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Cidade da região vira referência mundial em pagamentos com bitcoin no comércio

Município do Vale do Paranhana tem atraído turistas com a prática adotada por 190 estabelecimentos do comércio

Publicado em: 16/02/2024 12:36
Última atualização: 16/02/2024 12:48

Uma forma de pagamento virtual tem atraído turistas de várias cidades do Rio Grande do Sul e de outros estados para conhecerem Rolante, no Vale do Paranhana. Na cidade, é possível efetuar pagamentos no supermercado e na farmácia por meio de bitcoins. Através de um projeto que busca popularizar a moeda eletrônica no comércio, o município recebeu o título de cidade número 1 no mundo na adoção do bitcoin como moeda.


Rolante adota Bitcoin como forma de pagamento no comércio Foto: fotos Laura Rolim/GES-Especial

De acordo com o vice-presidente da Associação do Comércio, Indústria, Serviços e Agropecuária de Rolante e Riozinho, Eduardo Timmen, desde o início, o objetivo era buscar alternativas para aumentar o potencial turístico da cidade. “Vimos essa oportunidade com o bitcoin. Então, começamos a fazer palestras na Acisa para mostrar o projeto e explicar o que é a moeda. A maioria não tinha conhecimento. Um mês depois da primeira palestra já tínhamos 60 pontos que aderiram à campanha”, relembra.

Hoje em dia, Timmen estima que mais de 190 estabelecimentos já estejam cadastrados no projeto. O pagamento funciona da mesma forma que um cartão de crédito, por exemplo, mas ao invés de realizar o pagamento nas bandeiras respectivas, o cliente pode pagar em bitcoin. A maioria acaba não investindo na moeda, é utilizada apenas como uma forma de recebimento.

“O papel da Acisa, hoje, é na conscientização e na segurança de poder aceitar essa criptomoeda sem qualquer tipo de risco”, afirma o vice-presidente. Timmen, que trabalha como contador, conta que também é usuário do modelo de pagamento. “Eu recebo honorários em bitcoin. Esses dias eu paguei o dentista do meu filho em bitcoin”, diz.

Como surgiu a ideia

O projeto, que leva o nome de “Bitcoin é aqui!”, surgiu através da iniciativa de Ricardo Stim, que sempre estudou como funcionava o mercado da moeda eletrônica e decidiu repassar o conhecimento para a comunidade de Rolante. “O principal objetivo era que as pessoas parassem de cair em golpes. Então, para tentarmos atrair o público que tem bitcoin para gastar aqui em Rolante, colocamos a cidade no mapa de comunidades que aceitam nos comércios ”, explica.

Com isso, em 60 dias, Rolante virou a maior comunidade do mundo a utilizar o bitcoin como moeda. “O nosso projeto parte de ensinar a utilizar a tecnologia e usar como meio de pagamento. Quando o pessoal começa a acumular, temos outros grupos que tratam desse tema, para ver questões de investimento e volatilidade”, diz Stim.


Reichert aceita bitcoin Foto: Laura Rolim/GES-Especial

Iniciativa abre portas

A loja Macke Ferragens foi o primeiro estabelecimento a utilizar a moeda como forma de pagamento. O funcionário Edson Reichert, 45, conta que por mais que não tenham muitos volumes de venda, o bitcoin trouxe muitas pessoas de outras cidades para conhecerem de perto como funciona a moeda em Rolante.

“É uma cidade pequena, com bastante turismo, mas pouco conhecida. E o bitcoin está abrindo portas para o turismo. Além do que, esse valor que está entrando, respinga no comércio local. É um dinheiro que entra para a nossa cidade que não entraria se não tivesse essa oportunidade”, analisa.

Reichert estima que cerca de 30 vendas no mês sejam pagas através do bitcoin. “Muitas delas é o pessoal de fora que vem de curioso para ver e querem testar. Aqui em Rolante é possível fazer tudo e pagar em bitcoin”, comenta.


Schmidt adota bitcoin e atrai turistas Foto: Laura Rolim/GES-Especial

Turistas ficam mais tempo

Do setor de hospedagem, a Cabana Bela Vista foi a primeira a receber o pagamento em bitcoin. Carlos Augusto Schimidt, 42, toca o negócio com a família há dois anos e conta que conseguiu atingir um bom público desde que começou a aceitar a modalidade. “Pessoas de vários estados e até fora do Brasil vieram através do bitcoin”, diz.

De acordo com Schimidt, quem visita a cidade acaba se encantando. De outubro até dezembro do ano passado, o proprietário estima que cerca de 15 hospedagens tenham sido pagas com bitcoins. Todos os clientes vindos através do projeto e divulgação. O dinheiro cai na conta na hora e é possível transferir para moeda real.

No entanto, Schimidt conta que aproveita para gastar no comércio local para incentivar os comerciantes. “O turista acaba passando uma semana na cidade para ter a experiência de pagar em bitcoin. Essas pessoas procuram ir no máximo de estabelecimentos possíveis”, comenta.

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