CRIME PASSIONAL

CIÚMES DO MARIDO: Mulher é acusada de mandar matar garota de programa em Novo Hamburgo

Vítima foi baleada e sobreviveu, mas um amigo acabou sendo executado por fazer fofoca da relação extraconjugal, em caso que teve júri cancelado pela segunda vez

Publicado em: 18/05/2023 18:26
Última atualização: 26/03/2024 19:47

Uma história que envolve drogas, prostituição, ciúmes e morte já teve dois júris cancelados desde o mês passado em Novo Hamburgo. O último deles nesta terça-feira (16), porque uma advogada não compareceu. A principal acusada é uma mulher de 48 anos. Conforme a Polícia, ela mandou matar uma garota de programa, na véspera do ano-novo de 2017, para vingar relação extraconjugal do marido.


Júri foi cancelado nesta terça-feira e remarcado para 30 de junho no fórum de Novo Hamburgo Foto: Susi Mello/GES-Especial

A prostituta, na época com 40 anos, foi baleada e sobreviveu, mas um amigo dela, Romaldo de Moura Silva, 40, morreu na emboscada. O caso tem outros três acusados, que seriam os executores, entre eles o companheiro da suposta mandante.

O plano de morte, segundo a investigação, não foi somente pela relação que a garota de programa mantinha com o marido da ré. A meretriz admitia publicamente o caso e o amigo Romaldo fazia fofoca sobre os encontros nos bairros Industrial e Santo Afonso, onde todos os envolvidos moravam. Segundo testemunhas, a esposa traída planejou "uma lição" com ajuda do próprio companheiro e vizinhos.

Convite fatal

Segundo o Ministério Público, a estratégia foi atrair a prostituta e Romaldo com um convite de programa sexual e uso de drogas em um motel, na manhã de 31 de dezembro de 2016. Os dois foram encontrados em via pública e aceitaram. Entraram no carro dos matadores, que mudaram o trajeto sob argumento que era melhor ir para um mato, e pararam na Rua Eldorado.

Quando desceu, Romaldo levou vários tiros e caiu morto no dique. A garota de programa correu e foi alvejada nas costas e na mão. Tombou no pátio de uma casa. Os atiradores chegaram a chutá-la no chão, para ver se estava viva, e foram embora porque não se movia. Ela sobreviveu por se fingir de morta. Quase sem forças, pediu ajuda e foi socorrida ao Hospital Municipal. Chegou a fugir da casa de saúde, mas retornou por causa das dores.

As vítimas

AADS - Usuária de crack, a garota de programa disse à Polícia que o atirador é GVAS. Depois não foi mais encontrada para depor em juízo. Hoje com 47 anos, ela também não é localizada para fazer a defesa em processo por tráfico de drogas. No dia 30 de março, foi expedido edital de citação por estar "atualmente em lugar incerto e não sabido, para responder à acusação".

Romaldo de Moura Silva - O amigo executado, de 40 anos na época, estava em liberdade provisória por tráfico. Tinha sido preso no dia 4 do mês anterior e solto em poucas horas.

Os réus

RM - Apontada como mandante e vinculada ao tráfico, a mulher de 48 anos foi definida por uma testemunha como "muito ciumenta e que não admitia que ficassem prostitutas na boca". No interrogatório, negou o crime e disse não saber por que estava sendo acusada. Afirmou que não conhecia as vítimas.

JR - O marido, de 43 anos, fez uso do direito de ficar em silêncio. Ele é réu de outro processo em Novo Hamburgo, pelos crimes de roubo e extorsão.

GVAS - Único réu preso, mas por outro crime, de tráfico de drogas, nega ter atirado nas vítimas. O detento de 24 anos admitiu que estava no carro, mas acusa outro de ter disparado. Não disse, no entanto, quem é.

JM - O interrogatório do acusado de 46 anos é o mais longo e detalhado. Usuário de drogas que já internou várias vezes, declarou que no dia do crime estava "virado" há quase uma semana. Falou que JR e GVAS o convidaram para que os levassem a uma boca de fumo a fim de pegar uma garota de programa com quem costumavam sair. Acrescentou que fazia a corrida com frequência para os dois ao motel, com a mesma mulher, e que em troca recebia droga. Relatou que estranhou quando foi mandado mudar o trajeto e que ficou no carro quando os dois outros acusados desceram com as vítimas para o mato. Descreveu que ouvia "tu vai morrer". Afirmou que foi GVAS quem atirou e acrescentou que, no caminho de volta, levou coronhadas de JM nas costelas porque estava dirigindo mal, por nervosismo.

AZO - O traficante de 32 anos chegou a ser preso preventivamente e, assim como os demais réus, foi solto. É o único que não foi pronunciado a júri, ou seja, sumariamente absolvido do caso, em 2019. Em 2020, foi condenado a cinco anos no regime semiaberto por flagrante de tráfico ocorrido em 2014 na boca de fumo onde os acusados conviviam.

Advogada mandou atestado médico

Estava tudo pronto para o júri começar, às 9 horas desta terça-feira (16), no fórum de Novo Hamburgo. Os acusados já tinham chegado. GVAS, recolhido por tráfico, teve que ser escoltado do presídio. Os jurados, no total de 22 que seriam sorteados para o conselho de sentença de sete membros, assim como testemunhas, aguardavam o início. Mas a ausência da advogada da mandante do crime provocou o cancelamento da sessão.

"Em contato com sua secretária, essa informou que a advogada está com problemas de saúde e não poderá comparecer. Assim, intime-se para que, no prazo de 5 dias, junte atestado, sob pena de multa", despachou a juíza Anna Alice Schuch. A defensora apresentou atestado no mesmo dia. A magistrada redesignou o júri para 30 de junho.

A primeira data era o dia 6 do mês passado. O cancelamento e a remarcação para 16 de maio foram resultado da ausência de GVAS. Recolhido no Instituto Penal de São Leopoldo, tinha fugido, foi recapturado e acabou não sendo levado ao fórum pela Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe).

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