O Rio Grande do Sul registrou aumento no número de atendimentos médicos por causa ataques de cobras venenosas em 2023. Segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde (SES), em todo o ano de 2022 foram 497 atendimentos em decorrência de picada do animal, enquanto até 4 de dezembro deste ano foram 520. O percentual de diferença é de 4,6%.
Nos últimos meses, o aparecimento de cobras em regiões urbanas, como casas e ruas, tem gerado preocupação na população. Em novembro, agentes do Grupamento de Defesa Civil (GDA) da Guarda Municipal (GCM) de São Leopoldo, no Vale do Sinos, realizaram a captura de uma cobra d’água e de uma cruzeira, nos bairros Feitoria e Arroio da Manteiga, respectivamente. Em nenhuma das ocasiões houve registro de ataques. No entanto, embora a primeira não seja peçonhenta, enquanto o veneno da segunda pode matar uma pessoa, as aparições causou sustos.
Ainda de acordo com o levantamento da SES, no ano passado duas pessoas morreram por causa da picada deste animal. Em 2023, até a data de divulgação dos dados, nenhum óbito havia sido registrado no Estado.
Em 2023, somadas as espécies jararaca e cruzeira foram responsáveis por 497 ataques. Depois, aparecem outros sete ataques de coral verdadeira e dois são de cascavel. Outras espécies peçonhentas, que não especificadas pela SES, foram responsáveis por 14 picadas.
Já em 2022, jararacas e cruzeira somam 480 ataque e duas mortes. Coral verdadeira registros cinco e outros 12 registram são espécimes de víboras não especificadas. Não houve registro de ataque de cascavel neste período.
Por que mais cobras estão aparecendo?
Para o zoólogo Marcelo Pereira de Barros, o aumento do aparecimento de serpentes pela região pode estar relacionado a questões biológicas e climáticas. “Essa época do ano, primavera e verão, é o período que conseguimos observar mais esses bichos. Eles se movimentam mais em função do aumento de temperatura. Muitas espécies de serpentes vão entrar no período reprodutivo agora por causa do aquecimento”, explica o especialista, que também é professor do curso de Ciências Biológicas e da pós-graduação de Qualidade Ambiental na Universidade Feevale.
“Esse ano, em particular, tivemos muitos eventos de chuvas. Foram intensas, e isso mexeu muito com comportamento dos animais. Por exemplo, eles começaram a aparecer mais dentro de casa, começaram a aparecer mais em pátios, porque todas essas áreas que estão sendo alagadas, aos poucos, foram empurrando esses animais”, observa Barros. Segundo o professor, à medida que o clima se recompõe, os animais voltam para os seus locais.
O especialista explica ainda que não existe um levantamento científico que registra a aparição dos animais. No entanto, argumenta que os anos de atuação na área permitem pontuar que as espécies mais comuns no Vale do Sinos são: cobra-verde, cobra d’água, dormideira e coral falsa, que não são venenosas. Já entre as peçonhentas, jararaca, cruzeira e coral verdadeira são as que mais aparecem.
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