (18), mas foram adiadas devido à previsão de chuva.
Por isso, a programação de sábado está sendo realizada nesta segunda, das 11 e 22 horas. No domingo, as atrações incluíram as apresentações do grupo de dança Nossas Raízes, o Coral Xangô da Mara Virgem, o Pagode do Biro, apresentações da Escola de Samba Império do Sol, um tributo a Tim Maia feito pelo artista Neno Baz e um show do músico Dhema.
O evento é realizado pelo Departamento de Igualdade Racial e do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial, da Sedhu. As ações têm a parceria das Secretarias Municipais de Educação, Meio Ambiente, Mobilidade e Serviços Urbanos e da empresa Sicredi.
Espaço e representatividade
A psicóloga leopoldense Bruna Reis, 32 anos, participante da Expo Black, é artesã desde a pandemia e dividiu a tenda com sua mãe, Nara Reis. “Aqui temos um espaço para expor nossos trabalhos, mas também para a gente se unir e conhecer os outros”, diz. Integrante do Movimento Negro há cinco anos, Bruna começou a ter mais contato com a luta na faculdade.
“Sempre senti aquela sensação de que eu vivia situações nitidamente racistas mas não tinha a quem recorrer, até que conheci um colega que tinha um conhecimento maior do que o meu, apresentou autores negros dentro da psicologia e eu comecei a lê-los”, continua. Para Bruna Reis, o Novembro Negro é fundamental para que mais pessoas negras se sintam representadas assim como ela sentiu ao conhecer os autores.
“Acho de extrema importância passar essa ancestralidade para os mais novos. Temos que resgatar nossa história, desconstruir as relações raciais e enxergar o racismo de fato”, finalizou.
"Você não precisa ser negro para lutar contra o racismo, você precisa ser humano para lutar contra esse crime e ter atitudes antirracistas". A frase da secretária de Direitos Humanos de São Leopoldo (Sedhu), Nadir Teresinha de Jesus, resume bem o objetivo do Dia da Consciência Negra, que é celebrado nesta segunda-feira (20).
Para Nadir, o dia 20 é primordial para a luta antirracista. "Novembro é um mês muito importante, pois se homenageia o nosso grande líder Zumbi dos Palmares, que foi assassinado no dia 20 de novembro de 1695, e também pelo criador da data, o professor Oliveira Silveira (que é tema de mostra especial no saguão da Prefeitura)."
Batalha que segue
Segundo a titular da Sedhu, a Consciência Negra vai além de uma data. "É um mês de muitas reflexões e debates, mas para nossa luta, o mês de novembro acontece o ano todo."
Embora sejam muitos os desafios, Nadir ressalta que São Leopoldo possui algumas melhorias referentes ao tema. "O racismo, além de ser histórico, está enraizado nas estruturas. Mas avançamos em algumas pautas." Entre as melhorias citadas por ela, estão o selo São Leopoldo sem Racismo, o Comitê da Saúde da População Negra e a Biblioteca Afro.
Nadir menciona ainda o trabalho mantido pela secretaria na defesa dos direitos das pessoas negras. "Recebemos mensalmente denúncias referentes ao crime em escolas e empresas, e temos o fluxo de receber as pessoas aqui na Sedhu. Nisso, fazemos o acolhimento, vamos até o local onde o crime ocorreu, sugerimos sempre fazer o B.O, além de promover debates e oficinas nos locais onde já aconteceu o crime de racismo."
Resistência
Formada em Recursos Humanos, a leopoldense Tânia da Silveira, de 63 anos, faz parte do movimento negro há mais de 30 anos. Ela conta que seu conhecimento a respeito do combate ao racismo foi adquirido gradativamente com o passar dos anos.
Para Tânia, um dos avanços mais importantes é a representatividade. "Quando se vê pessoas negras circulando por espaços onde normalmente a maioria das pessoas seriam brancas, a gente fica feliz porque o povo vai se emancipando dessa forma."
Antirracismo na praça
Em alusão a essa luta, a programação do Novembro Negro de São Leopoldo começou neste domingo (19), na Praça 20 de Setembro (a da Biblioteca), com o tema São Leopoldo Sem Racismo: Olhar para Trás para Ressignificar o Presente e Construir o Futuro. De forma gratuita, o evento traz praça de alimentação, Expo Black e diversas atrações culturais e shows para a comunidade. As atividades iniciariam no sábado (18), mas foram adiadas devido à previsão de chuva.
Por isso, a programação de sábado está sendo realizada nesta segunda, das 11 e 22 horas. No domingo, as atrações incluíram as apresentações do grupo de dança Nossas Raízes, o Coral Xangô da Mara Virgem, o Pagode do Biro, apresentações da Escola de Samba Império do Sol, um tributo a Tim Maia feito pelo artista Neno Baz e um show do músico Dhema.
O evento é realizado pelo Departamento de Igualdade Racial e do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial, da Sedhu. As ações têm a parceria das Secretarias Municipais de Educação, Meio Ambiente, Mobilidade e Serviços Urbanos e da empresa Sicredi.
Espaço e representatividade
A psicóloga leopoldense Bruna Reis, 32 anos, participante da Expo Black, é artesã desde a pandemia e dividiu a tenda com sua mãe, Nara Reis. “Aqui temos um espaço para expor nossos trabalhos, mas também para a gente se unir e conhecer os outros”, diz. Integrante do Movimento Negro há cinco anos, Bruna começou a ter mais contato com a luta na faculdade.
“Sempre senti aquela sensação de que eu vivia situações nitidamente racistas mas não tinha a quem recorrer, até que conheci um colega que tinha um conhecimento maior do que o meu, apresentou autores negros dentro da psicologia e eu comecei a lê-los”, continua. Para Bruna Reis, o Novembro Negro é fundamental para que mais pessoas negras se sintam representadas assim como ela sentiu ao conhecer os autores.
“Acho de extrema importância passar essa ancestralidade para os mais novos. Temos que resgatar nossa história, desconstruir as relações raciais e enxergar o racismo de fato”, finalizou.