SAFRA 2023
Colheita e venda de pinhão na Serra iniciam a partir deste sábado
São Francisco de Paula, considerado o maior produtor da semente, com 160 famílias envolvidas, deve ter produção de 70 toneladas
Última atualização: 29/02/2024 08:41
Um dos períodos mais aguardados por moradores da Serra gaúcha inicia neste final de semana: a colheita e venda do pinhão. A partir deste sábado, dia 1º de abril, quem passar pelas rodovias RS-235 e RS-115 encontrará os fogões a lenha e sentirá o cheiro das 11 banquinhas funcionando, com pinhãozeiros. Nos locais, a semente é comercializada crua ou cozida.
A Região das Hortênsias e, em especial, os Campos de Cima da Serra se caracterizam como os maiores produtores de pinhão do Estado. Para este ano, contudo, a notícia não é tão animadora: haverá uma diminuição nos números de produção. De acordo a Emater/RS-Ascar, em São Francisco de Paula, deverá haver uma perda em torno de 10% com relação à safra do ano passado. A estimativa é que sejam colhidas 70 toneladas no município, que é considerado o maior produtor do Rio Grande do Sul, por causa das 160 famílias envolvidas na atividade de colheita e extração.
Outros municípios que também terão uma produção significativa são Muitos Capões, com previsão de colheita de 100 toneladas e 70 famílias na atividade; Cambará do Sul, com estimativa de 50 toneladas e 100 famílias envolvidas; Bom Jesus, com 45 toneladas e 120 famílias envolvidas.
Em Gramado e Canela, a colheita preocupa. Conforme a presidente da Associação dos Extrativistas e Comerciantes de Pinhão de Gramado e Canela, Rosângela da Silva, a produção nos municípios deve ter uma queda de 50%. São esperadas, em média, duas toneladas da semente. "Pelo que vimos ao dar uma olhada no mato, há bem menos pinha nas araucárias. Enquanto ano passado tinham dez, agora têm três, quatro", comenta a representante.
Mudança na lei
Até 2022, a safra de colheita e venda do pinhão no Rio Grande do Sul iniciava em 15 de abril, conforme normativa vigente do Ibama. A mudança na legislação ocorreu em dezembro passado, quando um projeto de lei foi aprovado na Assembleia Legislativa. O texto autorizava a mudança da data para 1º de abril, visando igualar a situação com os Estados de Santa Catarina e Paraná.
Por isso, as atividades envolvendo a semente são permitidas de forma oficial a partir deste sábado.
Há 14 anos, família cultiva na chácara e vende em feira do agricultor
Marlei Zambelli e seu marido José Paim trabalham com agricultura familiar e há 14 anos são produtores de pinhão em São Francisco de Paula. Para este ano, mesmo com uma previsão de queda, projetam colher de 3 a 4 toneladas. "Mas já vimos que ano que vem será melhor, que promete ter mais", comenta.
Com a mudança antecipada do início da colheita, eles esperam que diminuam as irregularidades. "São poucas as pinhas que estão maduras nesta época. Na nossa região, para ter um pinhão de qualidade, serão daquelas colhidas ali em maio", pontua Marlei.
Da propriedade da família, o pinhão é vendido de duas formas: como semente crua ou em forma de paçoca. A comercialização é feita tanto na Feira do Agricultor, aos sábados, das 7h30 às 17 horas, quanto na Festa do Pinhão.
Preços
Conforme a Emater/RS-Ascar, os preços devem variar conforme a modalidade de venda. Do produtor para o consumidor, o quilo deve ficar entre R$ 5 e R$ 10. Em mercados, feiras e beiras de estradas, entre R$ 8 e R$ 12 o quilo.
Campanha de conscientização para assegurar o ciclo
O Gramadozoo realiza desde 2018 a campanha Segura Pinhão. A intenção é assegurar a reprodução da espécie e a fonte de alimento aos animais silvestres que se alimentam da semente.
"Estudos mencionam que florestas com araucárias no RS chegam a aproximadamente 9,8% apenas. O ciclo de vida da árvore é lento, produzindo pinhões geralmente a partir de 12 anos, com um ciclo reprodutivo podendo durar entre 29 e 34 meses. Sendo assim, é importante levar em consideração que não ocorra em nenhum momento a colheita de pinhas imaturas, para que haja o tempo natural de maturação da semente, existindo o período de alimentação dos animais silvestres e, consequentemente, da dispersão das sementes", comenta a bióloga Tathiana Gosaric.
Um dos períodos mais aguardados por moradores da Serra gaúcha inicia neste final de semana: a colheita e venda do pinhão. A partir deste sábado, dia 1º de abril, quem passar pelas rodovias RS-235 e RS-115 encontrará os fogões a lenha e sentirá o cheiro das 11 banquinhas funcionando, com pinhãozeiros. Nos locais, a semente é comercializada crua ou cozida.
A Região das Hortênsias e, em especial, os Campos de Cima da Serra se caracterizam como os maiores produtores de pinhão do Estado. Para este ano, contudo, a notícia não é tão animadora: haverá uma diminuição nos números de produção. De acordo a Emater/RS-Ascar, em São Francisco de Paula, deverá haver uma perda em torno de 10% com relação à safra do ano passado. A estimativa é que sejam colhidas 70 toneladas no município, que é considerado o maior produtor do Rio Grande do Sul, por causa das 160 famílias envolvidas na atividade de colheita e extração.
Outros municípios que também terão uma produção significativa são Muitos Capões, com previsão de colheita de 100 toneladas e 70 famílias na atividade; Cambará do Sul, com estimativa de 50 toneladas e 100 famílias envolvidas; Bom Jesus, com 45 toneladas e 120 famílias envolvidas.
Em Gramado e Canela, a colheita preocupa. Conforme a presidente da Associação dos Extrativistas e Comerciantes de Pinhão de Gramado e Canela, Rosângela da Silva, a produção nos municípios deve ter uma queda de 50%. São esperadas, em média, duas toneladas da semente. "Pelo que vimos ao dar uma olhada no mato, há bem menos pinha nas araucárias. Enquanto ano passado tinham dez, agora têm três, quatro", comenta a representante.
Mudança na lei
Até 2022, a safra de colheita e venda do pinhão no Rio Grande do Sul iniciava em 15 de abril, conforme normativa vigente do Ibama. A mudança na legislação ocorreu em dezembro passado, quando um projeto de lei foi aprovado na Assembleia Legislativa. O texto autorizava a mudança da data para 1º de abril, visando igualar a situação com os Estados de Santa Catarina e Paraná.
Por isso, as atividades envolvendo a semente são permitidas de forma oficial a partir deste sábado.
Há 14 anos, família cultiva na chácara e vende em feira do agricultor
Marlei Zambelli e seu marido José Paim trabalham com agricultura familiar e há 14 anos são produtores de pinhão em São Francisco de Paula. Para este ano, mesmo com uma previsão de queda, projetam colher de 3 a 4 toneladas. "Mas já vimos que ano que vem será melhor, que promete ter mais", comenta.
Com a mudança antecipada do início da colheita, eles esperam que diminuam as irregularidades. "São poucas as pinhas que estão maduras nesta época. Na nossa região, para ter um pinhão de qualidade, serão daquelas colhidas ali em maio", pontua Marlei.
Da propriedade da família, o pinhão é vendido de duas formas: como semente crua ou em forma de paçoca. A comercialização é feita tanto na Feira do Agricultor, aos sábados, das 7h30 às 17 horas, quanto na Festa do Pinhão.
Preços
Conforme a Emater/RS-Ascar, os preços devem variar conforme a modalidade de venda. Do produtor para o consumidor, o quilo deve ficar entre R$ 5 e R$ 10. Em mercados, feiras e beiras de estradas, entre R$ 8 e R$ 12 o quilo.
Campanha de conscientização para assegurar o ciclo
O Gramadozoo realiza desde 2018 a campanha Segura Pinhão. A intenção é assegurar a reprodução da espécie e a fonte de alimento aos animais silvestres que se alimentam da semente.
"Estudos mencionam que florestas com araucárias no RS chegam a aproximadamente 9,8% apenas. O ciclo de vida da árvore é lento, produzindo pinhões geralmente a partir de 12 anos, com um ciclo reprodutivo podendo durar entre 29 e 34 meses. Sendo assim, é importante levar em consideração que não ocorra em nenhum momento a colheita de pinhas imaturas, para que haja o tempo natural de maturação da semente, existindo o período de alimentação dos animais silvestres e, consequentemente, da dispersão das sementes", comenta a bióloga Tathiana Gosaric.