SEMANA SANTA

Com dificuldades na pesca, feiras do peixes devem ter preços mais altos

Expectativa de vendas é positiva, mas pescadores relatam escassez de peixes nos rios da região metropolitana

Publicado em: 04/04/2023 09:47
Última atualização: 01/03/2024 09:42

A Semana Santa é uma das principais datas celebradas pelos cristãos. Na Sexta-feira Santa, o peixe é um dos alimentos mais consumidos. Para atender a demanda, os municípios organizam as tradicionais feiras do peixe. Em Canoas e Nova Santa Rita, o formato descentralizado, com expositores em diferentes locais, foi ampliado.

Preço do quilo do peixe aumentou cerca de 10% em Nova Santa Rita Foto: PAULO PIRES/GES

Em Nova Santa Rita, cerca de 30 famílias, entre piscicultores e pescadores, vão comercializar peixes de criação e pesca. Serão vendidas carpas (húngara, capim e cabeça grande), corvina, bagre, trairão, tainha, pintado, filé de violinha do mar, filé de cascudo, entre outros peixes.

Embora a pesca esteja prejudicada pela estiagem que atingiu os rios da região metropolitana no início do ano e o custo para criação de peixes tenha aumentado, a expectativa dos expositores é que cerca de seis toneladas de pescados sejam comercializados até o fim da feira que ocorre de 5 a 7 de abril, em quatro pontos do município. Na edição anterior foram vendidas em torno de cinco toneladas.

"Sabemos das dificuldades impostas na profissão tanto de quem pesca quanto de quem cria. A feira do peixe é mais um instrumento para fomentar a venda local e fortalecer a atividade em nosso município por meio de ações que auxiliem os profissionais", afirma o secretário da Agricultura de Nova Santa Rita, Emerson Giacomeli.

O titular da pasta frisa que o município mantém programas para auxiliar na operacionalização, transporte e comercialização dos peixes.

Além do pescado

A feira do peixe de Nova Santa Rita é organizada pela Secretaria Municipal de Agricultura, em parceria com a Colônia de Pescadores, a Associação de Piscicultores de Nova Santa Rita e a Emater-RS. A abertura oficial ocorre nesta quarta-feira (5), a partir do meio-dia até as 19 horas. Já na quinta-feira (6), o atendimento ao público será das 8 às 19 horas e na sexta-feira (7), das 8 horas ao meio-dia.

As bancas estão instaladas na área central (Avenida Santa Rita, 686), no bairro Floresta/Caju (Rua Santa Rita do Caju, 1447), no bairro Berto Círio (Avenida Getúlio Vargas, 1390) e no estacionamento da Famasp (Avenida Getúlio Vargas, 1645).

De acordo com Secretaria Municipal da Agricultura também será comercializado artesanato e chocolates. "Teremos esses produtos em algumas bancas. No próximo ano pretendemos ampliar a feira do peixe para mais dias, ela passará a se chamar Feira de Páscoa. A ideia é fomentar o comércio local e a renda da população por meio de itens de qualidade", diz Giacomeli.

Falta de chuva, poluição e excesso de palometas nos rios

Pescador profissional há 28 anos, Ricardo Samuylik, de 64 anos, é o atual diretor da Colônia de Pescadores de Nova Santa Rita e delegado estadual da pesca. A paixão pela profissão foi responsável por Samuylik ter a ideia de criar a feira do peixe no município. "Antes de me profissionalizar já era envolvido com a pesca, na década de 1980 não havia uma organização de pescadores na cidade, foi quando apresentei a ideia de fazer a feira no município", explica.

Ricardo Samuylik armazena os pescados em freezers Foto: PAULO PIRES/GES

O veterano relata as dificuldades enfrentadas nos últimos anos. "O problema se agravou nesse ano, os rios da região [Bacia do Jacuí, do Guaíba e da Lagoa dos Patos] estão infestados de palometas, além da falta de chuva que prejudicou a reprodução dos peixes. A questão das chuvas só nos resta rezar, mas o descontrole das palometas é algo que precisa de estudo, necessita de atenção do poder público. É uma questão de ecossistema", destaca.

Redes vazias: situação ameaça futuro da pesca

A situação dos pescadores da prainha do Paquetá, em Canoas, não é diferente da de Nova Santa Rita. No local, cerca de 60 famílias vivem da pesca. O pescador Almiro de Oliveira Lopes, conhecido como Miro, de 61 anos, nasceu e se criou no Paquetá. Ele conta que nunca viu uma situação tão difícil para a pescaria profissional.

Almiro Lopes lamenta as redes sem peixe Foto: PAULO PIRES/GES

"Na semana passada, voltei duas vezes sem nada, nenhum peixe. Algo que seria inimaginável se tornou uma realidade. Cada vez, precisei ir mais longe para conseguir os peixes. O esforço aumenta e o custo também", explica.

Outro ponto apontado pelo pescador é venda de peixes que também reduziu nos últimos anos. "Depois da pandemia de Covid-19, houve uma queda do poder aquisitivo, falo por mim e pelos meus clientes, e isso reflete na comercialização. Precisamos ter algum lucro, mas também se subimos demais o preço não vendemos. É uma situação difícil", reflete.

Confira dias, horários e locais

A abertura da feira do peixe de Canoas ocorre em cinco locais da cidade, a partir desta terça-feira (4). As vendas até quinta-feira (6) ocorrem das 8 às 20 horas, e na sexta-feira (7) das 8 horas ao meio-dia.

Confira os locais:

Centro: Rua Cônego José Leão Hartmann - com seis bancas e oferta de peixes assados na taquara e fritos.
Mathias Velho: Em frente à Igreja São Pio X (Avenida Rio Grande do Sul, 414) - com quatro bancas e venda de peixe vivo.
Niterói: Junto à Praça Dona Mocinha (Rua Júlio de Castilhos, 300) - com quatro bancas.
Guajuviras: Rua 1, próximo da rótula - com sete bancas e venda de peixe vivo.
Rio Branco: Praça Cônego Lotário Steffens - com duas bancas.

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