MAIS PESADO PARA O BOLSO

Chocolates para a Páscoa estão mais caros neste ano

Com expectativa positiva, 700 toneladas foram produzidas pelo setor; alta ocupação hoteleira deve marcar o mês de abril

Publicado em: 31/03/2023 03:00
Última atualização: 29/02/2024 08:38

O ovo de Páscoa neste ano está um pouco mais pesado para o bolso dos consumidores em Gramado. Entre os membros da Associação da Indústria e Comércio de Chocolates de Gramado (Achoco), a linha de Páscoa teve um aumento de 10 a 12% em média, chegando até a 15%, a depender do produto. A justificativa é a reposição de preços.

Produção de ovos e coelhos de chocolate para Páscoa em Gramado Foto: Fernanda Fauth/GES-Especial

"Tivemos aumento na folha de pagamento, nos custos de energia, impostos, combustíveis, sem contar a alta da bolsa, do cacau, e os preços de açúcar e leite, que também subiram. Não tivemos aumento de margem de lucro, é somente a reposição dos custos", explica o presidente da Achoco, Augusto Schwingel Luz.

Mesmo assim, conforme Augusto, o aumento está menor do que o praticado por supermercados.

Menos ovos

A diretoria da Achoco conversou com a imprensa em uma reunião na terça-feira, dia 28. Um dos pontos discutidos foi exatamente a competição com os ovos de chocolate vendidos em supermercados.

Augusto, que é CEO da Lugano, e o vice-presidente da entidade, Maurício Brock, que é diretor da Prawer, apontaram que suas fábricas têm a cada ano diminuído a quantidade de ovos produzidos.

Augusto Schwingel Luz, Maurício Brock e Ezequiel Lima Foto: Nicoli Saft/GES-ESPECIAL

"A linha de Páscoa representa para nós 30% do faturamento no período, 70% é produto de linha, barra, bombom, produtos tradicionais", coloca Augusto.

"A produção de Páscoa é cada vez menor. Não temos como concorrer com a grande indústria, nos supermercados, e também nem é nosso objetivo. Mas os preços dos mercados foram uma surpresa, deixa o negócio mais competitivo", acrescenta Maurício.

Entretanto, a menor produção não é unanimidade. O secretário da Achoco e diretor da Chocolate Gramadense, Ezequiel Lima, destaca que a fábrica tem uma boa produção para a Páscoa. "Além do varejo, trabalhamos também com uma linha corporativa, vendemos para empresas e, com isso, conseguimos uma produção boa para nosso tamanho", esclarece.

Empregos

Conforme o diretor executivo da Achoco, João Teixeira, entre lojas e fábricas, são 3 mil pessoas empregadas com carteira assinada pelo setor na cidade. O total de vagas formais no município é cerca de 20 mil, conforme o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

"E ainda muitos dos que estão com contrato temporário para a produção de Páscoa, deverão ser efetivados", afirma o diretor.

"Há ainda os empregos indiretos, os produtos que utilizamos que também tentamos comprar na região", diz Maurício.

Otimismo

Para a Páscoa, estão sendo produzidas 700 toneladas de chocolate em Gramado. Anteriormente, o número divulgado pela Achoco era de 600 toneladas, entretanto, o otimismo frente a uma retomada do turismo fez aumentar ainda mais a produção.

"Em 2020 perdemos totalmente a Páscoa. Em 2021 tivemos apenas um dia de movimento, e em 2022 a sombra da pandemia ainda estava presente. Este ano esperamos ter a retomada integral do evento", pontua o presidente.

No entanto, os números só serão conhecidos após a Semana Santa. Conforme a associação, a quase totalidade das compras da época são feitas na própria semana de Páscoa. Mas a expectativa dos chocolateiros para as vendas são positivas.

Dados da Planne, startup que desenvolve soluções de e-commerce para cerca de 100 empresas de Gramado e Canela, indicam considerável aumento nos gastos dos turistas que visitarão a região neste período de Páscoa.

Na temporada de 2023, o ticket médio em compras antecipadas para atrações é de R$ 621, o que inclui ingressos para parques e reservas em restaurantes temáticos. "A Páscoa de 2023 já tem um ticket médio de compra antecipada 47% acima do último inverno e ainda maior na comparação com a Páscoa do ano passado", explica o CEO da Planne, Gregório Nardini.

Alta ocupação hoteleira

Com a chegada de abril, que terá dois feriadões ao longo do mês, a expectativa é de alta ocupação nos hotéis de Gramado e Canela. Segundo dados coletados pela Flui Hoteleira, através da OTA Insight, empresa de inteligência de negócios de hospitalidade, a demanda entre os hotéis da região para os dias de Páscoa (6 a 8) e Tiradentes (21 a 23) é 100% maior do que para os demais finais de semana de abril.

Os dados da OTA Insight também mostram aumento na diária média para os próximos 30 dias. Na metade de março, este valor teve queda de 8% comparado com o começo do mês, mas nesta última semana houve um crescimento em cerca de 5%, especialmente nas diárias dos feriadões de abril.

"O turista voltou a ter sensibilidade ao preço e a fazer reservas de última hora, o que não era comum nos dois anos de pandemia", comenta Elis Zilli, diretora da Flui Hotelaria, empresa que presta consultoria para hotéis e pousadas na região de Gramado e Canela.

Segundo Elis, os empreendimentos que fizeram pequenos ajustes de tarifas, com análises constantes de mercado, estão conseguindo elevar os preços das diárias sem perder em ocupação.

"Neste cenário, as empresas de hospedagem com marketing estruturado, que entregam valor agregado na estadia, são as que possuem mais chances de efetuar vendas antecipadas", frisa.

Gostou desta matéria? Compartilhe!
Matérias Relacionadas