A Serra gaúcha é conhecida pela diversidade de atrativos. E um novo lançamento vai reforçar ainda mais essa fama: a construção de um complexo automobilístico está nos planos de investidores e pode entrar em operação em menos de cinco anos. Quem está comandando esse projeto é o engenheiro Rodrigo Stehling.
Com referências na família de praticantes do automobilismo, Rodrigo conta que chegou a correr em pistas ainda na adolescência. Seguindo carreira no planejamento e infraestrutura de transportes, planejamento turístico e desenvolvimento econômico de regiões, ele tem a corrida como um grande hobby.
Dentro desse universo, o engenheiro sempre buscou conhecer autódromos ao redor do mundo e, a partir disso, elaborou um projeto para o desenvolvimento automobilístico no País, chamado de Acelera Br. “Esse programa fez um diagnóstico dos autódromos do Brasil e alguns problemas que o automobilismo enfrenta”, explica Rodrigo, citando a falta de recursos para novos talentos, ausência de interação com as universidades e a necessidade de incremento da infraestrutura.
Neste último aspecto, foi então que surgiu a ideia de construir complexos automobilísticos privados. “Para colocar tudo isso em prática, me associei ao IMagic, um escritório de arquitetura que já trabalhou em parques da Disney, e a dois nomes, o Paulão Gomes, que é tetracampeão da Stock Car Brasil, e ao jornalista Reginaldo Leme, especializado em automobilismo e com 50 anos de experiência na Fórmula 1”, destaca o engenheiro Rodrigo.
LEIA TAMBÉM
Complexo vai estimular prática do esporte
O projeto parte do conceito de um bairro planejado – com área de 1 mil hectares. “Esse espaço contará com o autódromo, kartódromo, uma pista off road, hotéis, condomínios, open mall, museus, parques temáticos e um campo de golfe. Será um bairro sutilmente tematizado, pois não será apenas para os amantes do automobilismo”, garante.
Um dos grandes objetivos do complexo é receber uma etapa da Fórmula 1. Para que isso seja possível, é preciso submeter o projeto da pista para a Federação Internacional de Automobilismo (FIA), que é o braço regulatório do esporte.
“Há uma série de especificações técnicas que precisam ser seguidas para conquistar o grau 1. Depois, enviamos o projeto para a aprovação e é dada a certificação da FIA antes da construção e, claro, tem a conferência depois para verificar se está tudo certo”, frisa Rodrigo.
Apesar das dificuldades de conseguir realizar uma etapa da F1 na região, o engenheiro pondera que a FIA e a Confederação Brasileira de Automobilismo possuem interesse em aumentar a prática do esporte em nível mundial. “Quanto mais autódromos no padrão se tiver melhor, pois se incrementa o esporte. Queremos trazer os melhores projetistas e, com isso, é quase impossível não garantir a certificação”, ressalta Rodrigo.
Um dos pontos trazidos pelo engenheiro é que o autódromo da região não vai competir com Interlagos, em São Paulo. “Não queremos tirar a prova de lá, queremos trazer mais uma para o Sul”, menciona.
Turismo e entretenimento
Rodrigo frequenta a região há cerca de dez anos. Primeiramente, como um turista que se encantou pelas cidades e há seis, a irmã e os pais – Sandra e João Ricardo, decidiram morar em Gramado e Canela. “Passei a estudar e acompanhar todo o desenvolvimento turístico da região, levantar números, e imaginei um complexo automobilístico do zero. Até porque o foco desses complexos não é somente a prática do esporte, mas o entretenimento e o turismo integrados”, completa.
O engenheiro salienta que a construção do complexo ganhou ainda mais força quando soube dos projetos dos aeroportos de Canela e de Vila Oliva, em Caxias do Sul. “E isso confere a possibilidade de trazer uma etapa da Fórmula 1 para a região Sul”, garante o empresário.
De 12 a 24 eventos por ano
De acordo com o empresário, o complexo sairá do papel de qualquer maneira, contudo, para buscar a certificação grau 1 e, consequentemente, uma etapa da Fórmula 1, é preciso ter um aeroporto mais próximo. “Precisamos integrar os projetos”, salienta.
Assim, Rodrigo está em conversas com o empresário Paulo Tomasini, que há anos busca a construção do aeroporto de Canela, e com o prefeito de Caxias do Sul, Adiló Didomenico, para entender o andamento do aeroporto de Vila Oliva.
A estimativa é que a construção do complexo tenha custo de R$ 3 bilhões. No final deste mês, Rodrigo vai para o exterior conversar com investidores interessados em custear a obra. “Nosso objetivo é um empreendimento de desenvolvimento imobiliário, não vamos operar e nem administrar nada. Estamos discutindo com o mercado interessados nessas operações e queremos trazer marcas internacionais para a operação”, garante.
De acordo com Rodrigo, existe uma agenda de 12 a 24 eventos esportivos que podem ser realizados no autódromo da região, entre Fórmula Indy, Stock Car, Moto GP e outros. “Pensamos em trazer também grandes eventos e ter um Salão do Automóvel permanente, com lançamentos de carros. Outra possibilidade é despertar o interesse da indústria automobilística”, reforça.
15 terrenos em análise
Atualmente, Rodrigo está em busca de um terreno que comporte a construção do complexo. Ele reforça que há cerca de 15 em análise. “Depois que apresentamos o projeto ao governo do Estado, muitas pessoas vieram oferecer áreas. Recusamos em outras regiões porque queremos que seja na Serra gaúcha, e no eixo próximo de Gramado e Canela”, esclarece.
“A ideia é comprar o terreno no primeiro semestre deste ano. Concluída a compra, iniciamos a parte pré-operacional que deve seguir por um ano, com a parte de projetos e licenciamentos. Depois da aprovação, podemos construir primeiro um autódromo grau 2 para depois ampliar para o grau 1. Em boas condições, é possível iniciar a operação em até três anos depois do início das obras”, prospecta.
Sobre o prazo de aprovação das licenças junto aos órgãos ambientais e governamentais, o engenheiro frisa que a agenda ambiental seguida pelo projeto será superior da exigida pelo poder público e espera celeridade dos processos. “Nosso objetivo é ser carbono zero, utilizaremos fontes alternativas de energia”, assegura.
“Queremos contribuir, ainda, para uma melhor mobilidade urbana, principalmente entre Gramado e Canela. Vamos impactar diretamente na região e, mesmo se o empreendimento for no entorno, já é uma situação que merece atenção para que se resolva esse assunto a longo prazo”, conclui o profissional.
- Categorias
- Tags