SOLIDARIEDADE
Com quase 90 anos, dona Hedwig faz 'polvo de crochê' para doar a bebês prematuros
Em cinco anos de voluntariado, mais de 200 bebês nascidos no Hospital Sapiranga receberam o 'calor' dos polvos
Última atualização: 01/02/2024 16:11
A união de amor ao próximo e vontade de fazer o bem fizeram Hedwig Haag, moradora de Sapiranga, confeccionar mais de 200 polvos de crochê que foram doados ao longo de cinco anos para os bebês prematuros, internados na UTI Neonatal do Hospital Sapiranga.
A última leva dos polvos foi entregue pela própria Hedwig à equipe de enfermagem no mês passado. "Eu não posso parar, isso me ajuda a ficar ocupada e ainda consigo ajudar, fazendo o bem, sem olhar a quem", enfatiza, que mesmo aos 89 anos, ou quase 90, como frisou, tem disposição para mexer com as agulhas.
Mesmo costurando, fazendo tricô e crochê desde jovem, a história de Hedwig com o polvo começou através de uma amiga de sua filha. "Minha filha tem uma amiga de Porto Alegre que confeccionava polvo de crochê e doava para um hospital de lá. Ela mandou uma amostra para eu tirar o modelo e aí comecei a fazer também", conta.
Os animais de crochê são brinquedos que ajudam os bebês prematuros, promovendo melhora no sistema respiratório e cardíaco dos recém-nascidos. Segundo a idosa, os objetos dão a sensação de segurança e conforto aos bebês, através dos tentáculos de crochê que remetem ao cordão umbilical, em sensação semelhante a do útero materno. "Eu me sinto satisfeita, me ocupo fazendo, ainda mais sendo algo que vai auxiliar os bebês", completa a voluntária.
No Hospital Sapiranga, o polvo se torna um presente e uma lembrança para uma vida toda. Além disso, auxiliam na adaptação do bebê em seu novo lar, pois a "ação calmante" do brinquedo o mantém seguro. "São colocados dentro da incubadora junto aos prematuros durante sua permanência, e na alta, ele é entregue a família", explica a diretora da casa de saúde, Elita Herrmann.
'Um amigo para se acalmar'
O pequeno João Lucas, de apenas 2 meses, foi um dos beneficiados com o polvinho de crochê doado por dona Hedwig. Nos longos 69 dias internado, o pequeno pôde contar com o auxílio do brinquedo. "Quando ele recebeu o polvo foi muito bom, porque ele pode contar com um amigo para se acalmar. Enquanto estava no hospital, acolhia ele", conta a mãe do pequeno, Rafaela Aparecida Santos Piunti, 40.
E muito mais que um amigo, um companheiro. Hoje, com pouco mais de 10 dias em casa, João Lucas ainda conta com a companhia do seu brinquedo. "Quando ele está bravo em casa, eu dou o polvo e ele se acalma, é também o companheiro de soninho dele", diz a mãe.
"Os polvinhos fazem parte das UTIs neonatais do mundo todo, e aqui em Sapiranga esta iniciativa tem se destacado, engajando voluntários e comunidade em prol do bem-estar dos pacientes da UTI Neonatal", afirma Elita.
Número de doações são anotadas
Hedwig conta que leva em torno de 2 horas para confeccionar um polvo, isso porque ela faz a cabeça do brinquedo com máquina de tricô automática, senão levaria 3 horas. "Eu acordo, dou minha caminhada, faço as lidas de casa, preparo o meu almoço e à tarde eu me envolvo com o crochê", conta a voluntária.
Em um caderninho de anotações, Hedwig escreveu várias datas com o número de polvos doados. "Eu gosto de saber quantos fiz, quantos doei. Algumas datas eu esqueço de colocar, mas a última doação foi em 10 de fevereiro, quando entreguei 30 polvos", lembra a voluntária.
Quem quiser ajudar, pode doar
A maioria dos artefatos para confeccionar os brinquedos são custeados pela própria Hedwig, mas quem tiver interesse em doar linhas de crochê para ajudar na criação dos polvos pode deixar a doação no Hospital Sapiranga. "Esse trabalho é extremamente importante, além de Hedwig, temos outras duas voluntárias que também fazem polvos. O hospital não teria equipe para isso e é um trabalho lindo, que demonstra o enorme carinho dessas pessoas junto a este serviço extremamente importante para a comunidade da região", enfatiza Elita.