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NA SERRA GAÚCHA

Como está o projeto e o que falta para que o Aeroporto Internacional das Hortênsias saia do papel

Com aeroporto de Porto Alegre fechado, alternativa em Canela volta à pauta; entenda a situação

Mônica Pereira
Publicado em: 24/05/2024 às 15h:55 Última atualização: 24/05/2024 às 17h:36
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Um aeroporto internacional para Região das Hortênsias. Essa é uma demanda que começou a ser discutida em Canela em 1986. Depois de quase 40 anos, muitos passos – e, claro, muitos outros entraves – a proposta volta a ser pauta entre o poder público, empresários e entidades.

Projeto do aeroporto de Canela tem custo estimado em R$ 720 milhões



Projeto do aeroporto de Canela tem custo estimado em R$ 720 milhões

Foto: Reprodução

Com o principal aeroporto do Rio Grande do Sul, o Salgado Filho, fechado até, pelo menos, 7 de agosto, ficou mais difícil do restante do Brasil chegar na Serra gaúcha. O prejuízo de depender de um único aeroporto ficou evidente nesses últimos dias, através dos cancelamentos registrados na rede hoteleira e a pouca movimentação das cidades.

Apresentação do projeto do Aeroporto Internacional das Hortênsias ocorreu nesta semana, com a presença de autoridades e trade



Apresentação do projeto do Aeroporto Internacional das Hortênsias ocorreu nesta semana, com a presença de autoridades e trade

Foto: Mônica Pereira/GES-ESPECIAL

Com o intuito de retomar essa discussão e entender a tramitação para que o Aeroporto Internacional das Hortênsias finalmente saia do papel, uma reunião ocorreu, na terça-feira, dia 22, no Grande Hotel de Canela. Uma das articuladoras foi a empresária Any Brocker.

O encontro teve a participação de mais de 100 pessoas, representantes das cidades de Gramado, Canela, São Francisco de Paula, Nova Petrópolis e Cambará do Sul.

Como está o projeto

Alan Furlan é o arquiteto responsável pelo projeto do Aeroporto Internacional das Hortênsias



Alan Furlan é o arquiteto responsável pelo projeto do Aeroporto Internacional das Hortênsias

Foto: Mônica Pereira/GES-ESPECIAL

O arquiteto Alan Furlan começou a atuar no projeto em 2019, com o objetivo de adequar o que já existia com as novas regras ambientais e exigências para que um aeroporto internacional opere.

Atualmente, a estrutura proposta tem 7,5 mil metros quadrados e deve ser instalada nas proximidades do Santuário de Nossa Senhora do Caravaggio, em Canela. A pista para pousos e decolagens conta com 3,5 mil metros de comprimento para atender grandes aeronaves. Há previsão para espaços comerciais, locadoras de veículos, circulação, hangares, terminal de passageiros e de cargas.

Segundo os idealizadores, a promessa é que a operação não facilite somente o acesso dos turistas, mas também impulsione o desenvolvimento, criando uma nova rota logística para otimizar a cadeia de suprimentos, beneficiando o escoamento das produções locais.

Em termos de comparação, o aeroporto de Canela teria 1/3 do tamanho do de Porto Alegre. “Porém ele tem bastante capacidade de recebimento de aeronaves e com possibilidade de expansão do terminal de cargas, isso seria muito importante para qualquer tipo de recebimento de carga internacional diretamente”, pondera.

Operação e viabilidade

Alan Furlan é o arquiteto responsável pelo projeto do Aeroporto Internacional das Hortênsias



Alan Furlan é o arquiteto responsável pelo projeto do Aeroporto Internacional das Hortênsias

Foto: Mônica Pereira/GES-ESPECIAL

Alan explica que existe a estimativa que mais da metade dos passageiros que passam pelo terminal do Salgado Filho tenham como destino a Região das Hortênsias. Para ele, isso significa a viabilidade do negócio.

A outorga, que foi renovada em 2019, pertence à Prefeitura de Canela. Com o projeto concluído e todos os estudos necessários, o Executivo municipal pode fazer a concessão para uma empresa ou consórcio que construa a estrutura e faça a operação. Trâmites burocráticos serão seguidos para que se dê andamento a todo esse processo.

“Estamos organizando a renovação de algumas documentações da outorga junto à Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) e aguardando para protocolar o projeto na Fepam (Fundação Estadual de Proteção Ambiental)”, aponta o arquiteto.

Para seguir com o rito, Alan alega que é preciso criar um grupo de trabalho para que uma equipe técnica possa ir a campo vistoriar e analisar os pontos projetados para a construção. Será necessário realizar algumas desapropriações, pois somente uma das áreas pertence à Prefeitura. As indenizações e os acessos viários também seriam por conta da empresa privada que assumirá o local.

“Precisamos fazer uma melhor avaliação topográfica da área, pois isso só foi feito até hoje com drone”, frisa. “A gente também tem que fazer a aprovação do plano básico e alinhar isso com o Plano Diretor para evitar que seja liberado projeto de algum prédio que possa virar um obstáculo”, complementa.

Depois que toda a documentação estiver pronta e que exista uma empresa interessada na construção e operação, a estimativa é que se leve em torno de três anos de obra, desde que não haja necessidade de detonações.

O custo estimado atual está na casa dos R$ 720 milhões. “Mas o aeroporto pode ser construído em duas etapas e com a primeira concluída já é possível iniciar a operação. Fizemos isso pensando na questão econômica. Esse modelo de viabilidade econômica e técnica proposto é semelhante a outros já aprovados pelo Ministério Público e Tribunal de Contas”, atesta Alan.

Apoio da Secretaria Estadual do Turismo

Secretário de Turismo do RS, Luiz Fernando Rodriguez Júnior, esteve presente na Apresentação do projeto do Aeroporto Internacional das Hortênsias



Secretário de Turismo do RS, Luiz Fernando Rodriguez Júnior, esteve presente na Apresentação do projeto do Aeroporto Internacional das Hortênsias

Foto: Mônica Pereira/GES-ESPECIAL

O secretário estadual do Turismo, Luiz Fernando Rodriguez Júnior, afirma que o projeto é ambicioso, mas que o Rio Grande do Sul precisa dessa malha viária. “É uma possibilidade que tem que ser examinada no detalhe. Nós vamos acompanhar esse processo, ajudar a viabilizar esse projeto e desembargar processos na medida daquilo que for possível”, reitera. “O Estado tem que estar ao lado de todo o movimento que gere fluxo e gere facilidade para a Serra”, acrescenta.

“Um aeroporto é o que falta para nós”

“Eu já lutei muito por esse aeroporto”, reforça o prefeito de Canela, Constantino Orsolin. Ele salienta que a outorga que Canela possui é para investimentos privados e não públicos, mas que isso é um facilitador. “Um aeroporto é o que falta para nós. Quando se tem dinheiro e boas ideias, as coisas acontecem”, corrobora, afirmando que há empresários interessados em fazer o aporte financeiro.

Para o gestor, com a tragédia que assolou o Estado e o fechamento do aeroporto, as pessoas perceberam a importância que terá um aeroporto internacional em Canela. “E significa desenvolvimento, aumento de emprego e renda”, cita. “Sempre que a gente se dá as mãos, o fardo fica muito leve”, diz o prefeito, comentando que essa união é necessária.

Representante de Gramado, o prefeito Nestor Tissot também conta que acompanha o projeto há anos e que o município sempre apoiou a iniciativa, assim como o aeroporto de Vila Oliva, em Caxias. “Queremos os dois, pois um não inviabiliza o outro. Se nós quisermos continuar com a nossa atividade turística, o aeroporto aqui é fundamental. E eu tenho certeza que o visitante vai vir com muito mais frequência e maior número. Vamos nos juntar, nos unir e vamos construir esse aeroporto”, assegura.

Paulo Tomasini é um dos entusiastas do projeto do Aeroporto Internacional das Hortênsias



Paulo Tomasini é um dos entusiastas do projeto do Aeroporto Internacional das Hortênsias

Foto: Mônica Pereira/GES-ESPECIAL

Um dos entusiastas do aeroporto é o empresário Paulo Tomasini, que foi vice-prefeito de Canela. “De uma vez por todas, a região entendeu o que eu venho falando há 20 anos: o aeroporto internacional é uma necessidade”, declara. “Canela e Porto Alegre têm condições diferentes de clima, quando uma está com neblina a outra não tem. O aeroporto aqui resolveria o transporte aéreo do Estado”, constata Tomasini, confirmando que há fundos de investimentos interessados na proposta de construção.

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