AEDES AEGYPTI

Com recorde de casos e mortes já batidos no ano, dengue segue preocupando na região

Em São Leopoldo, vacina é disponibilizada para crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, mas procura é baixa

Publicado em: 28/08/2024 07:21
Última atualização: 28/08/2024 07:22

Com recorde de casos e de mortes na região, a dengue segue sendo uma preocupação para os órgãos de saúde. Juntas, as cinco cidades de cobertura do Jornal VS somavam, até terça-feira (27), 23.763 casos confirmados e 28 mortes. Em todo o ano passado, haviam sido 741 casos confirmados e nenhum óbito. Mas não é só na região que a doença provocada pelo mosquito Aedes aegypti assusta.

Região já tem mais de 23 mil casos confirmados em 2024 Foto: Arquivo/GES

O ano de 2024 tem sido o de maior registro de casos de dengue no mundo. Segundo a revista científica Lancet, até 23 de julho, mais de 10 milhões de casos e 6,5 mil mortes foram registradas em 176 países. No Brasil, dados do painel do Ministério da Saúde revelam que até o dia 24 de agosto, foram confirmadas 5.189 mortes em 2024. No Rio Grande do Sul, segundo o painel da Secretaria Estadual da Saúde, já são 280 óbitos por dengue neste ano.

Em São Leopoldo, desde junho são oferecidas nas unidades básicas de saúde doses da vacina contra a dengue. O público-alvo neste primeiro momento são crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, faixa etária que compreende a uma das vítimas fatais da doença na cidade. No final de abril, a morte de Thuany Rúbio dos Santos, de 13 anos, comoveu a cidade.

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A causa da morte da menina foi divulgada no começo de junho, pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Thuany não tinha comorbidades. Apesar do elevado número de casos e da gravidade da doença, independentemente da idade do paciente, a procura pelo imunizante na cidade segue baixa, conforme a titular da SMS, Paula Silva.

“A procura pela vacina está baixa neste momento. Muitas crianças e adolescentes já estão na época de fazer a segunda dose, com três meses de intervalo”, comenta a secretária. Segundo ela, até o começo desta semana já haviam sido aplicadas 1.178 doses da vacina na cidade. Atualmente, conforme Paula, há 2.611 doses disponíveis para o público-alvo nas Unidades Materno Infantil, Cohab Duque e Rio Branco.

Além da vacina, Paula garante que o enfrentamento da dengue na cidade é feito, ainda, por meio do trabalho de prevenção e controle do mosquito, realizado durante todo o ano através das visitas dos agentes de combate às endemias aos domicílios, pontos estratégicos, verificação de denúncias e aplicação de inseticidas nos casos preconizados pelo Ministério da Saúde.

Novo LIRAa aponta baixo risco para infestação do mosquito na cidade 

Entre os dias 12 e 26 de agosto, equipes da SMS percorreram as ruas de São Leopoldo realizando o segundo Levantamento de Índice Rápido do Aedes aegypti (LIRAa) do ano. Ao todo, 18 agentes realizaram 3.169 visitas em 606 quarteirões, realizando 65 coletas. Destas, 17 amostras foram positivas para o Aedes aegypti. Segundo Paula, o resultado aponta para baixo risco de infestação para o mosquito na cidade.

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O LIRAa é uma metodologia recomendada pelo Ministério da Saúde para a determinação do Índice de Infestação Predial (IIP) do mosquito Aedes aegypti, de maneira rápida, auxiliando no direcionamento das ações de controle e na avaliação das atividades desenvolvidas.

Para o trabalho dos agentes, os bairros são agrupados em sete estratos, dos quais são sorteados os quarteirões que serão visitados. São inspecionados 20% dos imóveis de cada quarteirão sorteado para a coleta de formas imaturas do mosquito, larvas ou pupas.

Para a realização do LIRAa, agentes visitam casas e coletam amostras de água parada Foto: Romeu Finato/Prefeitura de São Leopoldo

“Através do LIRAa temos a informação de como está o índice de infestação do mosquito em um curto período de tempo em todo o Município. Assim, é possível identificar áreas prioritárias e traçar estratégias específicas para a prevenção e o controle do Aedes aegypti”, pontua a secretária.

Fatores que contribuem para a alta dos casos

De acordo com Paula, são vários os fatores que contribuem com o número elevado de casos e mortes neste ano. “Em relação aos casos, um dos principais fatores é a falta de imunidade ao vírus, seguida da alta infestação de Aedes aegypti, da epidemia em nível nacional e da sensibilidade dos serviços de saúde em notificar casos suspeitos e confirmados”, explica a secretária.

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“A sensibilidade na investigação de óbitos também contribuiu para termos a confirmação de números altos, pois este é um processo bastante complexo. Outros fatores podem ter contribuído e estamos apurando todas as variáveis a fim de identificar situações, protocolos e condutas que podem ser qualificados na nossa rede de saúde”, completa.

Novo equipamento ajuda na aplicação de inseticida

Na semana passada, a SMS recebeu da empresa Agrocontinental a doação de um gerador aerosol UBV, utilizado na aplicação de inseticida contra a dengue nos bairros. O aparelho é portátil e será utilizado na carroceria de caminhonetes para realizar a ação conhecida como fumacê. A entrega ocorreu na Vigilância em Saúde.

Entre as vantagens do novo equipamento estão a sintonia de dois motores de dois tempos, que não necessitam de um compressor para geração de gotas, e a praticidade. Por ser portátil, pode ser adaptado em diversos veículos como carros convencionais e pick-ups de pequeno porte. "Agradecemos a iniciativa da empresa. É mais uma ferramenta que vamos utilizar no combate e prevenção ao aedes", destaca Paula.

Medidas de prevenção e sintomas 

Medidas de prevenção à proliferação e circulação do Aedes, são fundamentais de serem seguidas durante todo o ano, como a limpeza e revisão das áreas interna e externa das residências ou apartamentos e eliminação dos objetos com água parada. Estas são ações que impedem o mosquito de nascer, cortando o ciclo de vida na fase aquática. O uso de repelente também é recomendado para maior proteção individual contra o Aedes aegypti.

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Os principais sintomas da doença são: febre alta (39°C a 40°C), com duração de dois a sete dias; dor retroorbital (atrás dos olhos); dor de cabeça; dor no corpo; dor nas articulações; mal-estar geral; náusea, vômito e/ou diarreia, manchas vermelhas na pele, com ou sem coceira.

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