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Áreas de risco

Como estão as barragens que contém rios que podem afetar a região

Durante as fortes chuvas de maio, barragens do Salto e da Usina 14 de Julho tiveram suas estruturas comprometidas

Dário Gonçalves
Publicado em: 20/06/2024 às 14h:32
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No início de maio, a região da Barragem do Salto, em São Francisco de Paula, e a estrutura da Usina 14 de Julho, no limite de Bento Gonçalves com Cotiporã, sofreram danos que deixaram municípios da Serra e do Vale do Caí apreensivos quanto a um possível rompimento. Pouco mais de um mês depois, as duas barragens seguem em situação de emergência e pouco pôde ser feito para minimizar os danos devido às condições climáticas que seguem desfavoráveis.

Na segunda-feira, a prefeitura de São Francisco de Paula publicou um mapa que mostra que havia risco de deslizamento de encosta junto à barragem, provocando onda às margens do reservatório. | abc+



Na segunda-feira, a prefeitura de São Francisco de Paula publicou um mapa que mostra que havia risco de deslizamento de encosta junto à barragem, provocando onda às margens do reservatório.

Foto: Divulgação/Prefeitura de São Francisco de Paula

Conforme a prefeitura de São Francisco de Paula, a Barragem do Salto segue em situação de emergência devido ao risco de desprendimento de um talude em sua margem. Os riscos permanecem os mesmos de quando a Defesa Civil, na noite de 13 de maio, avisou sobre um possível deslizamento. Contudo, não foi observada nenhuma movimentação de terra durante os últimos dias de chuva.

Na ocasião, famílias que residiam próximas à barragem precisaram ser evacuadas de suas casas e até o momento não puderam retornar. “A Defesa Civil atualmente está cadastrando as casas que foram afetadas (de famílias inscritas no CadÚnico e outros programas do Governo). Três famílias já foram encaminhadas para receber aluguel social. Também fornecemos um abrigo, que ainda não foi utilizado. As famílias optaram por ficar em casas de familiares e amigos”, informou a prefeitura por meio da assessoria.

O rompimento não seria na estrutura da barragem, mas em áreas de morros junto a ela que, se houver o desmoronamento, uma quantidade significativa de material cairá sobre o rio. O deslizamento poderá gerar uma onda, fazendo com que comunidades ribeirinhas ao longo do leito como Canela, Gramado, Caxias do Sul, Gramado, Nova Petrópolis, Vale Real e Feliz sejam afetadas.

Estudos realizados

No início de junho, pesquisadores do Sistema Geológico do Brasil (SGB) fizeram um estudo e avaliação pós-desastre em São Francisco de Paula e apontou medidas e intervenções necessárias para as áreas de riscos que possuem chances de deslizamento de terra e rupturas de solo. “Atualmente estamos seguindo todas as orientações fornecidas por estudos geológicos feitos na área no último mês, como a drenagem de água da área e o selamento das rachaduras com cimento para impedir a infiltração de água e a erosão do solo”, acrescenta a prefeitura.



Antes mesmo da chegada dos profissionais do SGB, um estudo preliminar foi realizado no dia 14 de maio pela empresa FGS Geotecnia. O relatório indicou as principais medidas a serem tomadas imediatamente pelo Município. “A ideia é contratar um mapeamento topográfico mais detalhado da encosta, incluindo o registro de fissuras, trincas, nascentes e outras anomalias relacionadas à deformação do terreno. Esse mapeamento servirá como base para a elaboração de um plano de mitigação de riscos completo, garantindo a segurança dos moradores e a estabilidade da encosta”, destacou a secretária de Meio Ambiente e Sustentabilidade, Michele Knob Koch.

Esse estudo topográfico já foi contratado e terá início nesta sexta-feira (21), que servirá de base para o estudo mais aprofundado. “Estamos aguardando os orçamentos oficiais chegarem para conseguirmos ir adiante na contratação. Já recebemos dois, logo devemos iniciar o processo de contratação”, explica Koch. E, em paralelo, a prefeitura está abrindo um processo seletivo para contratação temporária de um geólogo, para poder acompanhar e fazer a outra parte do estudo.

Especialistas avaliaram áreas afetadas nas cidades | abc+



Especialistas avaliaram áreas afetadas nas cidades

Foto: Josiele Silva/PMSFP

Usina 14 de Julho

Em Bento Gonçalves, município que teve 287 deslizamentos registrados em maio, causando 10 mortes e deixando ainda quatro pessoas desaparecidas. A Prefeitura informa que tem feito monitoramento de dados e das áreas de riscos para definir ações necessárias, contudo detalhes sobre a barragem são diretamente com a Cia Energética Rio das Antas (Ceran).

“Estamos prontos para fazer o acolhimento das famílias caso necessário. Não há famílias próximas à barragem fora de suas casas. São diversas áreas que apresentam riscos e foram elencadas pelo Núcleo de Riscos Geológicos. A RS-431, em Faria Lemos e Vale Aurora segue interditada, foram 80 vias bloqueadas em maio, e 50 já foram recuperadas. Além disso, seguimos nas buscas pelos desaparecidos”, disse a Prefeitura, também por meio da assessoria.

Barragem da Usina Hidrelétrica 14 de Julho | abc+



Barragem da Usina Hidrelétrica 14 de Julho

Foto: Redes Sociais

Em contato com a Ceran, a companhia informou que segue monitorando as barragens (14 de Julho, Castro Alves e Monte Claro) e está sempre em contato com a Defesa Civil para auxiliar no que for preciso. Conforme as últimas atualizações, a Companhia, em conjunto a especialistas do setor e projetistas, realizou análises uma semana após o rompimento parcial (no dia 2 de maio) e constatou que a estrutura da barragem não havia sido comprometida. Em nota, a Ceran afirmou que os estudos mostravam uma barragem estável e segura para as vazões de projeto e sem indicativos de risco de rompimento”.

Além disso, a Ceran realizou a recuperação da barragem, dos acessos e das instalações, reforçando que qualquer alteração de cenário será comunicada à população. Apesar do rompimento parcial, não ocorreu aumento significativo nas vazões já existentes na Bacia Taquari-Antas.

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