Um dia considerado histórico para a Região das Hortênsias. Na manhã desta terça-feira (10), a bandeira da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) foi hasteada no aeroporto de Canela, dando início a um novo momento do equipamento. A partir de agora, a expectativa é de incremento das operações, como uma forma de fomentar o turismo e o desenvolvimento.
As incertezas que rodeavam o futuro do aeroporto, que já foi gerido pela Prefeitura e pelo governo estadual, dão espaço à esperança. A promessa é que aviões de médio porte – até um ATR-72 – possam conectar Canela diretamente com outros Estados. Para que isso seja possível, obras de infraestrutura no local são necessárias, principalmente para o alargamento da pista. Atualmente com 18 metros, haverá a ampliação para 30 metros.
Para explicar as propostas e projetos para o aeroporto, uma comitiva da Infraero esteve no município e se reuniu com representantes do trade turístico, autoridades e comunidade. O encontro ocorreu, na manhã da terça, na sede do Centro Integrado de Desenvolvimento e Inovação de Canela (Cidica).
“É uma honra para a Infraero assumir a outorga do aeroporto de Canela. Nós depositamos aqui as nossas esperanças de bons negócios e de boas realizações. A nossa missão é fazer com que o aeródromo vire um aeroporto realmente, com plenas condições de operação, segurança e tecnicidade exigidas pela legislação”, destaca o presidente da Infraero, Rogério Barzellay.
Prazos
A revitalização do aeroporto já começou, com limpezas, sinalizações e manutenções. Também foram assinadas três ordens de serviço, no valor de R$ 3,5 milhões. Uma delas para a elaboração de projeto para instalação de um equipamento chamado Papi, que auxilia os pilotos da hora do pouso. Outro para a pintura da sinalização da pista e o terceiro para a manutenção de pavimentos flexíveis.
“Nesta primeira fase, estimamos de R$ 7,5 milhões a R$ 8 milhões em investimento. Para alargar a pista até 30 metros, será um investimento na ordem de R$ 20 a R$ 22 milhões”, atesta o presidente, reforçando que a empresa já possui as verbas necessárias para as execuções.
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Para as obras de alargamento, o aeroporto precisará ficar fechado por cerca de 60 dias. Na reunião, ficou decidido que isso acontecerá a partir do dia 21 de outubro, ou seja, após a retomada de voos no aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre. Para Rogério, os atuais 1.260 metros de extensão da pista são suficientes para a operação de voos com até 72 passageiros, já no início de 2025.
A Infraero está buscando o licenciamento ambiental para as intervenções. Uma reunião entre a empresa e a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) deve ocorrer nos próximos dias. E essa foi uma das demandas apontadas pelos moradores, que questionaram sobre os impactos ambientais, devido à proximidade do aeroporto com casas e condomínios e a fauna existente no entorno. Rogério atesta que o equipamento conta com as licenças de operação e que verificará quais as exigências solicitadas pelo órgão.
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“Mas tem que se fazer o que é melhor para todo mundo, dentro das possibilidades, dentro do menor impacto possível. Essa é a linha que a gente está adotando para tentar encontrar uma solução importante para a nossa região”, reitera o representante do Ministério da Reconstrução, Milton Zuanazzi.
Terminal de passageiros
Outra etapa para o futuro aeroporto é a construção de um terminal de passageiros. O superintendente de engenharia da Infraero, Adélcio Guimarães, conta que o projetado era um prédio de cerca de 800 metros quadrados, mas que estão planejando algo em torno de 3 mil metros quadrados.
“Depois da visita, percebemos que a comunidade quer algo diferente, maior e melhor. Vamos fazer algo que o cidadão daqui ficará orgulhoso”, adianta. “Claro que vai ter um prazo ampliado e um maior gasto e planejamento, mas a gente viu que vai valer a pena”, complementa.
Ainda, o presidente da Infraero frisa que ouvirá a comunidade para entender as demandas necessárias para essa estrutura.
A operação
Rogério pondera que a logística, preços e horários de voos são definidos por demanda de mercado, ou seja, pelas companhias aéreas. Contudo, acredita que as empresas devem se interessar pela operação no aeroporto de Canela, por causa da força turística da região, que recebe milhões de turistas por ano. “Eu acho que nós vamos ter uma procura muito maior do que até a nossa capacidade de pátio no primeiro momento”, assegura.
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Milton reforça que, apesar da demora de quase dois meses para transferência da gestão do aeroporto, o governo federal estava conversando com as empresas que possuem aviões capazes que operar na cidade. “As empresas aéreas quando veem que tem essa administração por parte da Infraero também mudam a sua postura em relação àquele equipamento”, cita.
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Otimista, o presidente da Infraero estima que o aeroporto de Canela possa receber em torno de 500 mil passageiros por ano.
“Se descer um ATR por dia em Canela, nós teremos 500 pessoas a mais por semana aqui. Estamos esperançosos e não tenho dúvidas de que o aeroporto de Canela tem a tendência de crescer sempre um pouco mais, e isso é muito importante para um destino turístico. Esses voos diretos vão facilitar o nosso turismo de negócios”, prospecta o secretário de Turismo da cidade, Gilmar Ferreira.
O diretor de Turismo da Secretaria de Turismo do Rio Grande do Sul, Rafael Carniel, salienta que o governo fará uma campanha nacional de divulgação do Estado. “O momento requer uma aceleração e um compromisso com a conquista de novos mercados. Nós vamos estar bastante comprometidos e bem presentes para a gente discutir juntos e construir juntos soluções de mercado”, compromete-se.
Aeroporto de Vila Oliva, em Caxias do Sul
Mesmo com a ampliação do aeroporto de Canela, o governo federal afirma que está empenhado em tirar do papel o aeroporto de Vila Oliva, em Caxias do Sul. Na visão do presidente da Infraero, são dois equipamentos complementares e que um não inviabiliza o outro.