SENTENÇA
Comerciante é condenado a 18 anos de prisão por dar sete tiros na ex-mulher, que sobrevive
Júri desta segunda-feira havia sido cancelado três vezes em dezembro, por causa de jogos da Copa do Mundo e abandono do plenário por advogado
Última atualização: 25/01/2024 15:42
Acusado de simular assalto e dar sete tiros na ex-mulher, o comerciante José Antônio Sartori, 64 anos, foi condenado a 18 anos de prisão na noite de segunda-feira (27) no fórum de Taquara. O crime aconteceu na madrugada de 22 de agosto de 2019. Marilene Wagner, 63, que era diretora da Câmara de Vereadores da cidade, sobreviveu com sequelas. Filhos do casal testemunharam contra o pai, que voltou para o presídio.
O júri, que levou 12 horas, havia sido cancelado três vezes em dezembro último. Duas por causa de jogos da Seleção Brasileira na Copa do Mundo e outra porque o defensor do réu abandonou o plenário quando a sessão estava começando.
“Ficaram evidentes a frieza e a crueldade do réu, que arquitetou o crime vários dias antes, inclusive forjando o furto da arma que utilizou para matar a ex-esposa. Marilene e os três filhos do casal acompanharam todo o julgamento e ficaram muito emocionados ao receber o veredito, que confortou o sofrimento dessa família”, destacou a promotora Cristina Schmitt Rosa.
A professora Cassiane Leonor Sartori, 44, declarou à reportagem que não consegue perdoar o pai. “Quero que ele mofe na cadeia. Não tento perdoar. Não tento entender." Preso desde o dia do crime, o comerciante nunca recebeu a visita dos filhos.
A vítima, que precisa tomar forte medicação para dor, realizou cirurgia de emergência e ficou internada por vários dias. Seguiu realizando tratamento com fisioterapeuta por meses para recuperar os movimentos dos braços e das pernas. Ainda hoje sofre com dores no abdômen e tem uma bala alojada próximo à coluna.
Quando foi atingida, Marilene já era aposentada do serviço público e seguia trabalhando, como cargo em comissão, na direção do legislativo municipal. "Em função das dores, hoje não consegue ficar muito tempo sentada ou em pé", relata Cassiane.
Réu teria dissimulado reconciliação para matar
O crime aconteceu por volta das 3 horas na RS-020, em Taquara. Sartori e Marilene estavam divorciados. Ele teria proposto reconciliação.
"Os dois jantaram e foram ao cinema, em Porto Alegre. Até tiraram fotos juntos e mandaram para os filhos. No caminho de volta para casa, ele parou o carro, afirmando que estava com algum problema mecânico, e iria verificar", relatou a delegada Rosane de Oliveira, que conduziu a investigação.
Conforme ela, o homem desceu, colocou luvas, pegou arma e deu tiros contra o vidro da janela do caroneiro, onde estava sentada Marilene. Ao perceber que ela ainda estava viva, Sartori asfixiou-a com um pano e depois dirigiu no sentido de Igrejinha. "Ela implorava para levá-la ao hospital, mas ele não reagia. Presumimos que estava esperando a vítima morrer. Marilene chegou a fingir que estava morta. Ele tentou verificar o pulso dela e, achando que tinha morrido, a levou ao hospital de Taquara", contou a delegada.
Ao ser socorrida, a vítima abriu os olhos e disse à enfermeira que estava viva e relatou o ocorrido. No hospital, policiais civis e militares fizeram contato com o médico, que os encaminhou até a vítima. Ela estava lúcida. A mulher afirmou que o ex-marido era o autor dos disparos e explicou como ele teria agido. Os agentes gravaram o depoimento da vítima.
Conforme a promotora, o crime foi praticado por motivo torpe, para vingar ressentimentos decorrentes da separação anterior, pois Sartori nunca se conformou com a partilha dos bens do casal. Além disso, foram reconhecidas as qualificadoras do emprego de asfixia, dissimulação e feminicídio.
Ex-marido alegou que foi assalto
O suspeito deu outra versão. "Ele disse que os disparos tinham sido efetuados por criminosos que tentavam assaltar o casal. Chegou a narrar que entrou em luta corporal com um deles. Sabemos que esse tipo de crime tem ocorrido e ele simulou a cena para acreditarmos nisso. Com certeza não contava que ela fosse sobreviver aos disparos e contar a verdade", diz Rosane.
Sartori foi preso no hospital e autuado em flagrante na delegacia. O veículo onde estava o casal, um Onix vermelho, foi recolhido e passou por perícia.
Acusado de simular assalto e dar sete tiros na ex-mulher, o comerciante José Antônio Sartori, 64 anos, foi condenado a 18 anos de prisão na noite de segunda-feira (27) no fórum de Taquara. O crime aconteceu na madrugada de 22 de agosto de 2019. Marilene Wagner, 63, que era diretora da Câmara de Vereadores da cidade, sobreviveu com sequelas. Filhos do casal testemunharam contra o pai, que voltou para o presídio.
O júri, que levou 12 horas, havia sido cancelado três vezes em dezembro último. Duas por causa de jogos da Seleção Brasileira na Copa do Mundo e outra porque o defensor do réu abandonou o plenário quando a sessão estava começando.
“Ficaram evidentes a frieza e a crueldade do réu, que arquitetou o crime vários dias antes, inclusive forjando o furto da arma que utilizou para matar a ex-esposa. Marilene e os três filhos do casal acompanharam todo o julgamento e ficaram muito emocionados ao receber o veredito, que confortou o sofrimento dessa família”, destacou a promotora Cristina Schmitt Rosa.
A professora Cassiane Leonor Sartori, 44, declarou à reportagem que não consegue perdoar o pai. “Quero que ele mofe na cadeia. Não tento perdoar. Não tento entender." Preso desde o dia do crime, o comerciante nunca recebeu a visita dos filhos.
A vítima, que precisa tomar forte medicação para dor, realizou cirurgia de emergência e ficou internada por vários dias. Seguiu realizando tratamento com fisioterapeuta por meses para recuperar os movimentos dos braços e das pernas. Ainda hoje sofre com dores no abdômen e tem uma bala alojada próximo à coluna.
Quando foi atingida, Marilene já era aposentada do serviço público e seguia trabalhando, como cargo em comissão, na direção do legislativo municipal. "Em função das dores, hoje não consegue ficar muito tempo sentada ou em pé", relata Cassiane.
Réu teria dissimulado reconciliação para matar
O crime aconteceu por volta das 3 horas na RS-020, em Taquara. Sartori e Marilene estavam divorciados. Ele teria proposto reconciliação.
"Os dois jantaram e foram ao cinema, em Porto Alegre. Até tiraram fotos juntos e mandaram para os filhos. No caminho de volta para casa, ele parou o carro, afirmando que estava com algum problema mecânico, e iria verificar", relatou a delegada Rosane de Oliveira, que conduziu a investigação.
Conforme ela, o homem desceu, colocou luvas, pegou arma e deu tiros contra o vidro da janela do caroneiro, onde estava sentada Marilene. Ao perceber que ela ainda estava viva, Sartori asfixiou-a com um pano e depois dirigiu no sentido de Igrejinha. "Ela implorava para levá-la ao hospital, mas ele não reagia. Presumimos que estava esperando a vítima morrer. Marilene chegou a fingir que estava morta. Ele tentou verificar o pulso dela e, achando que tinha morrido, a levou ao hospital de Taquara", contou a delegada.
Ao ser socorrida, a vítima abriu os olhos e disse à enfermeira que estava viva e relatou o ocorrido. No hospital, policiais civis e militares fizeram contato com o médico, que os encaminhou até a vítima. Ela estava lúcida. A mulher afirmou que o ex-marido era o autor dos disparos e explicou como ele teria agido. Os agentes gravaram o depoimento da vítima.
Conforme a promotora, o crime foi praticado por motivo torpe, para vingar ressentimentos decorrentes da separação anterior, pois Sartori nunca se conformou com a partilha dos bens do casal. Além disso, foram reconhecidas as qualificadoras do emprego de asfixia, dissimulação e feminicídio.
Ex-marido alegou que foi assalto
O suspeito deu outra versão. "Ele disse que os disparos tinham sido efetuados por criminosos que tentavam assaltar o casal. Chegou a narrar que entrou em luta corporal com um deles. Sabemos que esse tipo de crime tem ocorrido e ele simulou a cena para acreditarmos nisso. Com certeza não contava que ela fosse sobreviver aos disparos e contar a verdade", diz Rosane.
Sartori foi preso no hospital e autuado em flagrante na delegacia. O veículo onde estava o casal, um Onix vermelho, foi recolhido e passou por perícia.
O júri, que levou 12 horas, havia sido cancelado três vezes em dezembro último. Duas por causa de jogos da Seleção Brasileira na Copa do Mundo e outra porque o defensor do réu abandonou o plenário quando a sessão estava começando.