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Conheça a história do corredor de Campo Bom que superou as barreiras da deficiência visual e participou da São Silvestre

Morador do Vale do Sinos, Eduardo Augusto Scheffel, é exemplo de superação

Publicado em: 07/01/2024 15:12
Última atualização: 07/01/2024 15:12

Em meio às ruas movimentadas e vibrantes de São Paulo, onde o asfalto se torna palco de sonhos e superações, uma história singular ecoou pelas avenidas durante a São Silvestre. Eduardo Augusto Scheffel, carinhosamente conhecido como Dudu, rompeu as barreiras da deficiência visual e desbravou os 15 quilômetros da emblemática corrida de rua.

Acompanhado por seu guia, Leonardo Patron, o morador de Campo Bom, com apenas 24 anos, celebrou a realização de um sonho que transcendeu limites físicos e emocionais.

Eduardo São SilvestreGiordanna Vallejos
Eduardo São SilvestreGiordanna Vallejos
Eduardo São SilvestreGiordanna Vallejos

Os bastidores da preparação de Dudu revelam uma jornada marcada por treinos intensos em terrenos desafiadores. "Treinamos nas lombas, enfrentando o que lá chamam de brigadeira. Foram treinos árduos, mas deu tudo certo no dia da prova", compartilha Dudu.

Seu guia, Leonardo, complementa a experiência única de correr na São Silvestre: "O pessoal gritando, o entusiasmo. Sabendo da dificuldade que ele tem, as pessoas liam o nome dela na camiseta e falavam 'vamos Eduardo', incentivando".

O diagnóstico de retinose pigmentar

Dudu, desde cedo, aprendeu a transformar desafios em conquistas. Aos 14 anos, um diagnóstico de retinose pigmentar trouxe uma reviravolta à sua vida. "Em uma festa, comecei a bater nos vidros, percebi que algo estava errado. Quando foi ao médico, recebi o diagnóstico", recorda Dudu.

A notícia impactante não o fez desistir, pelo contrário, o impulsionou a buscar conhecimento e independência. "Imagina como foi o impacto desse fato para a minha mãe na época. Mas desde o começo, eu disse que não queria benefício do governo, sempre quis ir atrás de trabalho."

Esporte como luz no caminho

O aprendizado do braille, informática e técnicas de locomoção tornaram-se aliados na jornada de Dudu. "Um dos meus professores disse que participava de esportes e quando ele me falou do atletismo me brilhou os olhos", compartilha.

A falta de guias não impediu Dudu, que recorreu a grupos de corredores em busca de apoio. "Na época foi bem difícil conseguir e hoje estou com dez guias, que fazem esse trabalho voluntário e se revezam", destaca Dudu, ressaltando a solidariedade presente em sua jornada.

O sonho da São Silvestre

A São Silvestre, para Dudu, não foi apenas uma corrida; foi a realização de um sonho alimentado por sua paixão pelo atletismo adaptado. Para viabilizar sua participação, Dudu lançou uma vaquinha online, arrecadando R$ 3.800. Seu guia e confidente, Leonardo Patron, expressa seu orgulho ao fazer parte dessa conquista: "Fico muito feliz em fazer parte dessa primeira São Silvestre dele. Só de ver ele feliz e realizar o sonho dele, também é meu sonho".

O atleta informa que está aberto para parcerias de empresas interessadas em apoiar sua jornada, desde calçados de corrida até suplementos. Ele busca continuar inspirando outros com sua história e superação.

Dudu, cujo próximo desafio é a Maratona do Vinho, em Bento Gonçalves, destaca o papel do esporte em sua vida: "Liberdade. Essa é a palavra que define. Tu presta atenção no vento, no clima". Sua história serve como um farol de inspiração e resiliência, iluminando caminhos para todos que enfrentam desafios aparentemente intransponíveis.

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