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"Comprei um espião pra tentar me proteger": Motoristas de aplicativo investem em câmeras de segurança
Alto investimento torna aquisição da câmera de segurança inacessível para grande parte dos profissionais
Última atualização: 25/10/2023 16:25
Convivendo com o medo e a falta de segurança há, pelo menos, três meses, motoristas de aplicativo do Vale do Sinos estão adotando métodos próprios para se proteger ou, ao menos, inibir a ação de criminosos. A estratégia mais recente adotada pelos profissionais é equipar os veículos com câmeras de segurança.
Um aparelho discreto, fixado no para-brisa do carro, agora é o companheiro de viagem do motorista Jean da Silva, de 47 anos, de Novo Hamburgo. “Não teve jeito. Com essa onda de ataques, comprei um 'espião' pra tentar me proteger”. Espião é o termo que o motorista usa para se referir à câmera de segurança.
Ele concluiu a instalação na tarde de terça-feira (24), dia em que um colega de profissão foi baleado na ERS-239, no bairro São Jorge, em Novo Hamburgo. “O equipamento chegou semana passada, mas corri pra instalar ontem [terça], após esse último caso contra um colega”, explica.
O investimento foi de R$ 1.800, contando a câmera e a instalação. O equipamento tem memória interna e externa, visão noturna e realiza filmagens de dois ângulos (da rua e da parte interior do veículo) simultaneamente. Além disso, capta o áudio ambiente.
O alto investimento torna a aquisição da câmera de segurança inacessível para grande parte dos profissionais no momento. “Estou pesquisando para comprar uma, mas não baixa de R$ 1.200 o valor. É um investimento alto, que me impede de fazer a compra imediata”, coloca Oziel Oliveira Medeiros, 40.
Conforme o morador de Estância Velha, os aplicativos oferecem sistema de monitoramento em tempo real, contudo, não são eficientes para inibir a ação de criminosos. “Tem que aparecer a câmera, os caras precisam ver que estão sendo filmados”, opina.
Motorista baleado de raspão potencializa o medo
O assalto que terminou com o motorista Luis Evencio Figuera Melendez, 36, baleado com um tiro de raspão na cabeça, serviu para espalhar ainda mais medo entre os profissionais do Vale do Sinos. “Estamos todos assustados. Vamos começar a negar corridas para alguns locais que sabemos ser de risco e desabilitar a opção de pagamentos em dinheiro”, avisa Oziel Medeiros.
Nos últimos três meses, nove motoristas de aplicativo foram alvos de crimes graves na região, sendo seis deles registrados neste mês. Além do motorista baleado de raspão nesta semana, outros quatro motoristas foram esfaqueados por ladrões. No caso mais grave, o motorista Darlei Soares Fernandes, 59, foi esfaqueado na cabeça e nas mãos na Rua Miguel Couto, por volta das 21 horas do dia 4. O suspeito fugiu, mas foi preso no dia seguinte, e confessou o crime. A vítima segue no Hospital Municipal de Novo Hamburgo e corre o risco de ficar com sequelas.