RISCO DE ENCHENTE

Comunidade ribeirinha monitora nível das águas do Sinos após sequência de dias chuvosos

Mesmo com a previsão de sol, rio tende a subir nos próximos dias por conta da água vinda de afluentes e das cabeceiras

Publicado em: 08/05/2023 18:43
Última atualização: 07/03/2024 16:36

Após seis dias de chuva consecutivos, a semana começou com tempo firme nesta segunda-feira (8). Ainda assim, equipes da Defesa Civil de cidades da região seguem monitorando riscos de alagamentos, enchentes e deslizamentos.

Em Novo Hamburgo, desde domingo (7), choveu um acumulado de 45 mm. Já em Campo Bom, em oito horas, choveu pouco mais de 40 mm.

Teresinha no pátio da casa Foto: Júlia Taube/GES Especial

No bairro Barrinha, em Campo Bom, as cheias são algo comum enfrentado pela comunidade que mora às margens do rio.

Vivendo há 80 anos na localidade, Teresinha da Silva consegue enxergar as águas do Sinos do pátio nos fundos da casa. Ela torce para que a chuva não retorne. "Estamos acostumados. Já entrou água dentro de casa outros anos. Para entrar água tem que chover ainda mais", conta.

A revisora de calçados Isabel Silveira, 57, é vizinha e filha de Teresinha. Ela acredita que, pela experiência de outras cheias, o rio deve subir durante os próximos três dias, podendo chegar a invadir o pátio da casa da sua mãe. "Agora ele deve estar uns seis metros para frente do que é o normal", estima.

Teresinha e a filha Isabel observam o nível do Rio dos Sinos do pátio da casa Foto: Júlia Taube/GES Especial

Na cidade, em apenas oito dias, o acumulado do mês de maio já está com 165 mm. Conforme o coordenador voluntário da Estação de Meteorologia do município, Nilson Wolff, essa é a maior média histórica para o mês. A última foi registrada há 38 anos, quando choveu cerca de 125 mm.

"Rio dos Sinos deve subir até a quarta-feira (10) e sair do leito. Em março, choveu 134 mm em quatro dias e deu enchente", lembra Wolff.

Conforme a Defesa Civil Municipal, até o meio-dia desta segunda-feira, o Rio dos Sinos estava em 5,53 metros na cidade, para que saia do leito, é necessário que ele atinja os 7,21 metros.

Rio segue sendo monitorado

O monitoramento do Rio dos Sinos ainda ocorre pois, mesmo com tempo seco, águas vindas de cabeceiras do Sinos e afluentes, Rios Rolante e Paranhana, descem em direção à região metropolitana e aumentam o nível do rio, como explica o chefe de Operação da Defesa Civil de Novo Hamburgo, Arci Fetter Junior.

Desde a meia noite até o fim da manhã de segunda-feira, o Rio dos Sinos, em Novo Hamburgo, estabilizou em 5,86 metros. Junior relata crer que o nível do rio deve chegar aos 6 metros, caso a chuva não retorne.

Rio dos Sinos, em Novo Hamburgo Foto: Júlia Taube/GES Especial

O chefe de operações revela que atingindo os 6 metros, o rio tende a sair do leito e se espalhando pelo banhado. “Ele está a quase 12 horas estável e com elevação muito lenta em Campo Bom. Segundo informações da Defesa Civil de Três Coroas, o Paranhana já está quase normal, ou seja, tem água para descer, mas não muita”, afirma ele.

A Defesa Civil de Taquara informou que os Rios da Ilha e Padilha, que desaguam no Rio dos Sinos, estão baixando desde sexta-feira. “A situação está normal, só não pode chover mais”, diz o agenda do órgão, Alessandro .

Situação não deve agravar

Acima de 6 metros a situação começa a ficar mais preocupante, pois atinge o acesso ao Balneário Municipal Vitor Mateus Teixeira, no bairro Santo Afonso, popularmente conhecido como “Prainha de Lomba Grande”. “Em 6,30 metros [o Rio dos Sinos] começa a sair em alguns pontos da Vila Integração, na Lomba Grande. Os bairros Canudos e Vila Kroeff são atingidos somente próximo dos 6,70 metros”, detalha o chefe de Operações.

A reportagem tentou acesso à Prainha nesta manhã. No entanto, não conseguiu passar pelo grande acúmulo de água que se formou na estrada. Junior explica que há um trecho na rua que é mais baixo e o banhado do entorno acaba invadindo a via.

Estrada que dá acesso a Prainha está com água na via Foto: Júlia Taube/GES Especial

Ele alerta que mesmo com água na estrada, os moradores que vivem no local não ficam ilhados. “A maior parte das casas lá são de palafitas e não chegam a ser atingidas. Nem todos [os moradores] ficam lá, os que ficam estão sempre preparados. Existe uma trilha pela margem do Rio que eles conseguem subir até a EAB Comusa”, conta.

Rio Caí não apresenta risco

Em São Sebastião do Caí não há perspectiva de enchente até o momento, conforme o comandante da Defesa Civil da cidade, Ênio dos Santos. No município, nos últimos três dias, foram registrados cerca de 200 mm de chuva.

Até a manhã de segunda-feira, o Rio Caí estava em 5,96 metros. “A nossa cota de atenção é a partir dos 7,30 metros e a nossa cota de inundação é a partir dos 10,30 metros”, diz Santos.

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