Em busca de maior protagonismo na apresentação de soluções para a crise ambiental, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) anunciou nesta quinta-feira (28) a criação da Secretaria Especial de Emergências Climáticas e Ambientais (Seecam). O novo órgão vai monitorar as diferentes áreas de pesquisa da instituição sobre as mudanças climáticas e prevenção a desastres.
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A Seecam é a primeira etapa de um projeto mais amplo da universidade: criar o Centro de Gestão de Riscos Climáticos e Ambientais. Este segundo passo serviria para buscar uma atuação mais ampla em parceria com outras universidades do Estado.
O objetivo da UFRGS é concentrar neste Centro uma série de pesquisadores e atividades relacionadas aos eventos climáticos extremos.
Chegar ao poder público
Durante as enchentes de maio deste ano, a instituição ganhou mais destaque perante a sociedade gaúcha, principalmente devido às atividades dos pesquisadores do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH/UFRGS). No entanto, passado o momento mais crítico da tragédia, tanto o governo estadual quanto o município de Porto Alegre buscaram consultorias externas para apontar medidas de mitigação dos riscos de enchentes.
Na apresentação do projeto da instituição gaúcha, a reitora da UFRGS, Marcia Barbosa, chamou atenção para o fato de que os apontamentos feitos pela consultoria externa já eram analisados pela universidade local.
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“Não precisa vir alguém de fora. Estou dando o benefício da dúvida para os diversos governos porque eles não sabiam o que a gente pode oferecer”, contemporizou a professora, afastando qualquer má vontade por parte dos governantes para com a instituição.
O governo de Porto Alegre chegou a pagar mais de R$ 7 milhões para a consultoria internacional, vinda da Holanda.
Com o novo projeto, a UFRGS, com apoio de outras universidades públicas e comunitárias do Estado, quer atuar de forma mais direta com os gestores públicos em relação à questão climática. A proposta é fazer um órgão multiplicador, com pesquisadores de diferentes áreas para atuar em projetos que vão da engenharia à educação ambiental.
“Nossas crianças precisam aprender na escola quais são os eventos climáticos, precisamos educar crianças para educar famílias, e educar gestores”, explicou a reitora Marcia ao falar sobre os projetos voltados para a educação.
Financiamento
Segundo o projeto, a criação da Seecam não terá custos adicionais para a universidade, já que a proposta é que esta sirva como uma espécie de centralizador das informações durante crises. Pesquisadores de diferentes áreas da universidade irão dialogar para dar uma resposta conjunta da universidade sobre questões ambientais.
Já o Centro de Gestão de Riscos Climáticos e Ambientais terá um custo, que inicialmente é avaliado em R$ 45 milhões. Para buscar este valor, a reitoria deve buscar apoio dos deputados federais. “Hoje o recurso das emendas parlamentares é maior do que o orçamento de toda uma secretaria”, detalhou Marcia sobre a busca pelos recursos. Além do dinheiro vindo dos deputados federais, a estratégia também contempla a busca de financiamento privado.
Proximidade
Os projetos também apontam para uma política de aproximação da universidade com a população. “Por enquanto a gente está no clubinho, falando para dentro”, avalia a reitora, relembrando o caso de um vendaval recente.
De acordo com ela, enquanto o governo enviava informações sobre a chegada do fenômeno a cada 12 horas, a universidade conseguia ter dados de forma muito mais rápida e mais detalhados.
Fazer com que informações como estas saiam do ciclo universitário e sirvam para orientar a sociedade como um todo está entre os principais objetivos dos novos projetos da universidade. Segundo a reitoria, com este projeto, a UFRGS busca se aproximar da população sem deixar de dizer “verdades inconvenientes”, como destaca Marcia.
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