Com a presença de amigos, familiares e políticos, Campo Bom se despediu nesta quinta-feira (2) de Claudio Strassburger. O empresário e político marcou a história da região pelo pioneirismo que alavancou a indústria calçadista do Vale do Sinos.
Foto: Eduardo Amaral/GES-Especial
Morto no final da tarde de quarta-feira (1º) no Hospital da Unimed, em Novo Hamburgo, aos 95 anos. O velório foi realizado na Câmara de Vereadores de Campo Bom, cidade onde ele residia e na qual iniciou tanto a carreira empresarial quanto política.
O velório contou com a presença de políticos como a ex-senadora Ana Amélia Lemos (PSD) e o atual secretário da Agricultura do Rio Grande do Sul, Giovane Feltes (MDB). Filiado ao Progressistas até o dia de seu falecimento, Strassburger é considerado como figura central para o partido.
Atual presidente da legenda na cidade, o vereador Alexandre Hoffmeister conta que Strassburger era um conselheiro pessoal. “O Claudio tinha uma sabedoria enorme na política”, afirma o presidente da legenda.
Strassburger construiu sua carreira política ainda na Arena, um dos partidos existentes no Brasil no período da Ditadura Militar. Pela legenda chegou à Câmara dos Deputados, eleito em 1978 e assumiu o cargo em Brasília no ano seguinte.
Logo após tomar posse ele se licenciou do cargo para assumir o cargo de secretário de Indústria e Comércio no Rio Grande do Sul durante a gestão de Sinval Guazelli, cargo que deixaria no mesmo ano, retornando à Câmara.
Com o fim do sistema bipartidário a Arena se dividiu em duas legendas, e Strassburger foi para o PDS, partido pelo qual se elegeu vice-governador em 1982 na chapa encabeçada por Jair Soares. “Um homem capaz, brilhante”, destacou o ex-governador ao saber da morte do colega.
Mesmo com as novas mudanças de nome do PDS, que hoje é o Progressista, Strassburger manteve-se ativo. “Até poucos anos atrás ele tinha uma vida no partido, sempre presente nas reuniões”, relata Hoffmeister.
Exemplo empresarial
A carreira de Strassburger política foi uma consequência do legado empresarial, que foi amplamente destacado pelas autoridades presentes no velório. “É uma perda lamentável, porque é pioneiro na exportação de calçado e graças a ele que o Vale do Sinos sobrevive do calçado, graças a ele ter pego uma mala e sair vender, principalmente na Europa”, destacou o vice-prefeito de Campo Bom Pedro Paulo Gomes.
Gomes diz que o governo municipal já discute possíveis homenagens ao empresário. “Tem nomes que a gente fica pensando que essa pessoa merece (o nome) em uma praça, uma avenida”, avaliou.
Em nota, o presidente da Câmara de Vereadores de Campo Bom, Jerri Moraes, também destacou o legado econômico de Strassburger. “Foi o homem que transformou Campo Bom no Pequeno Gigante do Vale”,resumiu.
Na mesma linha, o deputado estadual Issur Koch se manifestou em relação ao colega de partido. “Sua atuação enquanto empresário e político contribuiu de forma significativa para a formação do setor e, de forma especial, para as exportações e a consolidação do calçado brasileiro no mercado mundial”.
Também deputado estadual pelo Republicanos, o Delegado Zucco se fez presente no velório de Strassburger e destacou o amplo legado deixado por ele. “É um representante nato do nosso Vale do Sinos e do Vale do Paranhana, é uma pessoa que representou o Rio Grande do Sul fora com sua indústria, com seu ímpeto empreendedor. Certamente é um exemplo a ser seguido não só por empresários como por cidadãos aqui do Rio Grande do Sul”.
O velório de Claudio Strassburger durou até aproximadamente às 16h, logo depois o corpo foi levado para a cerimônia de cremação. Nascido no dia 24 de agosto de 1928 em Porto Alegre, ele deixa quatro filhos, sete netos e sete bisnetos.
Pioneirismo
Formado em direito pela PUC-RS em 1955, Claudio Strassburger começou sua trajetória profissional de sucesso no ramo empresarial em 1952, quando fundou a empresa Strassburger & Cia.
O empresário foi o pioneiro na exportação dos calçados gaúchos e o idealizador e primeiro presidente do IBTeC. Em 1961 ele enviou ao exterior as primeiras amostras dos calçados produzidos em sua empresa. Quatro anos depois, em 1965, foi feita a primeira remessa de calçados para a Inglaterra, levando os calçados produzidos no Vale do Sinos para o mundo.
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