LIMPEZA URBANA
Coleta de entulhos nas três maiores cidades da região pode exigir mais de R$ 150 milhões
Apenas Canoas trabalha com a hipótese de precisar até R$ 91 milhões. São Leopoldo estima até R$ 60 milhões
Última atualização: 28/05/2024 21:19
Em três das maiores cidades da região, Canoas, Novo Hamburgo e São Leopoldo, o valor estimado para recolher todo o lixo e entulho das enchentes, e dar o destino correto, está estimado em cerca de R$ 150 milhões. A missão promete ser longa, pois são milhares de toneladas de lixo para coletar.
Canoas é a cidade com maior valor estimado, onde se espera gastar até R$ 91 milhões para a destinação correta do entulho. O recurso para esse trabalho virá diretamente do governo federal, mas o acordo prevê que será pago por metro cúbico de lixo recolhido, podendo não chegar a todo esse valor. A cidade já iniciou o processo e está fazendo por etapas, atendendo primeiro os bairros São Luís, Mato Grande e Fátima. Tudo que tem sido recolhido das ruas está sendo enviado ao aterro sanitário de Gravataí.
Em Novo Hamburgo, o recolhimento desses entulhos teve início na semana passada, no bairro Canudos, e se estende pelos demais bairros afetados na cidade. Nestes locais, a primeira retirada é dos entulhos, que estão sendo levados para um local de transbordo temporário. Em menos de uma semana, foram recolhidas 8 mil toneladas de móveis e eletrodomésticos.
Além destes entulhos, há grande carga de lixo domiciliar. “Estamos tendo que retirar o lixo de mercados inteiros do bairro Santo Afonso. São 10 mil quilos de lixo urbano”, informa o secretário de Meio Ambiente, Ráfaga Fontoura.
Uma das dificuldades é enviar este tipo de lixo urbano para o tratamento em Minas do Leão, onde fica o aterro sanitário que tem contrato com o município. A cidade fica às margens da BR-290, na Região Carbonífera, e o acesso está prejudicado devido às condições das estradas.
A Prefeitura de Novo Hamburgo estima que serão necessários R$ 2,87 milhões para recolher e destinar da maneira correta o lixo. Como solução, utiliza as chamadas estações de transbordo provisórias, nas quais é possível manter este tipo de lixo por um período.
Da mesma forma que Novo Hamburgo, São Leopoldo está precisando buscar depósitos provisórios para este acumulado de lixo. Após, se busca enviar o material para seu destino correto. A Prefeitura de São Leopoldo estima que precisará de até R$ 60 milhões para limpar a cidade.
São Leopoldo recolhe 1 mil toneladas ao dia
Depois da água baixar, são os entulhos o que mais se vê nas ruas de São Leopoldo. São armários, sofás, colchões, entre outros móveis e utensílios estragados, além de madeiras, muros, partes de residências e até casas inteiras danificadas pela cheia que tomam conta das vias públicas. Até o último dia 26, a prefeitura já havia recolhido 18 mil toneladas de entulhos e a projeção é de muito trabalho pela frente.
Para se ter uma ideia do volume de lixo que foi causado pela maior enchente da história, antes da catástrofe, a prefeitura recolhia cerca de 2 mil toneladas por mês. Agora, são aproximadamente mil toneladas por dia.
Conforme o secretário de Mobilidade e Serviços Urbanos, Sandro Lima, estima-se que 200 mil toneladas de entulhos deverão ser recolhidas a partir da enchente, trabalho que ainda deve levar de 30 até 60 dias. “Estamos nos organizando para que seja uma tarefa rápida, dentro do possível. Isso ajuda as pessoas a se reorganizar.”
Atualmente, são cem caminhões caçambas, nove caminhões garra, 50 retroescavadeiras e 350 pessoas trabalhando diariamente, de segunda a segunda para reconstruir São Leopoldo. E se pretende contratar ainda mais.
O prefeito Ary Vanazzi sinaliza com a contração de 500 pessoas para a limpeza urbana. Ele estima que o investimento na limpeza após a enchente, na primeira etapa de reconstrução da cidade, será na ordem de R$ 50 milhões a R$ 60 milhões.
Segundo Lima, depois de serem recolhidos os resíduos descartados nas vias públicas, as equipes de limpeza encaminham o material para pontos de descartes provisórios. Atualmente, são 16 locais em diferentes bairros onde não há mais pontos de alagamentos. “Assim que descartados nos pontos provisórios por caminhões de pequeno porte, as carretas levam dos pontos provisórios para os aterros, conforme a classificação dos resíduos, destinando de forma correta.”
Mais de 3,1 mil caminhões com resíduos já foram retirados em Canoas
Uma verdadeira força-tarefa deu início à limpeza das vias no bairro Fátima, em Canoas, na manhã de segunda-feira (27), onde toneladas de entulhos estão acumuladas por moradores que retornaram na semana passada.
Conforme a prefeitura, o recolhimento está sendo feito por etapas e, durante a primeira semana, foram retirados 3.154 caminhões de entulhos dos bairros São Luís, Mato Grande e Fátima, onde o nível das águas recuou o suficiente para viabilizar o serviço. Desde esta terça-feira (28), a operação limpeza passou a atuar no Centro (áreas próximas às ruas Brasil e Saldanha da Gama) e na parte já seca do Mathias Velho.
Pelas ruas, além dos restos de móveis e lixo que se acumulam, outro problema é o acúmulo de animais mortos nas calçadas, vias e telhados. Um cão de grande porte foi tapado por um cobertor na Rua Cairu, no bairro Fátima, pois estava apodrecendo no local. “Está cheirando mal”, reclama Darci Monteiro, 68 anos. “O cachorro era muito grande e ninguém se animou a juntar depois que a água baixou, então os dias foram passando e ele foi ficando ali”, acrescenta.
“Eu acho que tinha que ser dada prioridade para a remoção dos animais mortos”, reclama o mecânico Arlindo Gomes, 54. Segundo o secretário municipal de Serviços Urbanos de Canoas, Lucas Lacerda, o animal foi retirado, após ter sido informado pela reportagem, pois a demanda ainda não havia chegado até o setor. Lacerda explica que o recolhimento de animais mortos deve ser solicitado pelo telefone (51) 3425-7611.