Saneamento
Comusa completa 25 anos e tem como meta despoluir o Luiz Rau
Criada em meio aos problemas de abastecimento, Comusa celebra as conquistas, os novos investimentos e já planeja o futuro
Última atualização: 01/12/2023 11:26
Conteúdo Especial | Núcleo 360
Foi no dia 3 de dezembro de 1998 que o serviço de abastecimento de água foi devolvido para o município de Novo Hamburgo. Desde então, entrou em operação a Comusa, que mudou a forma da população se relacionar com o fornecimento de água. Nesses 25 anos, a autarquia hamburguense superou desafios, investiu recursos e conquistou importantes avanços na área ambiental.
Mas essa história não para por aqui. De acordo com o Márcio Lüders, vice-prefeito e diretor-geral da Comusa, a meta da companhia, agora, é despoluir o Arroio Luiz Rau, que cruza a cidade. “Estamos investindo no aumento da captação e tratamento, com melhorias na Estação de Tratamento de Água (ETA) e a nova Casa de Bombas, na captação de Lomba Grande, mas também colocando Novo Hamburgo no mapa do tratamento de esgoto”, detalha.
Ele explica que, com os últimos investimentos, o município está saindo de uma situação onde trata pouco mais de 5% para 50%. “E a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Luiz Rau é só o ponto de partida. Já estamos buscando mais de R$ 458 milhões em projetos, como o complexo da ETE do Arroio Pampa e o tratamento do lodo produzido no tratamento de água, reduzindo nossos resíduos, o impacto ao meio ambiente e buscando o fim da poluição no Arroio Luiz Rau, de uma vez por todas”, destaca.
Mas até todos esses investimentos e avanços se tornarem realidade, muito trabalho foi necessário. Sílvio Klein, diretor de Relacionamento com o Cliente da Comusa, lembra do quão desafiador foi o início. “Na época, nada era digital, tinha um grande mapa da cidade, fixado numa parede da ETA, com as redes de água bastante desatualizadas, com alfinetes mostrando onde eram os registros. Isto era toda a informação que tínhamos do sistema de abastecimento”, conta.
Hoje, a autarquia cresceu, se modernizou e integra o Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU). “Essa interação com entidades internacionais gigantes, focadas em sustentabilidade e no tratamento de água, dão à Comusa um novo escopo para melhorar. Seja com ações que protejam nosso meio ambiente, com ações de compliance exigidas pelo Pacto Global, como a possibilidade de buscar novas soluções e buscar financiamento estrangeiro para projetos de saneamento no Conselho Mundial da Água”, destaca Lüders.
ENTREVISTA | Sílvio Klein,
diretor de Relacionamento com o Cliente da Comusa
Em que situação foi criada a Comusa?
No final da década de 1990, a cidade não tinha abastecimento garantido e contínuo para as partes altas da cidade, por falta de investimentos da Corsan. Na loja do Centro, a Corsan indicava à população que não tinha nenhuma melhoria prevista. A única solução era com poços individuais.
Qual foi a trajetória da municipalização da água na cidade?
Em 1988, o então prefeito Nelson Ritzel, tendo já exaustivamente solicitado à Corsan para aumentar a produção e tratamento de água para a população de Novo Hamburgo sem retornos, criou uma comissão com representantes da Comunidade e da Câmara de Vereadores, para avaliar qual seria o caminho para solucionar a falta de abastecimento contínuo em Novo Hamburgo. Esta Comissão tentou contato com a Corsan e avaliou a situação e indicou a criação de uma Companhia Municipal de Saneamento. Esta foi fundada em 17 de junho de 1991, sendo daí entrado com uma Ação Judicial para municipalizar o Serviço de Abastecimento. Em 1995, entrou-se com Ação judicial e, em 3 de dezembro de 1998, portanto há 25 anos, o serviço foi devolvido para o município, sendo entregues as chaves das instalações que eram utilizadas pela Corsan.
Quais os desafios para garantir o abastecimento da população? Quais foram os principais entraves no começo e quais são agora?
Embora a decisão judicial era de que a Corsan deveria ceder servidores para a transição para a Comusa, faltando poucos dias para o dia acertado, a Corsan informou que não ficaria ninguém para a transição e nenhum veículo ou bomba reserva, ou qualquer equipamento. Na época, nada era digital, tinha um grande mapa da cidade, fixado numa parede da ETA, com as redes de água bastante desatualizadas, com alfinetes mostrando onde eram os registros. Isto era toda a informação que tínhamos do sistema de abastecimento.
E como vocês fizeram?
No primeiro dia, foi montada uma força-tarefa com equipes para atender a comunidade e dar expectativa de retornos. Contratamos uma empresa que contou com ex-servidores da própria Corsan e iniciamos a operação prontos a enfrentar o desafio de dar esperança de melhorias à comunidade de Novo Hamburgo. No começo, foram feitos grandes investimentos com novos reservatórios e novas adutoras de água tratada. Contratou-se uma ETA compacta para aumentar a capacidade de tratamento. Houve um grande trabalho de setorização da rede, para que os consertos não deixassem grandes áreas sem abastecimento. Fez-se a digitalização de toda a rede e nela estão colocados todos os registros, as válvulas redutoras de pressão, os bombeamentos (boosters). Implantou-se a automação, através do Centro de Comando Operacional e um laboratório próprio capaz de fazer frente à qualidade do tratamento de água. A cidade tinha menos de 40% de micromedição (hidrômetros). Passou-se a ter hidrometração crescente, estando hoje em mais de 99%.