O aparecimento de cobras em regiões urbanas tem gerado preocupação na população gaúcha. Segundo os dados da Secretaria Estadual de Saúde (SES), até 4 de dezembro de 2023, o Rio Grande do Sul registrou 520 atendimentos médicos por causa de ataques de serpentes peçonhentas, enquanto no ano de 2022 inteiro foram 497. Um aumento de 4,6%. Além disso, no ano passado duas pessoas morreram e neste ano ainda não houve registro de óbito em decorrência da picada desses animais.
Embora não apareça entre as espécies que mais atacaram pessoas no território gaúcho nos últimos dois anos, a cobra coral é uma habitante conhecida da fauna do RS. Em outubro, uma coral-verdadeira foi capturada no pátio de uma casa no bairro Roselândia, em Novo Hamburgo. Não houve ataque do animal, que foi resgatado pela Diretoria de Proteção Ambiental.
A coral é muito conhecida pela sua aparência: a pele é desenhada por listras que intercalam preto, vermelho e branco, sendo que algumas espécies, geralmente da amazônia, possuem listras amareladas. Medem de 70 a 100 centímetros de comprimento.
O portal do Instituto Butantan explica que essa coloração tem como objetivo alertar aos predadores que ela é bem perigosa. Apesar da característica bem específica, a coral possui dezenas de espécies, mas de forma geral, a população as conhece de duas formas: coral-verdadeira (Micrurus lemniscatus) e a falsa-coral (Erythrolamprus aesculapii).
Semelhanças e diferenças
Segundo o Butantan, a coral-verdadeira é uma das serpentes mais tóxicas do Brasil. O seu veneno ataca diretamente o sistema nervoso. Os primeiros sintomas após a sua picada são dormência no local, visão turva e dificuldade na fala. Com o tempo, o veneno se espalha pelo organismo e o veneno começa a afetar o restante do sistema nervoso, provocando paralisia de músculos importantes, como coração e diafragma (órgão que auxilia na respiração).
No entanto, esse animal tem um comportamento tímido. Geralmente vive escondido entre vegetação rasteira, buracos no chão e debaixo de pedras. Se alimentam de presas alongadas, como lagartos sem patas, cecílias e até de outras cobras. De acordo com o Butantan, apenas em ocasiões raras a coral-verdadeira ataca.
Já a falsa-coral, não é peçonhenta. Ela possui as características físicas da coral-verdadeira como mecanismo de defesa contra possíveis predadores. O zoólogo e professor do curso de Ciências Biológicas da Universidade Feevale, Marcelo Pereira de Barros, explica que as duas serpentes também possuem semelhanças nos hábitos, habitats e comportamentos.
“A principal diferença é que a falsa-coral tem o ventre claro, os anéis não completos. Já nas corais-verdadeiras, o anel dá a volta no corpo inteiro”, esclarece.
O que fazer se encontrar uma coral
A recomendação é para que em caso de se deparar com uma cobra coral não tente fazer a distinção de verdadeira ou falsa. A orientação é para que afaste-se do local e for área urbana, chame autoridades para que possam fazer o resgate do animal.
Em caso de ataque, procure um atendimento médico de forma imediata. Para o caso de picada de coral-verdadeira, o tratamento é feito com soro antielapídico fabricado pelo Instituto Butantan.
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