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DIA DA MULHER

Conheça a história de mulheres que superam tabus nas suas atividades profissionais

Mercado de trabalho feminino se expande em cidades da região. Confira exemplos de protagonismo

Susete Mello
Publicado em: 08/03/2023 às 05h:00
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Embora o mercado de trabalho tenha se expandido para as mulheres, elas ainda seguem conquistando espaço. Levantamento do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) mostra que o trabalho das mulheres está presente em micros e pequenas empresas e entre os microempreendedores individuais (MEIs), sendo que 89% das empreendedoras estruturam sozinhas as suas empresas ou o fazem com a ajuda de familiares. Esse crescimento traz desafios, sobretudo à medida que avançam em áreas tradicionalmente ocupadas por homens.

Andressa (à esquerda) e Raíssa fazem o atendimento a agricultores



Andressa (à esquerda) e Raíssa fazem o atendimento a agricultores

Foto: Susi Mello/GES-Especial

O setor agropecuário, no qual essa diferença é culturalmente mais forte, o número de produtoras na condução de propriedades rurais cresceu 38% de 2006 a 2017, segundo o último Censo Agropecuário, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em Nova Hartz, um exemplo do protagonismo feminino no campo está no atendimento a agricultores. Duas colegas estão quebrando barreiras no local de trabalho em uma área que ainda vê a mulher como ajudante na lavoura ou dedicada ao serviço de casa.

Praticamente 100% dos atendimentos realizados por elas são para homens. Eles são agricultores que, há menos de dois anos, estavam acostumados a ingressarem na sala do Departamento de Agricultura, junto ao escritório da Emater, para serem atendidos por um funcionário. Desde novembro de 2021, essa realidade transformou-se em Nova Hartz.

Foi naquele mês que a estudante de Pedagogia e aluna de Magistério Raíssa Alana de Oliveira, hoje com 17 anos, começou a trabalhar. Seis meses após foi a vez da assessora administrativa concursada da prefeitura, com experiência de 9 anos em uma escola municipal Andressa Ferreira da Silva, 37. Uma fica pela manhã e a outra à tarde no espaço onde são responsáveis em fazer bloco de produtor rural, emitir guias de inspetoria veterinária e o e-Social, realizar o cadastro do Gov.br, orientar sobre regulamentação de propriedades, distribuir mudas, entre outras responsabilidades administrativas.

As duas são unânimes em descrever que o início foi mais difícil de serem aceitas. Haviam agricultores que as ignoravam ao entrar na sala e dirigiam-se ao extensionista da Emater Elder Leitzke, ou ao diretor do Departamento de Agricultura, Emerson Brunner. Os dois sempre encaminhavam-os para as colegas, deixando explícito que as duas eram as responsáveis pelo atendimento.

*Colaborou: Priscila Carvalho

No comando das obras

Além de maquiagem, botina e capacete fazem parte da rotina. É assim que há oito anos a engenheira civil Karoline Anjos, 27, atua em canteiros de obras da região. A paixão por construções vem desde pequena, quando acompanhava seu avô na função de carpinteiro. O gosto por matemática e física também ajudou na escolha da profissão e, aos 14 anos, fez seu primeiro projeto: o de uma casa que a mãe queria construir para alugar. “Ela contratou os pedreiros e eu cuidei da obra toda”, orgulha-se. Já na faculdade, aos 19 anos ela começou a estagiar em canteiro de obras.

Hoje, Karol trabalha em uma construtora e é a única mulher engenheira responsável pelas obras de dois residenciais da empresa: um em São Leopoldo e outro em Gravataí. “Não me vejo fazendo outra coisa. Aqui é a minha vida, é o meu lugar”, resume.

De igual para igual, na prática

Moradora de Campo Bom, Karoline divide sua rotina em acompanhar a obra leopoldense num dia e a de Gravataí no outro. Mas, pelo celular está sempre falando com as equipes e tomando as decisões necessárias.


Engenheira civil, Karoline Anjos comanda as obras de dois residenciais



Engenheira civil, Karoline Anjos comanda as obras de dois residenciais

Foto: Priscila Carvalho/GES-Especial


No total, a engenheira comanda 120 funcionários nos dois canteiros – sendo que apenas 10 são mulheres. Apesar disso, ela conta que conquistou seu espaço e o respeito de todos. “Em todo esse tempo, nunca ouvi nada que me desrespeitou dentro de um canteiro, mas já ouvi coisas desrespeitosas em outros ambientes, como escritório”, ponderou. O olhar de desconfiança vem mais do lado de fora, de fornecedores ou fiscais, por exemplo.

Feliz na profissão, Karol observa maior reconhecimento nos tempos atuais e diz não se sentir “atrás” por ser mulher. “De uns anos pra cá, existe uma atenção para valorizar as mulheres. Antigamente, se falava pouco em igualdade. Agora, já está mais de igual para igual, na prática”, avalia.

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