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Conheça o perfil dos novos imigrantes no Rio Grande do Sul
Maioria dos estrangeiros que escolheram o Estado para viver moravam na fronteira ou em países com problemas humanitários
Última atualização: 11/01/2024 11:24
Um estudo publicado recentemente traça o perfil dos estrangeiros que escolheram o Rio Grande do Sul para viver. Uruguaios (36,8%), haitianos (18%) e venezuelanos (12,4%) são os imigrantes em maior número no Estado. Enquanto os vizinhos uruguaios se concentram principalmente na região da fronteira, com 40% deles concentrados no Chuí e em Santana do Livramento, haitianos e venezuelanos, que chegaram principalmente a partir de 2018, se espalham pelo território gaúcho.
As informações constam no "O perfil dos migrantes no Rio Grande do Sul", produzido pelo Departamento de Economia e Estatística, vinculado à Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (DEE/SPGG).
O material, divulgado no dia 22 de dezembro, foi elaborado a partir de dados do Sistema de Registro Nacional Migratório (Sismigra), da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) e do Cadastro Único para Programas Sociais do governo Federal.
Em números totais, a base de dados do Sismigra indica que, em fevereiro de 2022, o RS contava com 93.088 registros de migrantes. A Rais indicou, em dezembro de 2020, 20.992 migrantes formalmente empregados. E o Cadastro Único, com dados de agosto de 2022, mostra 32.505 registros de nacionais de outros países.
Em função das constantes chegadas de migrantes nos últimos meses, a publicação deve ser atualizada no próximo semestre, com um estudo complementar.
Dois perfis
Chefe da divisão de análise de políticas sociais do Departamento de Economia e Estatística da SPGG, o economista Tomás Fiori afirma que, desde o ano passado, o movimento migratório mais relevante no Estado é a chegada de venezuelanos.
Fiori observa que os imigrantes podem ser divididos em dois perfis distintos: imigrantes oriundos de países com condições humanitárias difíceis, como Haiti, Senegal e Venezuela, e de países que fazem fronteira com o Estado, como Uruguai e Argentina.
Baixa remuneração
Uma peculiaridade da situação dos imigrantes no Estado é em relação à remuneração. Diferentemente do País como um todo, aqui, o trabalho dos imigrantes vale menos.
"A gente observa, que é uma coisa preocupante, que os imigrantes no Brasil não têm remuneração muito menor que os brasileiros em ocupações com qualificação similar. Mas, no Rio Grande do Sul, é muito menor. Os imigrantes recebem até 30% a menos que um brasileiro com a mesma qualificação no mercado de trabalho", observa Fiori.
Como mão de obra, além de menos remunerados, os imigrantes são subaproveitados no Estado, analisa Fiori. "Muitos deles são qualificados, mais do que as posições que eles ocupam. Talvez algumas barreiras culturais possam estar impedindo que façamos o aproveitamento integral da capacidade de trabalho como propulsor da economia regional, já que vamos ter dificuldade de reposição de mão de obra no RS."
Ronny e Martha refizeram a vida em Novo Hamburgo
O casal Ronny Villanueva e Martha Trejo, ambos de 37 anos, deixou a Venezuela cinco anos atrás motivado por uma crise econômica, com uma alta inflação e uma moeda cada vez mais desvalorizada. Venderam tudo o que tinham, casa, carro, mobília. “O que não deu tempo de vender, nós demos. Botei todas as roupas na calçada e os vizinhos foram pegando”, recorda Marta.
Ele trabalhava no setor petrolífero, na perfuração de poços. Ela atuava na área social da prefeitura. Ronny conta que não recebia um mau salário, mas que era suficiente apenas para o mínimo. “Meu salário equivalia a uns cinco salários mínimos e não dava para cobrir os custos. Meu carro estava em quatro tijolos. Era só para se alimentar, não tinha como comprar nada. A inflação era muito alta. Você trabalhava só para comer. E quem ganhava menos que você, passava fome, era complicado, uma tristeza.”
Embarcaram para o Brasil com um bebê de colo e uma criança de dois anos. No início, a ideia era ir ao Peru, mas um amigo de Ronny, que vivia no país, os desestimulou, afirmando que havia muitos casos de xenofobia contra os venezuelanos no Peru. Foi também o preconceito que os fez decidir deixar Roraima. “Perdi um amigo que foi atropelado de maneira intencional por causa disso aí, vamos falar, racismo. Foi muito triste para mim”, recorda Ronny.
Após passarem por Boa Vista, em Roraima, e Santarém, no Pará, chegaram a Esteio e, depois, Novo Hamburgo. A família vive há quatro anos na cidade. Os filhos cresceram no Brasil. Camilo tem sete anos e Mathias, cinco. Nos últimos meses, a família ganhou nova integrante, a cachorrinha Selva.
Após passarem por diversos empregos, Martha trabalha hoje com venda de cursos on-line e Ronny retornou à área de perfuração, em uma empresa que perfura poços artesianos para irrigação na região das Missões. Trabalha 15 dias lá e descansa 5 com a família. Martha quer atuar na área social da Prefeitura, voltando a sua área profissional. Os próximos passos são comprar uma casa no município e reunir novamente a família. Ronny tem dois irmãos no Norte do país, que querem vir para o Sul. Os pais de Martha estão na Venezuela e planejam vir ao Brasil.
Imigrantes não 'roubam' empregos
Nas países onde chegam, os imigrantes estão habituados a ouvir que estão “roubando” empregos dos nativos. Não é diferente no Estado.
Para o economista Tomás Fiori, há um componente de racismo na ideia de que imigrantes devem assumir funções de menor qualificação. “É plausível em uma sociedade como a nossa reproduzir dificuldades que os imigrantes enfrentam, por exemplo, na Europa. Você vai ver um refugiado, sobretudo de pele escura, em condição humanitária emergencial, é uma mão de obra vulnerável, que vai se sujeitar a tarefas inferiores, mesmo que possa ter uma capacidade maior. Seguramente o profissional brasileiro não quer enxergar esse cara como concorrente.”
O venezuelano Ronny, que fez um curso de dois anos de gastronomia antes de sair de seu País, refuta esse tipo de pensamento. Ele argumenta que se qualificou para poder acessar as vagas de trabalho que teve no Brasil. “Eu não vou chegar e assumir um lugar para o qual não sou qualificado. Eu fiz igual aos demais: entreguei um currículo, fiz entrevista, fiz prova. Se eu fiquei, foi porque eu conquistei esse lugar.”
Jorge Manuel está chegando aos poucos
Natural da província de Rio Negro, perto de Bariloche, Sul da Argentina, há três anos, Arrascoyta vem ao Brasil para trabalhar por temporada e retorna ao país de origem. Em Caxias do Sul, atua na colheita da uva, como safrista. Ele conta que já trabalhou também em Porto Velho, Rondônia, na colheita de soja e milho.
No final do ano, Arrascoyta passou por Novo Hamburgo, a caminho de Caxias do Sul. Agora, o argentino quer validar seu diploma de engenheiro agrônomo para poder atuar em sua profissão no Rio Grande do Sul.
O objetivo é fixar residência na região de Eldorado do Sul. No município, ele atua em uma ONG que trabalha pela preservação do bugio ruivo. “Quero ficar aqui, gosto muito do jeito dos brasileiros, eu amo o Brasil”, diz.
Cerca de mil imigrantes em Esteio
Esteio vive uma situação diferenciada da maioria dos municípios gaúchos em relação aos imigrantes. Em 2018, o município recebeu a primeira leva de venezuelanos. Foram 224 pessoas que entraram no País pela região Norte e estavam em processo de interiorização. Esse primeiro movimento é avaliado pelo prefeito Leonardo Pascoal como "uma ação pontual importante e necessária, mas não sustentável".
"Lá em 2018, não que tenha havido algum ato concreto, mas houve algumas vozes que demonstraram preocupações sobre esse processo. Rapidamente, isso foi superado, pois mostramos na prática que é possível promover acolhimento sem causar transtorno ou impacto na vida cotidiana da cidade. Essas pessoas vêm para contribuir, para somar no desenvolvimento social e econômico do município", afirma o prefeito.
Em 2020, o município criou uma política municipal de acolhimento a refugiados e imigrantes. Atualmente, a prefeitura estima que quase mil imigrantes de oito nacionalidades vivam em Esteio. A grande maioria é de venezuelanos.
Em maio deste ano, foi inaugurado o Centro Permanente de Acolhimento a Refugiados e Imigrantes. O serviço, na modalidade casa de passagem, funcionará na Rua Santana, 844, com execução em parceria entre a Secretaria Municipal de Cidadania e Direitos Humanos (SMCDH) e a Associação Vivendo Atos 29.
Já passaram pelo local 87 pessoas. O grupo mais recente, com 20 venezuelanos, chegou ao local no final do ano passado.
Uma causa humanitária, mas também econômica
Os dados mostram que a maioria dos estrangeiros que migram estão em idade produtiva. O prefeito Pascoal, que é economista de formação, destaca que a questão humanitária tem também um argumento econômico. Com o envelhecimento da população gaúcha, será necessário repor a mão de obra do Estado.
“Por mais que a minha motivação seja humanitária, e sempre foi, eu sempre olho com essa perspectiva. Temos uma taxa de natalidade europeia, muito baixa, e uma expectativa de vida alta. Temos que pensar a longo prazo como manteremos o bem-estar social dessas pessoas que vivem cada vez mais. É um processo em que todo mundo ganha.”
Os bairros internacionais de Novo Hamburgo
O coordenador de Políticas Públicas de Promoção de Igualdade Social de Novo Hamburgo, Ilson da Silva, afirma que os imigrantes tendem a se concentrar em áreas da cidade onde já vivem outros conterrâneos. Ele estima que cerca de 200 venezuelanos vivam atualmente em Novo Hamburgo. São a maioria entre os imigrantes.
“O pessoal quando chega, dá uma referência para os conterrâneos que estão vindo. Os haitianos, por exemplo, se concentram no Canudos, porque os primeiros começaram a se alojar ali. Senegaleses, mais para os bairros Ideal e Industrial. Já os venezuelanos se concentram, principalmente, no Primavera e Boa Saúde, mas tem alguns também no Guarani e Lomba Grande.”
Um estudo publicado recentemente traça o perfil dos estrangeiros que escolheram o Rio Grande do Sul para viver. Uruguaios (36,8%), haitianos (18%) e venezuelanos (12,4%) são os imigrantes em maior número no Estado. Enquanto os vizinhos uruguaios se concentram principalmente na região da fronteira, com 40% deles concentrados no Chuí e em Santana do Livramento, haitianos e venezuelanos, que chegaram principalmente a partir de 2018, se espalham pelo território gaúcho.
As informações constam no "O perfil dos migrantes no Rio Grande do Sul", produzido pelo Departamento de Economia e Estatística, vinculado à Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (DEE/SPGG).
O material, divulgado no dia 22 de dezembro, foi elaborado a partir de dados do Sistema de Registro Nacional Migratório (Sismigra), da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) e do Cadastro Único para Programas Sociais do governo Federal.
Em números totais, a base de dados do Sismigra indica que, em fevereiro de 2022, o RS contava com 93.088 registros de migrantes. A Rais indicou, em dezembro de 2020, 20.992 migrantes formalmente empregados. E o Cadastro Único, com dados de agosto de 2022, mostra 32.505 registros de nacionais de outros países.
Em função das constantes chegadas de migrantes nos últimos meses, a publicação deve ser atualizada no próximo semestre, com um estudo complementar.
Dois perfis
Chefe da divisão de análise de políticas sociais do Departamento de Economia e Estatística da SPGG, o economista Tomás Fiori afirma que, desde o ano passado, o movimento migratório mais relevante no Estado é a chegada de venezuelanos.
Fiori observa que os imigrantes podem ser divididos em dois perfis distintos: imigrantes oriundos de países com condições humanitárias difíceis, como Haiti, Senegal e Venezuela, e de países que fazem fronteira com o Estado, como Uruguai e Argentina.
Baixa remuneração
Uma peculiaridade da situação dos imigrantes no Estado é em relação à remuneração. Diferentemente do País como um todo, aqui, o trabalho dos imigrantes vale menos.
"A gente observa, que é uma coisa preocupante, que os imigrantes no Brasil não têm remuneração muito menor que os brasileiros em ocupações com qualificação similar. Mas, no Rio Grande do Sul, é muito menor. Os imigrantes recebem até 30% a menos que um brasileiro com a mesma qualificação no mercado de trabalho", observa Fiori.
Como mão de obra, além de menos remunerados, os imigrantes são subaproveitados no Estado, analisa Fiori. "Muitos deles são qualificados, mais do que as posições que eles ocupam. Talvez algumas barreiras culturais possam estar impedindo que façamos o aproveitamento integral da capacidade de trabalho como propulsor da economia regional, já que vamos ter dificuldade de reposição de mão de obra no RS."
Ronny e Martha refizeram a vida em Novo Hamburgo
O casal Ronny Villanueva e Martha Trejo, ambos de 37 anos, deixou a Venezuela cinco anos atrás motivado por uma crise econômica, com uma alta inflação e uma moeda cada vez mais desvalorizada. Venderam tudo o que tinham, casa, carro, mobília. “O que não deu tempo de vender, nós demos. Botei todas as roupas na calçada e os vizinhos foram pegando”, recorda Marta.
Ele trabalhava no setor petrolífero, na perfuração de poços. Ela atuava na área social da prefeitura. Ronny conta que não recebia um mau salário, mas que era suficiente apenas para o mínimo. “Meu salário equivalia a uns cinco salários mínimos e não dava para cobrir os custos. Meu carro estava em quatro tijolos. Era só para se alimentar, não tinha como comprar nada. A inflação era muito alta. Você trabalhava só para comer. E quem ganhava menos que você, passava fome, era complicado, uma tristeza.”
Embarcaram para o Brasil com um bebê de colo e uma criança de dois anos. No início, a ideia era ir ao Peru, mas um amigo de Ronny, que vivia no país, os desestimulou, afirmando que havia muitos casos de xenofobia contra os venezuelanos no Peru. Foi também o preconceito que os fez decidir deixar Roraima. “Perdi um amigo que foi atropelado de maneira intencional por causa disso aí, vamos falar, racismo. Foi muito triste para mim”, recorda Ronny.
Após passarem por Boa Vista, em Roraima, e Santarém, no Pará, chegaram a Esteio e, depois, Novo Hamburgo. A família vive há quatro anos na cidade. Os filhos cresceram no Brasil. Camilo tem sete anos e Mathias, cinco. Nos últimos meses, a família ganhou nova integrante, a cachorrinha Selva.
Após passarem por diversos empregos, Martha trabalha hoje com venda de cursos on-line e Ronny retornou à área de perfuração, em uma empresa que perfura poços artesianos para irrigação na região das Missões. Trabalha 15 dias lá e descansa 5 com a família. Martha quer atuar na área social da Prefeitura, voltando a sua área profissional. Os próximos passos são comprar uma casa no município e reunir novamente a família. Ronny tem dois irmãos no Norte do país, que querem vir para o Sul. Os pais de Martha estão na Venezuela e planejam vir ao Brasil.
Imigrantes não 'roubam' empregos
Nas países onde chegam, os imigrantes estão habituados a ouvir que estão “roubando” empregos dos nativos. Não é diferente no Estado.
Para o economista Tomás Fiori, há um componente de racismo na ideia de que imigrantes devem assumir funções de menor qualificação. “É plausível em uma sociedade como a nossa reproduzir dificuldades que os imigrantes enfrentam, por exemplo, na Europa. Você vai ver um refugiado, sobretudo de pele escura, em condição humanitária emergencial, é uma mão de obra vulnerável, que vai se sujeitar a tarefas inferiores, mesmo que possa ter uma capacidade maior. Seguramente o profissional brasileiro não quer enxergar esse cara como concorrente.”
O venezuelano Ronny, que fez um curso de dois anos de gastronomia antes de sair de seu País, refuta esse tipo de pensamento. Ele argumenta que se qualificou para poder acessar as vagas de trabalho que teve no Brasil. “Eu não vou chegar e assumir um lugar para o qual não sou qualificado. Eu fiz igual aos demais: entreguei um currículo, fiz entrevista, fiz prova. Se eu fiquei, foi porque eu conquistei esse lugar.”
Jorge Manuel está chegando aos poucos
Natural da província de Rio Negro, perto de Bariloche, Sul da Argentina, há três anos, Arrascoyta vem ao Brasil para trabalhar por temporada e retorna ao país de origem. Em Caxias do Sul, atua na colheita da uva, como safrista. Ele conta que já trabalhou também em Porto Velho, Rondônia, na colheita de soja e milho.
No final do ano, Arrascoyta passou por Novo Hamburgo, a caminho de Caxias do Sul. Agora, o argentino quer validar seu diploma de engenheiro agrônomo para poder atuar em sua profissão no Rio Grande do Sul.
O objetivo é fixar residência na região de Eldorado do Sul. No município, ele atua em uma ONG que trabalha pela preservação do bugio ruivo. “Quero ficar aqui, gosto muito do jeito dos brasileiros, eu amo o Brasil”, diz.
Cerca de mil imigrantes em Esteio
Esteio vive uma situação diferenciada da maioria dos municípios gaúchos em relação aos imigrantes. Em 2018, o município recebeu a primeira leva de venezuelanos. Foram 224 pessoas que entraram no País pela região Norte e estavam em processo de interiorização. Esse primeiro movimento é avaliado pelo prefeito Leonardo Pascoal como "uma ação pontual importante e necessária, mas não sustentável".
"Lá em 2018, não que tenha havido algum ato concreto, mas houve algumas vozes que demonstraram preocupações sobre esse processo. Rapidamente, isso foi superado, pois mostramos na prática que é possível promover acolhimento sem causar transtorno ou impacto na vida cotidiana da cidade. Essas pessoas vêm para contribuir, para somar no desenvolvimento social e econômico do município", afirma o prefeito.
Em 2020, o município criou uma política municipal de acolhimento a refugiados e imigrantes. Atualmente, a prefeitura estima que quase mil imigrantes de oito nacionalidades vivam em Esteio. A grande maioria é de venezuelanos.
Em maio deste ano, foi inaugurado o Centro Permanente de Acolhimento a Refugiados e Imigrantes. O serviço, na modalidade casa de passagem, funcionará na Rua Santana, 844, com execução em parceria entre a Secretaria Municipal de Cidadania e Direitos Humanos (SMCDH) e a Associação Vivendo Atos 29.
Já passaram pelo local 87 pessoas. O grupo mais recente, com 20 venezuelanos, chegou ao local no final do ano passado.
Uma causa humanitária, mas também econômica
Os dados mostram que a maioria dos estrangeiros que migram estão em idade produtiva. O prefeito Pascoal, que é economista de formação, destaca que a questão humanitária tem também um argumento econômico. Com o envelhecimento da população gaúcha, será necessário repor a mão de obra do Estado.
“Por mais que a minha motivação seja humanitária, e sempre foi, eu sempre olho com essa perspectiva. Temos uma taxa de natalidade europeia, muito baixa, e uma expectativa de vida alta. Temos que pensar a longo prazo como manteremos o bem-estar social dessas pessoas que vivem cada vez mais. É um processo em que todo mundo ganha.”
Os bairros internacionais de Novo Hamburgo
O coordenador de Políticas Públicas de Promoção de Igualdade Social de Novo Hamburgo, Ilson da Silva, afirma que os imigrantes tendem a se concentrar em áreas da cidade onde já vivem outros conterrâneos. Ele estima que cerca de 200 venezuelanos vivam atualmente em Novo Hamburgo. São a maioria entre os imigrantes.
“O pessoal quando chega, dá uma referência para os conterrâneos que estão vindo. Os haitianos, por exemplo, se concentram no Canudos, porque os primeiros começaram a se alojar ali. Senegaleses, mais para os bairros Ideal e Industrial. Já os venezuelanos se concentram, principalmente, no Primavera e Boa Saúde, mas tem alguns também no Guarani e Lomba Grande.”
As informações constam no "O perfil dos migrantes no Rio Grande do Sul", produzido pelo Departamento de Economia e Estatística, vinculado à Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (DEE/SPGG).